A Sociologia
Por: Brunassf • 18/6/2017 • Trabalho acadêmico • 434 Palavras (2 Páginas) • 140 Visualizações
No capitalismo preconizado por Marx, temos duas classes bem definidas: o burguês e o proletário. O primeiro, detentor do capital e dos meios de produção, apropria-se do trabalho do segundo, detentor apenas de sua mão-obra, mediante o pagamento de um salário que, por definição, será inferior ao montante produzido pelo proletário. À diferença entre o valor pago e a produção do indivíduo chamamos mais-valia.
O capitalismo flexível é a versão atual do sistema, onde as relações são flexibilizadas, exigindo novas competências da classe trabalhadora, bem como a capacidade de flexibilizar o seu tempo, sua forma de trabalho e, ato contínuo, suas relações pessoais. Além disso, o conceito de “carreira” é cada vez mais frágil, sendo substituído por relações efêmeras de trabalho.
Sennett vê isso como um “mesmo rosto atrás de um novo véu”, ou seja, uma nova forma de mascarar as pérfidas contradições do sistema capitalista. Por trás da aparente flexibilização e do fim da burocracia, escondem-se novas formas de controle e exploração.
A alegoria de Enrico e Rico faz uma comparação entre o capitalismo estático do passado com o atual, flexível e sem parâmetros bem definidos.
Enrico viveu em um contexto de tempo linear, passos predeterminados e futuro altamente previsível. Para conseguir acumular tempo, bastava ter sua autodisciplina e saber utilizar a proteção que o sindicato lhe dava. Narrativa de sua própria vida dava-lhe senso de respeito próprio. O uso disciplinado de seu tempo lhe conferia respeito nos meios em que andava. Ainda que fosse explorado, sabia exatamente a quem entregar seu trabalho e quanto receberia. Sendo um trabalhador de uma classe específica, encontrava força em seu grupo para resistir às excessivas investidas do proprietário.
Rico rejeitou o conformismo da linearidade de vida, tendo escolhido uma “carreira” bem mais flexível, constituída de diversos trabalhos ao longo de sua vida, tendo mudado quatro vezes em alguns anos. Em seu trabalho, não tem regras estáveis ou funções predefinidas. Torna-se escravo dos caprichos de seus clientes e seus horários e é constantemente perseguido pelo fantasma da falta de emprego. Sua produção é apropriada por uma série de capitalistas, cada um mais ansioso que o outro para extrair dele mais valia, tornando necessário um malabarismo diário para atender suas demandas. Em suma, ele é mais explorado que seu pai jamais o fora.
Tal flexibilidade se espelha em sua vida: suas amizades não são estáveis e seus amigos só podem ser acessados on line. Sua maior perda é a moral, em função da falta de continuidade de sua vida, sem padrões bem definidos. Em função disso, teme que seus filhos não tenham um exemplo a ser seguido e que fiquem à deriva.
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