A Célula Unitária
Por: Luciana Farias • 27/9/2021 • Seminário • 1.199 Palavras (5 Páginas) • 232 Visualizações
Universidade de São Paulo Instituto de Química de São Carlos Departamento de Química e Física Molecular
Célula Unitária e
14 Retículos de Bravais
SQM 409 - Cristalografia
Prof. Dr. Maria Teresa do Prado Gambardella
Cristais e Célula Unitária
A principal característica de um cristal é a repetição periódica de íons, átomos ou moléculas no espaço, ou seja, em três dimensões.
Robert Hooke foi o primeiro a sugerir que a regularidade da aparência externa de um cristal era a um reflexo de um alto grau de regularidade interna, em 1664.
Nicolaus Steno em 1671 observou que a variação na forma de cristais de uma mesma substância não está relacionada com a variação de estrutura interna, mas sim com o fato de algumas direções de crescimento se desenvolvem mais que as outras. A Lei de Steno diz que apesar das formas geométricas das faces do cristal serem alteradas pelo crescimento irregular, os ângulos entre as faces de determinada forma tendem a permanecer iguais. A constância dos ângulos interfaciais reflete a ordem interna.
A célula unitária é a menor unidade que permite descrever a estrutura completa pela sua repetição no espaço.
De acordo com a disposição espacial dos pontos reticulares as células unitárias podem ser:
P — célula unitária primitiva, ou simples: todos os pontos reticulares estão localizados nos vértices do paralelepípedo que constitui a célula;
F — célula unitária centrada nas faces, apresenta pontos reticulares no centro das faces além dos localizados nos vértices;
A, B ou C – célula unitária centrada em uma das faces: apresentam pontos reticulares nos vértices e no centro em uma das faces. São designadas pelas letras A, B ou C, conforme as faces que contêm os pontos reticulares;
I — célula unitária centrada no corpo: apresenta além dos pontos que determinam os vértices, um ponto reticular no centro da célula.
Para pode entender os retículos cristalinos analisaremos como se formam a partir de translações em uma, duas e três dimensões.
Retículo Linear
No retículo linear os pontos estão arranjados de modo periódico, linear e equi-espaçados (Figura 1)
[pic 1]
Figura 1. Reticulo linear.
O retículo linear possui apenas uma variável que é a translação t1.
Retículo Plano ou Rede
No retículo plano ou rede bidimensional os pontos também estão arranjados de modo periódico propagando-se em duas direções (Figura 2).
[pic 2]
Figura 2. Retículo plano.
Neste caso temos três variáveis: as translações, t1 e t2, e o ângulo entre elas, γ.
Imaginemos que uma translação t1 cria uma rede linear e esta através de uma translação t2 dará origem à rede plana.
Existem cinco tipos de rede plana possíveis:
São elas:
Rede Oblíqua: t1 ≠ t2 e γ ≠ 90o
[pic 3]
Rede Retangular: t1 ≠ t2 e γ = 90o
[pic 4]
Rede Retangular Centrada: t1 ≠ t2 e γ = 90o; cos γ’ = t1/2t2
[pic 5]
Rede Quadrada: t1 = t2 e γ = 90o
[pic 6]
Rede Hexagonal: t1 = t2 e γ = 60o
[pic 7]
Retículo Espacial
No retículo espacial os pontos também estão arranjados de modo periódico propagando-se em três direções (Figura 3).
[pic 8]
Figura 3. Retículo espacial.
A rede espacial pode ser vista como o empilhamento de redes planas através uma translação t3 criando como unidade repetitiva o retículo espacial ou célula unitária. Temos então seis variáveis t1, t2, t3, α, β e γ.
Há apenas catorze formas de célula unitária que podem ser empilhadas para formar os sistemas cristalinos no espaço tridimensional. Elas são conhecidas como “14 Retículos de Bravais”, por terem sido demonstradas em 1848 por Auguste Bravais.
Sistema Cúbico
O empilhamento de redes quadradas (t1 = t2 e γ = 90o) com t3 = t1 = t2 e α
= β = 90o, gera células unitárias compatíveis com o sistema cúbico (a=b = c e α
= β = γ = 90o).
As Figuras 4, 5 e 6 mostram as células P, I e F respectivamente.
[pic 9]
Figura 4. Retículo primitivo (P).
[pic 10]
Figura 5. Retículo centrado no corpo (I).
[pic 11]
Figura 6. Retículo centrado nas faces (F).
Celas do tipo A, B ou C (centradas em uma só face) são proibidas no sistema cúbico pela presença do eixo de ordem 3 na diagonal de corpo, que relaciona as faces A, B e C (Figura 7).
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