O mundo das mobilidades

AMOR SEM ESCALAS

Jemima Marques. F. da Silva^[1]

Este trabalho pretende discutir os significados que as mobilidades fornecem às relações sociais construídas nos espaços e nas redes de sociabilidade contemporâneas. Tendo como base o filme “Up in the Air” intitulado no Brasil “Amor sem Escalas”, dos gêneros comédia e drama, dirigido por Jason Reitman.

O filme retrata a vida de Ryan Bigham (George Clooney), um sujeito de 35 anos que passa a maior parte dos seus dias viajando por cidades norte-americanas, com a função de despedir pessoas de seus cargos nas empresas, logo após a crise financeira que assolou os Estados Unidos. Com uma rotina estruturada na funcionalidade e na inexistência de vínculos pessoais, Ryan é um sujeito extremamente equilibrado e meticuloso em suas palavras e ações e, com isso, dá-se a impressão de uma pessoa fria.

A impessoalidade que ocorre nos aeroportos, aviões e hotéis lhe traz um sentimento de conforto e segurança. Gosta de viver em constante movimento, é solitário por escolha e evita qualquer tipo de relação seria, o que o leva, a afastar-se inclusive da sua própria família. Além das viagens profissionais, Ryan divide seu tempo entre as palestras que ministra, pregando o desapego sentimental, e sua maior motivação é alcançar 10 milhões de milhas no programa de fidelidade de uma companhia aérea. Em meio a tudo isso, Ryan conhece Alex Goran (Vera Farmiga), uma mulher de 34 anos que também pertence ao “mundo das mobilidades”, com quem começa a relacionar-se.

Neste intermédio seu chefe decidiu contratar Nathalie Keener (Anna Kendrick), uma jovem inteligente, que propõe uma mudança radical na metodologia: substituir as viagens dos agentes por um processo de demissão por videoconferência. Este sistema, caso seja implementado, põe em risco o emprego de Ryan. Ele passa então, a tentar convencê-la do erro que é sua implementação, sendo assim obrigado a viajar com Natalie para mostrar a realidade de seu trabalho.

Percebe-se no filme o impacto que as mudanças organizacionais têm na vida dos funcionários. Devido a um ambiente de alta instabilidade econômica, as organizações veem a necessidade de sempre estar acompanhando as oscilações mercadológicas, mudando continuamente a fim de criar um diferencial competitivo procurando maximizar o lucro e a qualidade de seu produto/serviço e minimizar seus custos operacionais.

Em Amor sem Escalas, esse cenário é retratado quando é proposto a utilização de vídeo conferência para fazer as demissões e assim, diminuir estrondosamente os custos de viagens da empresa. A ideia é bem aceita pela diretoria, pois irá ocorrer a maximização dos lucros, já o personagem principal é extremamente contra e relutante a “novidade”, visto que difere ao estilo de vida que tem como perfeito. Além disso, acredita que executar o processo virtualmente não é a maneira mais adequada.

Segundo Urry, “A fim de concretizar a propensão das ciências sociais em direção à incorporação do mundo dos objetos, é necessário examinar as várias maneiras em que objetos e pessoas são organizadas e reagrupadas através do tempo-espaço” (Urry, 2007: 50). Apesar das percepções do protagonista, as novas tecnologias de comunicação não estão no “banco de reserva” das relações humanas, mas necessita-se saber como incrementar esta ferramenta no ambiente organizacional.

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