A Apostila Farmácia
Por: Glaucia Marques • 23/4/2019 • Trabalho acadêmico • 651 Palavras (3 Páginas) • 253 Visualizações
O aumento do consumo de água associado à má gestão dos corpos hídricos e à poluição destes afetam ainda mais a disponibilidade desse bem (JIANG, 2009). Estudos projetam que por volta de 2050 a demanda de água crescerá em mais de 40% e que, por volta de 2025, dois terços da população mundial poderá viver em condições as quais o fornecimento de água tratada será bem inferior à demanda (ROSS, 2018).
Acredita-se, também, que as mudanças climáticas tenham severos impactos nas reservas de água, sejam elas superficiais ou subterrâneas. Diminuição do volume de corpos hídricos superficiais, intrusão salina em águas de substrato, aumento da temperatura e da evapotranspiração, assim como o aumento da frequência de fenômenos extremos, como enchentes e secas, são alguns dos problemas relacionados às mudanças climáticas, que afetam o ciclo hidrológico e a disponibilidade de água (GOHAR et al., 2018; ROCK et al., 2018).
A escassez de água é um dos desafios atuais para o desenvolvimento de diversas regiões no mundo, de modo que uma boa gestão dos recursos hídricos se torna uma prioridade nas políticas governamentais, para que, assim, se atinja um uso sustentável de água com a quantidade e a qualidade exigidas para suas diferentes aplicações, principalmente nas regiões mais vulneráveis hidricamente, como é o caso das zonas áridas e semiáridas (MORSY et al., 2018; TORTAJADA et al., 2018). Em tais locais, devido a características naturais, as pressões sob o uso das reservas hídricas recaem, comumente, sob as águas subterrâneas (ABIYE et al., 2018; HAMDI et al., 2018).
Água subterrânea é toda aquela ocorrendo abaixo da superfície terrestre, armazenada em rochas, depósitos sedimentares ou em fraturas, falhas e fissuras de rochas cristalinas. Elas encontram-se, naturalmente, em situação de equilíbrio de carga e descarga, através da infiltração de águas de chuvas e de conexões a rios, lagos e outros corpos d’água, participando, assim, do ciclo hidrológico, sendo de extrema importância para a “perenização natural” de rios em períodos de estiagem (USGS, 2008; SIEBERT et al., 2010).
O padrão litológico dos aquíferos onde se encontram as águas influencia o processo de acumulação, fornecimento e qualidade destas. Apresentando altas taxas de permeabilidade, o domínio sedimentar é caracterizado por ótimas condições de armazenamento, de fornecimento e de qualidade de água. Por outro lado, o domínio cristalino depende de fraturas e falhas nas rochas para garantir o armazenamento de água, o que se traduz em menor vazão de armazenamento e fornecimento, além de uma qualidade, geralmente, inferior (VSEVOLOZHSKY, 2003; CPRM, 2003). Ademais, a qualidade das águas subterrâneas tem estreita relação com os meios por onde elas se infiltram, com o tipo de rocha com a qual elas mantêm interação nos aquíferos, com o tempo de residência no aquífero e com produtos de atividades antropogênicas com os quais as águas subterrâneas mantém contato (WU et al., 2018; KHANORANGA et al., 2018).
A partir do século vinte, o uso das águas subterrâneas se intensificou. Crescimento populacional, progresso científico e tecnológico e uso na agricultura são alguns fatores responsáveis pelo maior foco mundial nesse recurso (UNESCO, 2012). Globalmente, estima-se que as água de substrato contribuem com 20% das águas utilizadas em irrigação, com 40% das águas utilizadas por indústrias e com 50% das águas utilizadas no abastecimento público (SIEBERT et al, 2010).
Apesar dos benefícios e aportes econômicos vinculados ao uso dos aquíferos, a exploração das águas subterrâneas traz consequências concernentes à sua qualidade e quantidade. Foi verificada a diminuição do nível de água em diversos aquíferos por todo o mundo, as taxas de descarga estão muito superiores às de recarga. A salinização das águas de substrato é um problema emergente e que pode estar ligado a superexploração dos aquíferos e diminuição do nível de água dos mesmos. Saneamento deficiente, disposição inadequada de rejeitos, uso de produtos químicos no solo e mineração são outros fatores interferem na qualidade das águas subterrâneas (UNESCO, 2012; MUSOLFF, 2009; SALIFU et al, 2013; WADA, 2010).
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