Quantificação de Açúcares Provenientes da Atividade Enzimática da Celobiohidrolase
Por: JFSantos80 • 22/11/2020 • Projeto de pesquisa • 1.548 Palavras (7 Páginas) • 162 Visualizações
1. Introdução
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar respondendo por
21% do mercado, e de acordo com dados recentes da safra de 2011/2012 a
área estimada total colhida corresponde a 8.368,0 mil hectares, a produtividade
56,7 toneladas/ha e a produção 560.993,8 mil toneladas. A cana-de-açúcar é
produzida em grande parte do país, sendo 61,8% no estado de São Paulo
(MAPA – Secretaria de Produção e Agroenergia, 2012).
A produção de cana-de-açúcar representa um faturamento anual
considerável para a economia brasileira, chegando a bilhões de dólares
(Souza, 2010). Esse setor é de grande importância para a geração de
empregos e industrialmente – produção de açúcar e álcool. No processamento
da cana o resíduo mais abundante é o bagaço, sendo que para cada 1000 kg
de cana-de-açúcar processada são gerados aproximadamente 250 kg de
bagaço. Visto que 60% são cosumidos pela própria usina – geração de vapor
para a produção de energia. De modo que, estima-se que 40% do conteúdo
energético proveniente da cana não é aproveitado. O bagaço da cana-deaçúcar pode ser processado e utilizado tanto para fins energéticos e não
energéticos, como para a produção de papel e produtos químicos. E por ser
rico em açúcares fermentáveis pode servir de insumo para a produção de
etanol de segunda geração, ou seja, proveniente da biomassa através de
tratamentos químicos, físicos e biológicos. Dessa maneira o país poderia
aumentar a produção de etanol sem precisar expandir a área de plantio, além
disso, suprir a demanda futura desse biocombustível em decorrência dos
elevados preços dos derivados de petróleo. Como outros materiais
lignocelulósicos, o bagaço de cana-de-açúcar é composto por cerca de 47% de
celulose, 27,5% de hemicelulose e de 20,30 - 26,27% de lignina (Aguiar, 2010).
A celulose é um polímero linear constituído de até 15.000 unidades de glicose,
esses monossacarídeos estão unidos por ligações glicosídicas β-1,4. As
cadeias desse homopolissacarídeo linear formam ligações de hidrogênio
intermoleculares e intramoleculares, isso resulta em rigidez e na formação de
fibrilas – estrutura altamente ordenada que ao se associarem formam as fibras
de celulose. Todas essas características são importantes para que a celulose
apresente elevada resistência à hidrólise ácida e enzimática. Já a hemicelulose que estabelece a ligação entre celulose e lignina, é um heteropolissacarídeo
constituído de cadeias ramificadas na qual as unidades são principalmente
aldopentoses (xilose e arabinose) e aldohexoses (glicose, manose e
galactose). Ainda, em sua estrutura contem substituintes como grupamentos
acetila, L-arabinofuranosila, ácido D-glicurônico e ácido 4-O-metilglicurônico. A
hemicelulose apresenta grande complexidade devido a variedade de ligações e
diferentes constituintes. No entanto, por não apresentar regiões cristalinas
como a celulose é mais suscetível à hidrólise química. A lignina juntamente
com a hemicelulose e a pectina – outro polissacarídeo linear formado por
unidade de ácido galacturônico – preenchem os espaços entre as fibras.
Funciona como material ligante entre os constituintes da parede celular, e
ainda é o maior depósito natural de estruturas aromáticas. É uma
macromolécula formada por unidades de p-propifenol, e substituintes metoxila
no anel aromático unidas por ligações do tipo éter (Bon et al., 2008). O bagaço
de cana-de-açúcar é um material lignocelulósico e a Tabela 1 apresenta sua
composição (Canilha et al., 2007).
Tabela 1. Composição do bagaço de cana de açúcar in natura.
Componentes (%)
Celobiose 3,34
Glicose 46,20
Hidroximetilfurfural 0,30
Ácido fórmico 0,56
Xilose 24,21
Arabinose 1,70
Furfural 1,25
Ácido glucurônico 1,09
Ácido acético 2,64
Lignina solúvel 2,61
Lignina insolúvel 23,66
Cinzas 1,61
Extrativos -
Canilha et al., 2007.
Todavia, para obter diferentes componentes a partir de materiais
lignocelulósicos requer a ruptura desse complexo e a remoção de cada fração por técnicas de pré-tratamento e deslignificação. Estes pré-tratamentos de
separação podem ser térmicos, químicos, físicos, biológicos ou uma
combinação desses, e isso dependerá do grau de separação requerido e para
que se destina o processo (Ramos, 2000). É importante destacar que os pré-
tratamentos físicos ou químicos, são seguidos por hidrólise preferencialmente
enzimática, para liberar os monossacarídeos.
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