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Os Demonstrativos Na Administração

Por:   •  19/6/2020  •  Relatório de pesquisa  •  2.070 Palavras (9 Páginas)  •  148 Visualizações

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  1. Os Demonstrativos

Todas as empresas listadas na bolsa são obrigadas a disponibilizar seus demonstrativos. A partir destes demonstrativos é que analisamos os resultados de uma empresa.

Antes de explicar cada demonstrativo em si, é importante entendermos a diferença conceitual entre resultado financeiro e resultado econômico. Para exemplificar, vamos supor que você tenha comprado uma televisão em janeiro pelo valor de R$ 2.000,00 e que a loja tenha feito um parcelamento em 4 vezes sem juros, no valor de R$ 500,00 cada parcela, sendo que a primeira você pagará apenas em fevereiro. Dessa forma, temos:

[pic 1]

Ou seja, o resultado econômico desta operação é que você gastou R$ 2.000,00 em janeiro, porém vai pagar em datas diferentes.

Essa diferença tem um impacto muito grande nas operações das empresas e servem tanto para despesas quando para receitas. Quando uma empresa vende um produto, ela obtém uma receita econômica, e quando ela recebe o dinheiro desta venda, ela tem uma receita financeira. Quando esta empresa faz uma compra com seu fornecedor, ela tem uma despesa econômica, e quando ela paga, ela tem uma despesa financeira.

O DRE nos mostra o resultado econômico da empresa, enquanto o DFC nos mostra o resultado financeiro. É importante analisarmos as duas coisas. A DRE vai nos mostrar a qualidade operacional de uma empresa, ou seja, se a empresa gera lucro (mesmo que não tenha recebido seus lucros ainda). Já a DFC nos mostra se a empresa terá dinheiro disponível para honrar seus pagamentos sem que seja necessário recorrer a novos empréstimos, evitando assim o pagamento de mais juros.

Nota: Os valores dos demonstrativos são expressos em milhares de reais.

  1. Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE)

Foi retirado do site da B3 o DRE da AMBEV S.A para exemplificação.

[pic 2]

Figura 1 - DRE da ABEV3 Retirado do Site da B3

A DRE segue uma ordem lógica, iniciando pela receita das vendas e subtraindo os custos passo a passo, gerando alguns resultados intermediários. Como a intenção deste livro não é ensinar contabilidade, segue uma explicação simples dos pontos que interessa ao investidor:

[pic 3]

É importantíssimo destacar que dentro dessas despesas operacionais, estão escondidos depreciações e amortizações. Lembre-se que na DRE estamos falando de uma despesa econômica, e não financeira. A AMBEV não desembolsou este valor de fato em 2018 quando suas máquinas depreciaram. Este é um custo indireto, que ela pagará quando for fazer a manutenção ou quando for investir em novas máquinas. Mas o desgaste dessa máquina já aconteceu, mesmo que não tenha sido efetivamente pago.

Na tabela a seguir, ilustramos o efeito da depreciação. O valor da depreciação é apenas uma estimativa e não reflete a realidade, porém, devem ser projetadas na DRE porque mais cedo ou mais tarde essa despesa (de manutenção ou substituição de ativos) acontecerá.

[pic 4]

Imagine que você possui uma empresa de aluguel de carros. Você recebe mensalmente R$ 100.000,00 pelos carros que você locou. Depois de pagar seus funcionários, o aluguel do seu estacionamento, energia elétrica, impostos e outras despesas, sobram R$ 30.000,00. Isso significa que você lucrou 30 mil? Não! Significa que você aumentou seu caixa em 30 mil, mas se você não considerar a depreciação que seus veículos sofreram, você terá problemas quando precisar fazer manutenção e quando for trocá-los por novos.

O mesmo acontece com todas as outras despesas e receitas. Quando a AMBEV vendeu suas bebidas, isso não significa que ela recebeu. Ela pode ter parcelado para o supermercado, por exemplo. No caso dos custos dos bens e serviços, ela retirou parte do seu estoque, parte ela comprou de seus fornecedores e pode ter parcelado esse valor também. No caso dos juros, é o quanto o dinheiro dos empréstimos está custando para a AMBEV naquele ano. Porém, o pagamento desses juros, na prática, está embutido no valor das parcelas que ela paga. A DRE não mostra quando de dinheiro entrou ou saiu do caixa da companhia, pois quem faz isso é o DFC. A DRE mostra se os negócios da AMBEV são sustentáveis ou não.

Pela legislação, as empresas são obrigadas a pagar no mínimo 25% do lucro líquido apurado no exercício (3.11.01) em forma de dividendos. Além disso, o acionista também recebe juros sobre o capital próprio (JCP). A soma desses dois pagamentos é chamada de proventos. O percentual de proventos em relação ao lucro líquido é o payout.

[pic 5]

Existem 3 fatores que dificultam a análise econômica de uma empresa, pois não reflete a eficiência operacional dela. Esses fatores são:

  • Depreciação e Amortização (D&A): são conhecidas como despesas não financeiras, pelos motivos já explicados anteriormente. É apenas uma estimativa contábil, que visa projetar custos que incorrerão no futuro.
  • Impostos: é um percentual do lucro apurado no exercício. Variam muito de um ano para outro, portanto, costumam ser excluídos do cálculo para comparar o desempenho da companhia ao longo do tempo.
  • Despesas financeiras: o juro pago pela empresa é reflexo do endividamento, e não, da sua competência operacional.

Para não mascarar a competência da empresa em gerar lucros, foram criados dois indicadores muito importantes para se analisar um negócio:

  • EBIT (Earnings Before Interest, Taxes): é o valor do lucro que desconsidera o efeito dos impostos e juros (item 3.05 da DRE).
  • EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization): EBIT somado ao D&A (o D&A pode ser obtido no DFC).

  1. Balanço Patrimonial (BP)

O BP, como o próprio nome já diz, é o patrimônio da companhia. Ele segue uma ordem decrescente de liquidez e, basicamente, é divido em ativos e passivos. Os ativos são os estoques, o dinheiro disponível em caixa, as máquinas, as contas a receber, e vários outros direitos da empresa. Os passivos são as obrigações: dívidas e outras contas a pagar. Se subtrairmos os passivos dos ativos, o que sobra é o patrimônio líquido. Se a empresa encerrar suas atividades hoje, tudo que vai sobrar para o acionista é o patrimônio líquido. Vejamos um quadro resumo da AMBEV:

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