A Flexibilização do Trabalho
Por: Hernanda Clemente • 4/9/2018 • Artigo • 3.894 Palavras (16 Páginas) • 225 Visualizações
A FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO E O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO: a alteração da rotina e do perfil e suas implicações [1]
Edria Caroline do Vale Paixão[2]
Heleíze Roberta Oliveira Sena[3]
Hernanda Figueira Nascimento Clemente[4]
Lana Victoria Silva da Silva[5]
Milton Luan Nascimento dos Reis[6]
Shirley do Socorro Pantoja Quaresma[7]
RESUMO
Este artigo busca caracterizar a flexibilização do trabalho, por meio do contexto histórico, vantagens e desvantagens ao longo do tempo. Analisa-se também as mudanças nas relações de trabalho com as novas regras da Reforma Trabalhistas, aprovadas em 2017. De posse desse arcabouço teórico e legal, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, com reflexões sobre o tema e o trabalho do profissional de Secretariado Executivo. Neste artigo percebeu-se que a flexibilidade é um atributo do secretário, motivador da grande mudança de perfil profissional, após a Revolução Industrial. A tecnologia mudou a rotina e o perfil do profissional, na medida em que empresas exigiam novas práticas frente aos avanços.
PALAVRAS-CHAVE: Flexibilização; Trabalho; Secretário Executivo; Tecnologia; Perfil; Empresas
1) Introdução
O trabalho modificou-se ao longo dos anos e apresenta diversos aspectos que podem caracterizá-lo. Um deles é a flexibilização, entendida como uma forma de o empregado organizar melhor o tempo e o contrato mantido com uma ou várias empresas. Com fortes origens no Toyotismo, o trabalho flexível é uma das opções da sociedade atual, devindo às exigências das empresas e a capacidade de adaptação dos funcionários.
Neste artigo, apresenta-se as características da flexibilização, vantagens, desvantagens, aspectos legais e a aplicação na rotina do profissional de Secretariado Executivo, que teve sua profissão modificada ao longo do tempo e durante o avanço das tecnologias da informação.
A TI também se apresenta como um aspecto dessa flexibilidade ao estimular a capacitação profissional e provocar a mudança de perfil. A tecnologia encurta distâncias e se mostra como uma aliada do secretário, que ao lidar com a informação rápida pode fazer disso um diferencial competitivo na proposição de estratégias.
2) O trabalho e a flexibilização: contexto histórico
Os modelos de trabalho, os quais foram nomeados Toytismo, Fordismo e Taylorismo foram essenciais para ter o que chama-se hoje de flexibilização do trabalho. Principalmente o Toyotismo, que caracteriza-se “pelo rompimento com o antigo padrão de produção em massa, que privilegiava a produção total, com a estocagem máxima de matérias-primas e produtos". (MACHADO, 2016).
O modelo vindo do Japão, a partir da década de 1970, foi utilizado pelas grandes empresas internacionais, seguindo uma tendência global quanto à forma de contratação e gerenciamento da força de trabalho. Esse modelo trouxe à tona o Just-in-time, isto é, a produção no tempo e na quantidade certas para evitar desperdícios, e adotou um sistema de participação do empregado, dentro da ordem da empresa e da hierarquia. Agora, o empregado é levado a assumir responsabilidades e/ou riscos que seriam das suas chefias, e nisto se nota uma desconcentração industrial, com novos padrões de gestão e gerenciamento da força de trabalho.
Ressalta-se que este sistema tem a intenção de modificar as condutas e influenciar o modo de pensar dos trabalhadores, de forma a torná-los mais maleáveis à dominação do capital globalizado. Em razão disso, nota-se uma mudança no perfil de trabalho: o que era antes voltado para o coletivo funcional agora enfatiza e faz surgir uma apologia ao individualismo, cuja consequência é a diminuição das tradicionais formas de comportamento solidário, interação e a atuação coletiva do trabalhador dentro da sociedade e da sua classe trabalhadora. Se as empresas visarem o enfraquecimento das “resistências” que podem surgir de um grupo de trabalhadores conscientes da exploração de trabalho, as estratégias de individualização constroem um trabalhador que entende o parceiro laboral como concorrente e que vai buscar meios de se aprimorar para ser melhor.
Esse novo perfil de trabalhador surgido na época, assume uma heterogeneidade mais forte nos dias atuais. Pois, com o crescimento e a necessidade de diversos tipos de serviços, que a cada dia mais estão se tornando específicos, o trabalhador assumiu a lógica de se especializar em diversas áreas de conhecimento a fim de responder as responsabilidades impostas na empresa em que trabalha. Estas exigências que garantem o “bom funcionamento” dos mercados estão entendidas como métodos para garantir força e vigor econômico nos tempos de globalização.
Em grande parte, o Toyotismo foi responsável para o desenvolvimento da flexibilização do trabalho, pois neste modelo, o empregado ganhou uma autonomia e suas atividades não se restringiam somente a um posto, pois passou a ter conhecimento do processo. Além disso, outro fator facilitador da expansão do trabalho flexível foi a inserção das tecnologias provenientes da Revolução Informacional, no mundo organizacional.
A este respeito, ressalta Lipietz:
"Há uma revolução tecnológica em curso, um novo paradigma societal que se encaixa nas novas necessidades do mercado, livrando-o de barreiras que bloqueavam o seu desenvolvimento, impondo rigores que impediam as necessárias mutações. [...] O mercado ditará automaticamente um novo modelo compatível com as novas tecnologias [...]" (LIPIETZ, 1991 p. 57 – 58).
A forma das organizações conduzirem seus negócios foi se modificando devido à competitividade global e ao rápido avanço tecnológico. Além de um processo eficiente de produção, iniciado Taylorismo e Fordismo, e de um rígido controle de qualidade, marcado pelo Toyotismo, as organizações necessitavam competir por mercados cada vez mais exigentes e específicos. A seguir, observa-se como o trabalho flexível ganhou forma e vem se mostrando uma alternativa entre as empresas.
3) Trabalho Flexível: características, vantagens e desvantagens
Com a expansão do novo modelo de gestão, também foram criadas novas formas de adequação do trabalho às demandas de acumulação do capitalismo. É possível caracterizar o trabalho flexível como aquele que engloba os diversos tipos de relação contratual diferente da tradição estabelecida no século XX. Nesse novo arranjo para o relacionamento 'trabalhador x empresa', a flexibilização possibilita que o funcionário cumpra a jornada diária e os termos estabelecidos pela legislação trabalhista, ao mesmo passo em que distribui suas atividades pessoais cotidianas sem que o trabalho seja prejudicado (SILVA, 2015) .
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