Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho Remoto
Por: lucaslmir • 20/10/2021 • Monografia • 6.454 Palavras (26 Páginas) • 157 Visualizações
Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho Remoto
Natália Rodrigues Netto – engnatalia_rn@hotmail.com
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 07 de outubro de 2021
Resumo
O objeto deste artigo é refletir sobre os riscos de transtornos mentais relacionados ao home office durante a pandemia. A questão tratada pelo artigo é se o modelo de trabalho home office é mais seguro para o trabalhador em relação às doenças mentais. Com o objetivo de discutir os riscos do trabalho remoto relacionados e não relacionados à pandemia de COVID-19. Foi realizada uma revisão bibliográfica, que analisou qualitativamente os transtornos mentais, suas causas, e as características do home office, em especial na pandemia que ocorreram na pandemia, para analisar se o trabalho remoto pode promover doenças mentais. Os materiais examinados foram livros e portais especializados, sobre doenças mentais. E também pesquisas feitas com trabalhadores remotos sobre suas ponderações acerca dessa modalidade de trabalho. Foram analisadas pesquisas e estudos de casos anteriores e durante a pandemia, com trabalhadores do Brasil e do mundo, para comparar quais problemas são independentes e quais são relacionados à pandemia. Resultados encontrados indicam que o modelo de trabalho remoto pode ser bastante recompensador para o trabalhador que opta por ele. Porém, a pandemia alavancou problemas crônicos dessa modalidade, como solidão, excesso de autocobrança, inseguranças e medo de mudanças compulsórias. Que são fatores que geram sofrimento psicológico e doenças mentais. Conclui-se que organizações que optem por home office devem se preparar para proteger os seus funcionários de transtornos mentais.
Palavras-chave: Home Office. Transtornos Mentais. Burnout. Trabalho Remoto.
1. Introdução
Em 31 de dezembro de 2019 a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada para a existência de uma pneumonia, até então, de causa desconhecida que estava circulando na província de Wuhan. Causada por um novo tipo de coronavírus, este foi denominado de SARS-CoV-2 em 11 de fevereiro de 2020. Logo após, em 30 de janeiro de 2020 a OMS declarou que o surto desta doença era uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Que significa o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Posteriormente, em 11 de março do mesmo ano o surto foi elevado para o grau de pandemia (OPAS, 2020a).
No Brasil o surto de COVID-19 teve início em 26 de fevereiro de 2020, após a confirmação de que um homem de 61 anos de São Paulo, com histórico de viagem para Itália, testou positivo para o SARS-CoV-2, e deu entrada no Hospital Albert Einstein no dia anterior (BRASIL, 2020a). Logo após, em 20 de março, o Ministério da Saúde declara que reconhece a transmissão comunitária do SARS-CoV-2 em todo o território nacional (VALENTE, 2020). Assim, a declaração dá ao Ministério da Saúde autoridade diante de todos os gestores nacionais, que devem adotar as orientações de medidas que promovam distanciamento social e evitem aglomerações a fim de evitar, ou minimizar, transmissões.
Desde então, a crise da saúde se agravou intensamente. Foram confirmados mais de 20 milhões de casos de COVID-19 no Brasil, até o final de julho de 2021. E houve mais de 550 mil óbitos notificados causados pela doença neste período (BRASIL 2020b). Tais números trouxeram um estresse muito grande para o sistema de saúde no país. Segundo a Oxfam Brasil (2020), hospitais lotados e fila de espera para ocupação de leitos saturados de UTI, se tornaram um problema comum. Principalmente quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Que apesar de ser um dos maiores sistemas públicos de saúde, possui um histórico de recursos escassos e mal geridos. E por isso, não estava preparado para enfrentar uma pandemia, segundo os mesmos autores. Na esfera da economia, o país também passou por várias adversidades.
Para conter o avanço da doença, que se espalha pelo ar, é necessário distanciamento social (ROMANOV, 2020). Assim, os lockdowns necessários para conter o avanço da doença, também causam efeitos que dificultam toda a cadeia produtiva, no Brasil e no mundo. Anteriormente, no início de 2020, as expectativas para o crescimento econômico eram bastante otimistas. Todavia, as projeções foram ficando cada vez mais negativas com a chegada da pandemia e aumento dos números de casos confirmados e óbitos. Segundo Nogueira (2021) podemos citar alguns destes efeitos no primeiro ano da pandemia tais como: queda de 4,1% no PIB brasileiro; queda na arrecadação; dívida pública por volta de 90% do PIB; inflação acima da meta do Banco Central; aumento de juros.
Entretanto, a vida precisa continuar, e assim, a sociedade está passando por um momento de transformação. Isso para readequar as rotinas em vista de que estas façam mais sentido com este cenário vigente. Todo o período de confinamento e a retomada gradual das atividades econômicas trouxeram toda uma gama de novos padrões de comportamento. E aceleraram de forma escalada outras condutas que já eram tendência anteriormente a pandemia (TAWIL, 2020). Este fenômeno ficou conhecido como “novo normal”.
Medidas de segurança como álcool-gel, barreiras de acrílico para atendimento, tapetes sanitizantes, termômetros infravermelhos, distanciamento seguro, limite de pessoal e clientes são alguns exemplos de mudanças que as empresas precisam adotar para manter seus negócios ativos (MONTEIRO et al., 2020). Mesmo assim, ainda não é o ideal. O vírus ainda circula, e exigiu novas formas de trabalhar e acelerou tendências.
Desta forma os escritórios estão cada vez mais digitalizados. Reuniões estão acontecendo por videoconferência, o trabalhador pode operar de casa e agora é responsável por suas metas e horários. Logo, Home Office se tornou uma tendência mundial e uma palavra comum no Brasil (MONTINI, 2020). Traduzido significa escritório em casa, também chamado de trabalho remoto, ou trabalho a distância. Trata-se de permitir que o trabalhador desempenhe suas funções de qualquer lugar. Desde que este tenha acesso a ferramentas como computador, telefone e conexão com internet (CATHO, 2020). Essas mudanças foram impostas pela pandemia, sendo que inicialmente 65% das empresas nacionais e familiares não queriam aderir o Home Office, mas 80% dos gestores aprovaram a nova modalidade de trabalho, após a experiência, segundo Castro (2020).
...