INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL
Por: Rafael77 • 29/6/2016 • Artigo • 3.020 Palavras (13 Páginas) • 424 Visualizações
INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL
Daniel Santos
Rafael Maia
Tiago Santos
RESUMO
O estudo a seguir tem como principal objetivo a contextualização da inclusão digital no Brasil, abordando as diferenças de conhecimento tecnológico na sociedade brasileira, a importância do conhecimento em tempos de informações compartilhadas, a influência que a comunicação através da tecnologia exerce entre as comunidades e a apresentação dos principais casos de projetos bem sucedidos que surgem das boas práticas de parcerias entre diferentes empresas do setor privado, das diversas comunidades carentes de diferentes regiões do Brasil e dos órgãos públicos incentivadores. Destacam-se nesta busca os resultados positivos obtidos pelos agentes participantes, as metodologias empregadas em cada caso e a extrema importância dos projetos em questão para a inclusão dos beneficiados no contexto social e econômico em geral. O presente artigo tem como base a pesquisa bibliográfica de trabalhos acadêmicos e as documentações obtidas através de portais virtuais das próprias empresas envolvidas. Espera-se com este texto, evidenciar a defasagem no quadro tecnológico atual em comunidades carentes e difundir a importância do empoderamento das novas tecnologias como preceito básico de socialização e educação para todos os grupos de minorias, que ainda sofrem com a exclusão digital no país, além de apresentar métodos bastante confiáveis para aplicação de soluções que visam à diminuição da desigualdade social.
1 INTRODUÇÃO
Em uma época em que a informação se torna cada vez mais acessível e compartilhada através da rede mundial de computadores, muitos hábitos da nossa sociedade vêm sofrendo transformações. Práticas rotineiras como fazer compras, efetuar pagamentos, consultar e acessar documentos e a própria maneira de se comunicar entre as pessoas estão sendo afetadas pelas inovações tecnológicas. Para Manuel Castells (2001: 269), “o desenvolvimento sem a Internet seria o equivalente a industrialização sem eletricidade na era industrial”.
O empoderamento tecnológico passou a ser cada vez mais requisito básico para qualquer tipo de prática, seja no âmbito pessoal ou profissional. Contudo, é salutar ressaltar que uma parcela da nossa população vive a margem desta evolução. Citamos como exemplo as comunidades de baixa renda, de regiões remotas e de diferentes culturas e etnias onde o acesso à informação é inexistente ou quase nulo, formando assim uma parcela excluída digitalmente.
A informática, em suas diversas manifestações, torna-se uma ferramenta de persuasão tão ou mais poderosa que a filosofia de um grande pensador radical. Sendo assim, passa a oferecer uma vasta gama de alternativas aos inovadores. A grande questão que persiste em relação às novas tecnologias é se as mesmas serão empregadas de forma democrática, ou seja, lentamente através da educação pública tornando-se assim acessível a todos, ou como mostra o histórico da maioria das coisas, que geralmente favorece primeiro os ricos e poderosos (PAPERT, 1994).
O estudo a seguir apresenta a seguinte problemática de pesquisa: Quais as principais práticas para a inclusão digital no Brasil? Sendo assim, o objetivo geral tende a esclarecer a importância da inclusão digital como ferramenta de socialização e elencar as principais práticas para inclusão digital no Brasil, identificando os projetos sociais voltados ao contexto escolar de crianças e jovens carentes. Descrever como os projetos estão sendo desenvolvidos nas escolas públicas, demonstrando os resultados obtidos com tais projetos de inclusão social, expondo assim os principais agentes participantes e classificando a sua atuação em cada um deles.
Desta forma, a seguinte pesquisa apresentará a forma como as empresas estão agindo para diminuir o índice da exclusão digital no Brasil, destacando a importância do desenvolvimento de projetos que venham a inserir as comunidades carentes na era digital.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste artigo, são tratados os conceitos de inclusão digital como ferramenta de inclusão social, o papel do governo como incentivador e fiscalizador dos projetos de inclusão digital e os principais casos de sucesso, oriundos de parcerias entre empresas privadas, órgãos governamentais e as comunidades carentes.
2.1 INCLUSÃO DIGITAL COMO MECANISMO DE INCLUSÃO SOCIAL
Um dos grandes desafios da nossa atualidade é a inclusão social que por razões históricas gerou grande desigualdade quanto à distribuição de bens, acesso à tecnologias e desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico. A inclusão social pode ser interpretada como proporcionar oportunidade e condições de acesso à fatia da sociedade menos favorecida que possuem recursos econômicos muito abaixo da média dos brasileiros. Uma das concepções da inclusão social é proporcionar a cada cidadão a oportunidade de alcançar conhecimento básico sobre ciência e suas funcionalidades para assim ampliar as oportunidades no mercado de trabalho (MOREIRA, 2016).
Muitas pessoas, e até mesmo as autoridades, podem achar que inclusão digital se trata de fazer chegar as comunidades mais carentes um computador, mas um equipamento tecnológico sem o seu devido conhecimento nada mais é que um passatempo nas mãos de uma criança ou adulto. Incluir digitalmente é além de alfabetizar, é incluir socialmente, é fazer com que o conhecimento adquirido possa trazer melhorias para o seu quadro econômico-social. Conforme destaca Teixeira e Marcon (2009), ao postular que inclusão digital não significa o simples acesso ao computador ou à internet, tampouco a reprodução de cursos de cunho profissionalizante, mas, sim, na proposta de atividades que considerem os recursos das novas tecnologias como fomentadores de autonomia e protagonismo. Dessa forma, a inclusão digital aponta para uma dimensão que privilegia a forma de acesso, não somente o acesso em si, e que tem como base e finalidade a construção e a vivência de uma cultura de rede como elementos fundamentais para o exercício da cidadania na sociedade contemporânea.
Conforme quadro 1 abaixo, referente a pesquisa realizada em 2010 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foi possível observar a grande desigualdade de acesso ao computador e à internet. Podemos notar que a parte que possui um maior ranking de acesso está nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste seguidos das regiões Norte e Nordeste com um menor fluxo de acesso às tecnologias.
Quadro 1 - Ranking de Acesso por Unidades da Federação
Ranking de Acesso por Unidades da Federação | |||||
Computador e Internet no Domicílio (%) | |||||
|
| Computador |
|
| Computador com Internet |
1 | Distrito Federal | 66.48 | 1 | Distrito Federal | 58.69 |
2 | São Paulo | 56.90 | 2 | São Paulo | 48.22 |
3 | Santa Catarina | 54.03 | 3 | Rio de Janeiro | 43.91 |
4 | Rio de Janeiro | 52.82 | 4 | Santa Catarina | 41.66 |
5 | Paraná | 48.96 | 5 | Paraná | 38.71 |
6 | Rio Grande do Sul | 48.14 | 6 | Rio Grande do Sul | 36.76 |
7 | Espírito Santo | 44.44 | 7 | Espírito Santo | 36.76 |
8 | Minas Gerais | 41.62 | 8 | Minas Gerais | 32.64 |
9 | Mato Grosso do Sul | 38.42 | 9 | Mato Grosso do Sul | 30.72 |
10 | Goiás | 37.31 | 10 | Mato Grosso | 28.92 |
11 | Mato Grosso | 37.00 | 11 | Goiás | 28.90 |
12 | Rondônia | 31.67 | 12 | Rondônia | 24.88 |
13 | Amapá | 28.64 | 13 | Rio Grande do Norte | 22.07 |
14 | Roraima | 28.50 | 14 | Bahia | 21.30 |
15 | Amazonas | 27.95 | 15 | Pernambuco | 21.28 |
16 | Rio Grande do Norte | 27.90 | 16 | Sergipe | 21.27 |
17 | Sergipe | 27.28 | 17 | Acre | 21.13 |
18 | Acre | 26.93 | 18 | Paraíba | 19.45 |
19 | Pernambuco | 26.37 | 19 | Roraima | 18.94 |
20 | Bahia | 25.62 | 20 | Amapá | 18.01 |
21 | Paraíba | 24.04 | 21 | Amazonas | 17.53 |
22 | Tocantins | 23.74 | 22 | Alagoas | 17.42 |
23 | Alagoas | 22.18 | 23 | Tocantins | 17.21 |
24 | Ceará | 21.01 | 24 | Ceará | 16.25 |
25 | Pará | 20.53 | 25 | Pará | 13.75 |
26 | Piauí | 17.39 | 26 | Piauí | 12.87 |
27 | Maranhão | 15.16 | 27 | Maranhão | 10.98 |
Fonte: CPS/FGV
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