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A Reciclagem de pneus para aplicação na indústria da construção civil

Por:   •  2/12/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.384 Palavras (6 Páginas)  •  317 Visualizações

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Reciclagem de pneus para aplicação na indústria da construção civil

1Pós-graduando em Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – João Pessoa (PB), Brasil

  1. INTRODUÇÃO

Quando não tratados de forma adequada, os pneus inservíveis se tornam um perigoso passivo ambiental, provocando sérios danos ao meio ambiente, à sociedade e à saúde pública. A produção brasileira de pneus foi iniciada em 1934, quando foi implantado o Plano Geral de Viação Nacional. Segundo o Compromisso Empresarial para a Reciclagem[1], os pneus e câmaras de ar consumiam cerca de 70% da produção nacional de borracha no ano de 1999. No ano de 2007, a indústria brasileira de pneus produziu um total de 61,3 milhões de unidades, avaliadas em R$ 9 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística[2]. Sendo que, desse total, 53,8 milhões de unidades foram produzidas pelas 8 empresas associadas à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, representando assim o montante de 87% da produção total brasileira, segundo a ANIP[3].

A cada dia, pneus sem condições de rodagem são descartados no mundo e depositados em lixões, aterros, rios e terrenos baldios. Tais materiais estão na lista de insumos recicláveis, que podem ser usados em diversas atividades da construção civil, com o objetivo principal de reaproveitá-los a fim de mitigar os impactos ambientais provenientes de sua fabricação.

Os pneus ocupam muito espaço, por ser de difícil compactação e, quando queimados a céu aberto, emitir poluentes do ar. Eles precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e a proliferação de insetos, como os transmissores da dengue (Aedes Aegypti) e da febre amarela urbana, doenças que ainda não foram erradicadas no Brasil, de acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem[1].

         Além de contribuir para a poluição do ar, devido aos gases tóxicos, como o dióxido de enxofre, a combustão dos pneus polui os solos, pois, para cada pneu queimado, são liberados, em média, 10 litros de óleo, que desce até os lençóis freáticos, contaminando a água do subsolo, por isso, conforme Freitas[4], o pneu inservível é um resíduo que deve ser gerido corretamente até sua disposição final. Segundo Cimino e Baldochi[5], os pneus também reduzem a vida útil dos aterros sanitários, por apresentarem baixa compressibilidade.

Hodiernamente, a maioria dos pneus é feita de 15% de borracha natural (látex), 70% de petróleo (borracha sintética) e 15% de aço e tecidos (tipo lona), que fortalecem sua estrutura, objetivando atribuir-lhe as características necessárias ao seu desempenho e segurança. No que tange à classificação ambiental, trata-se de produto não biodegradável, de acordo com Lund[6].

Estudos realizados pela Agência Ambiental Inglesa[7] mostram que são fabricados cerca de um bilhão de pneus a cada ano em todo o mundo. Segundo essa pesquisa, o ciclo de vida de um pneu está diretamente relacionado com o local onde é produzido, com o processo utilizado para sua fabricação, com o modo como é utilizado e com a forma de descarte do pneu usado. Para a fabricação de um único pneu, grandes quantidades de materiais precisam ser processadas, demandando uma enorme quantia de energia.

Fioriti[8] afirma que em países desenvolvidos como os Estados Unidos, pioneiro em estudos e na aplicação de resíduos de pneus na construção civil, é proibido depositar pneus inteiros em aterros. Há, ainda, estados que permitem a estocagem de pneus sem enterrá-los, regidos por normas rigorosas que regulamentam esses depósitos. Além disso, existem incentivos fiscais federais e estaduais para o desenvolvimento de novas alternativas de uso. No Brasil, apesar de existir legislação específica para esse controle, é escassa a fiscalização da disposição final dos pneus.

De acordo com Bertollo e colaboradores[9], são poucas as cidades que mantêm um controle dos pneus coletados e estocados, a exemplo de Sorocaba e Piracicaba, onde é realizada a utilização do material no controle da erosão.  

Conforme Long[10], existem aplicações em sua forma inteira ou cortados e triturados. Quando inteiros, os pneus podem ser aplicados em obras de contenção, nas margens de rios para evitar desmoronamentos, como recifes artificiais, na construção de quebra-mares, como equipamentos para parques infantis, no controle da erosão, como combustível em fábricas, em fornos de cimento e em usinas termelétricas. Quando cortados e triturados, são submetidos a operações de separação dos diferentes materiais que o compõem. A borracha que se obtém através destes processos terá diversas aplicações, como: em misturas asfálticas, agregado em concretos ou argamassas, em revestimentos de quadras e pistas de esporte, na fabricação de tapetes automotivos, adesivos e mantas.

Diante dos exemplos supra-citados, não se pode negar que a construção civil é a indústria em que os pneus inservíveis podem ser reutilizados eficientemente, tanto inteiros quanto triturados, utilizando as fibras restantes do processo de recauchutagem.

         De acordo com Cincotto[11], as pesquisas internacionais relacionadas ao reaproveitamento de materiais na construção civil tiveram início a partir de 1968, com estudos sobre o desenvolvimento de métodos de recuperação de materiais e energia, voltados para os resíduos de demolição, visando promover o seu uso mais econômico na construção de rodovias. Como um dos principais focos das empresas é a redução de custos, as construtoras estão aliando as novas formas de economizar, preconizadas pelos métodos de qualidade, à reciclagem de resíduos de baixo custo.

A reciclagem de pneus pela indústria da construção civil consolida-se como uma prática importante para a sustentabilidade, seja atenuando o impacto ambiental gerado pelo setor ou reduzindo os custos, segundo John[12].

Em um estudo realizado com pneus triturados e misturados à argamassa, feito por Accetti e Pinheiro[13], os resíduos de borracha atuam como obstáculos ao desenvolvimento de fissuras nas paredes, frequentemente observáveis em construções sem essas preparações. Ao interceptarem as microfissuras que surgem durante o endurecimento da pasta de argamassa, eles impedem sua progressão e evitam o seu aparecimento prematuro. Na mistura endurecida, eles também limitam o comprimento e a abertura das fissuras, como um dos exemplos dos benefícios da utilização dos resíduos de pneus na construção civil.

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