A Diversidade Cultural
Por: IaraLuciene • 2/6/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 927 Palavras (4 Páginas) • 250 Visualizações
Diversidade Cultural, educação e a questão indígena
A questão da Diversidade Cultural é de extrema relevância para o mundo de hoje e, em particular, para o Brasil. Às vezes, falamos muito facilmente da diversidade, mas com pouca responsabilidade sobre as consequências.
Muitas pessoas defendem a Diversidade Cultural, mas pouco se faz para que essa diversidade efetivamente faça parte do exercício diário da nossa vida no mundo, que tem a ver com nosso comportamento, atitudes e formas de relacionamento. Os direitos adquiridos com a constituição de 1988, no caso dos povos indígenas, são muito claros, fortes, e profundos. Mas quase todo mundo se esquece de que esses direitos não podem ser apenas guardados no papel, sem uma mudança de atitude e de comportamento da sociedade.
Existe um dilema brasileiro no campo da Diversidade Cultural, especificamente em relação aos povos indígenas onde, muitos representantes de Governo fazem a propaganda de que o Brasil é um país democrático, um país pluriétnico, que respeita os direitos humanos e os direitos das minorias, porque existem vários instrumentos legais normativos, que garantem isso, mas, na prática, pouca coisa tem mudado para dar efetividade ao reconhecimento e garantia desses direitos. No caso específico dos povos indígenas, o que pesa é a prática histórica, que insiste pela invisibilidade dessas coletividades. É como se, no imaginário coletivo das pessoas, os povos indígenas existissem, mas não enquanto sujeitos e atores políticos dessa diversidade.
Outro aspecto que pode ser entendido como relevante da Diversidade Cultural é a aparência física distintiva. Às vezes criamos um imaginário muito restritivo a alguns aspectos como a fisionomia, que expressa um determinado segmento étnico cultural. É assim que vemos a grande mídia, como a televisão, considerar e apresentar como padrão cultural indígena, as características físicas de indivíduos ou grupos indígenas quando se ignora que mesmo entre os diversos grupos indígenas as diferenças físicas e culturais são tão diferentes.
Por que isso é forte no caso da realidade indígena no Brasil? Porque tendemos a homogeneizar e universalizar um determinado fenótipo de grupos sociais que se aparentam e são chamados índios. Na verdade, existem hoje, no Brasil, 223 povos indígenas e um povo diferente do outro. Por que é diferente? Porque cada povo tem sua língua própria, têm suas tradições próprias, sua mitologia própria, sua cosmologia própria, que se distinguem das demais. Quando entramos no campo das políticas públicas, toda essa diversidade cai por terra, porque temos políticas totalmente monolíticas. As políticas são pensadas como se todo cidadão brasileiro falasse a mesma língua, comesse a mesma comida e assim por diante.
Com isso, vivemos, praticamente três desafios para alcançar uma maior harmonia, um maior respeito efetivo dessa diversidade tão rica. Como é que se pode trabalhar socialmente essa diversidade? O próximo passo a ser dado é sair dessa situação de tolerância para uma convivência mais partilhada da diversidade. Porque uma coisa é tolerar alguém; outra coisa é conseguir compartilhar modos de pensar, valores, conhecimentos e assim por diante. Quando aceitamos afirmativamente essa diversidade, como é que se pode valorizá-la na prática do dia-a-dia? Isso está ligado às formas de pensar, de conhecimento, de valor. Acho que para a sociedade moderna é muito mais difícil na medida em que a tendência é sempre criar padrões. Os povos indígenas, tem que enfrentar uma sociedade que de certa maneira impõe padrões, que vão da alimentação à língua. Eles tem dificuldades nesse campo do desenvolvimento humano, porque todos os conceitos trabalhados nessa linha, como pobreza, fome e riqueza, tudo isso são conceitos que geralmente nem se enquadram nas suas formas de pensar, mas, sobretudo, em seu modo de viver. O que estamos fazendo, no campo do indigenismo brasileiro, para amenizar esse conflito ou essa desvantagem e desigualdade, na correlação de forças? Em primeiro lugar, existem algumas experiências que tentam minimizar essa situação como por exemplo, a educação intercultural, que é uma tentativa de equilibrar isso, por meio da escola, trazendo elementos de várias culturas, como conhecimentos, valores e tradições. Hoje existem também várias experiências em termos de intercâmbios entre escolas. São escolas indígenas que fazem intercâmbio com escolas não-indígenas mais próximas ou mesmo de outras regiões do Estado ou do País.
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