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Banco Mundial (Bird)

Por:   •  26/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.444 Palavras (6 Páginas)  •  464 Visualizações

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11-   U ma pesquisa recente do Banco Mundial (Bird) sobre logística de transportes mostrou o Brasil despencando 20 posições no ranking mundial. O relatório levou em consideração a percepção dos empresários em relação à eficiência da infraestrutura de transporte. O Brasil passou a ocupar o 65.º lugar no ranking. O país ficou atrás de vizinhos como Argentina e Chile, e dos companheiros de BRICs China, Índia e África do Sul. O primeiro lugar ficou com a Alemanha, seguido da Holanda, da Bélgica e do Reino Unido. No último ranking divulgado, em 2012, o Brasil ocupava a 45ª posição. O Banco Mundial avaliou diversos fatores, como qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do processo de liberação nas alfândegas, rastreamento de cargas, baixa utilização das hidrovias e cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encontrar fretes com preços competitivos. Com base nesta pesquisa, a RAP propôs um debate sobre logística entre administradores e outros profissionais. Quais os nossos principais problemas em logística, onde estão nossos ‘gargalos’ e quais são as soluções vi- áveis para essas questões. Primeiro é preciso ter clareza da importância da área logística para o País. Apesar da queda no ranking do Bird, o setor movimenta cerca de 11,5% do PIB nacional – algo em torno de R$ 520 bilhões. Além disso, em termos de postos de trabalho, as áreas da logística tem empregado aproximadamente 1, 8milhão de prestadores de serviço. Apesar de todo esse aparente gigantismo, os números ainda estão aquém daquilo que um País com as dimensões do nosso poderia alcançar. Educação e mão de obra Para o administrador Luis Marcelo Oliveira, da 7ATLog, empresa de Logística, o nosso maior gargalo não é físico. “Os problemas de infraestrutura já são bastante conhecidos e podem sim ser resolvidos. Nossa questão está na qualidade e na formação do profissional. Existe uma falta de entendimento em relação ao setor. Logística não é só transporte e armazenamento Logística é sobre fluxo de mercadoria e serviços – e como eles podem ser feitos de forma rápida e com menos custo. Portanto, logística não se faz apenas com estradas, caminhões e galpões. Logística se faz com informa- ção”, garante Oliveira. O também administrador, com MBA em Logística Empresarial, Lindovaldo Moraes, segue nesta mesma linha. “Logística é planejamento. A área precisa contar com administradores que saibam planejar, que tenham experiência em gestão e possam, com trabalho e criatividade, vencer os obstáculos impostos pela falta de infraestrutura do País”. A questão da mão-de-obra é o que mais chama a atenção do administrador e diretor da Tigerlog, Marco Antonio Oliveira Neves. Apesar de enumerar problemas como a política de pedágios das principais rodovias do Estado de São Paulo, os acessos ao Porto de Santos (e o próprio porto) e a baixa utilização das hidrovias e ferrovias (“avançamos bastante em termos de aeroportos”, disse). “Mão de obra é o nosso grande gargalo. No mercado, faltam motoristas de caminhão, conferentes, empilhadores, coordenadores de logística... Não estamos valorizando a área de apoio, a área braçal. Hoje, algo entre 8% a 15% da nossa frota de caminhão está parada - e está parada porque nosso déficit de motoristas é de aproximadamente 150 mil”, comenta Neves. Ainda assim, o próprio Neves admite que em áreas gerenciais – e postos que poderiam ser ocupados por administradores profissionais –, não conseguimos suprir as demandas do mercado. “No ensino de administração, a área de logística não é tão valorizada quanto áreas financeiras e de marketing. Ficou marcada como uma área apenas de apoio – o que não é verdade. Precisamos deixar claro aos futuros administradores que a logística é uma área muito importante e que pode ser atrativa, inclusive, do ponto de vista salarial”. Em São Paulo Uma cidade como São Paulo apresenta uma série de desafios e problemas do ponto de vista logístico. O administrador e coordenador do Grupo de Excelência de Administração de Cadeias Produtivas e Logística Empresarial do CRA-SP, Domingos Alves Corrêa Neto, a política de restrições para caminhões e outros veículos de grande porte não representaram uma solu- ção consistente. “Na verdade, as empresas descarregam esses caminhões e separam a mercadoria em 15 veículos menores – o que também impacta, e muito, o trânsito da cidade”, diz. Para ele, a saída deve ser o investimento em transporte público – e na comunicação entre os modais (metrô, trem e ônibus). “Só assim, as vias de trânsito podem ficar mais adequadas ao fluxo de mercadorias e ao abastecimento da própria cidade”, completa. A situação do trânsito de São Paulo e, consequentemente, seu impacto em operações de logística pode ter uma solução um pouco mais radical. “Nós chegamos em um ponto em que a única saída será uma política restritiva. O pedágio urbano, por exemplo. Em algum momento, São Paulo vai ter que adotar a mesma polí- tica de restrição do que Londres. Pode parecer radical, mas, por enquanto, essa é uma alternativa”, comenta Neves. Neves também acredita que uma cidade como São Paulo deveria seguir o exemplo de Nova York. “Se uma empresa quer manter uma operação de entrega ou estocagem dentro da cidade, precisa provar que possui docas para que os caminhões estacionem. Hoje, você passa, por exemplo, na região do Bom Retiro e não consegue circular. Faltam docas na cidade. Com ela, os caminhões poderiam descarregar e estacionar até de madrugada”. O efeito da falta de infraestrutura dentro de uma cidade como São Paulo tem um impacto direto no bolso do consumidor e, consequentemente, na competitividade do empresário. Por conta das nossas dificuldades de trânsito, armazenagem e estocagem, mercadorias são impactadas em até 10% do seu preço final para o consumidor Os modais Neto afirma que o nosso processo de logística não flui de forma linear – o que faria o nosso custo logístico ser um dos mais altos do mundo (quase o dobro da americana). A pouca utilização de ferrovias e hidrovias impactam de forma definitiva neste prejuízo. As empresas brasileiras fazem escoar 66,6% de toda a sua produção pelas rodovias; 18,6% por ferrovias e apenas 11,7% utilizando o modal hidroviário. “Essa concentração prejudica nossa competitividade – e o custo das operações fica muito alto”. Para Neto é hora de investir em ferrovias. “Temos que voltar a olhar para esse modal. Os investimentos em rodovias tiveram sua importância nas décadas passadas. Agora, precisamos pensar nossos modais de forma mais integrada e revalorizar as ferrovias”. A conexão entre os modais também vale para a cidade. “O Rodoanel foi criado para resolver esse problema com os veículos pesados, mas acredito que ainda possa ser aprimorado. Penso que junto ao Rodoanel poderia ser construída um modal de transporte sobre trilhos – o que ajudaria muito. O próprio Rio Tietê poderia ser melhor utilizado como transporte fluvial. Claro, tudo isso precisa ser feito com planejamento e gestão. Ou seja, com o conhecimento de administradores competentes”, afirma Neto. Raízes históricas e privatizações O administrador Marcos Maia, diretor da FATEC de Guarulhos, acredita que nossos problemas de logística são de origem histórica. “Eles remontam da passagem de um período onde a agricultura era protagonista para a era industrial. Nesta passagem, os investimentos na malha ferroviária praticamente se encerraram”, diz. Para ele, a solução está no processo de privatizações. “O governo tem que agir como um órgão regulador, a administração de portos, ferrovias e rodovias precisa estar nas mãos da iniciativa privada. Isso já está sendo feito com sucesso em relação aos aeroportos. Acredito que esse é um caminho que devemos continuar seguindo”. Maia cita o caso da Linha Amarela do Metrô de São Paulo. “É a linha mais elogiada, com o melhor serviço e interligações. Ela é administrada por uma concessionária. Ou seja, esse é o modelo que pode desafogar o trânsito de São Paulo e melhorar parte das nossas dificuldades com logística”, garante. O Vice-Presidente de Comercialização e Marketing da Abralog (Associação Brasileira de Logística), Edson Carillo gostaria de ver um maior cuidado das autoridades em relação ao tema: “ Parece que estamos sofrendo da síndrome do cobertor curto. Não conseguimos utilizar todos os recursos de forma adequada, daí falta capacidade de investimento em infraestrutura Ficamos ‘parados’ acumulando um déficit de mais de R$ 200 bilhões no investimento para manutenção e modernização e expansão de nossos recursos para logística”, diz. “Sofremos de um colapso de infraestrutura, há deficiência na oferta de modos de transporte, basicamente o Brasil é movimentado pelo modo rodoviário (caminhões), mas este é um dos modos mais caros de se transportar mercadorias, em especial para longas distâncias. Fazemos o mesmo em outras áreas, não investimos em recursos mais eficientes, nossos investimentos estão baseados no de menor custo de implanta- ção, mesmo que isto signifique comprometer nossa competitividade”, lamenta.

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