Resenha Artigo Barreiras a Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde na Indústria Automobilística

O artigo “Barreiras à gestão da cadeia de suprimentos verde na indústria automotiva” (SILVA et al., 2018) aborda, através da perspectiva de um fornecedor da indústria automotiva brasileira, as barreiras à implementação da Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde (GCSV) no cenário automobilístico do país. Para tal, é repassado o referencial teórico sobre o quê é a GCSV, que envolve produtos, serviços e recursos financeiros/informações desde sua extração de matéria prima até a disposição pós-uso do produto. As atividades deste modelo de gestão englobam operações verdes, práticas ambientais, iniciativas ambientais, capacidades ou competências, estratégias, aproximações e ferramentas.

Em seus procedimentos metodológicos, a pesquisa utilizou-se de aplicações e de caráter exploratório. Nesta primeira fase da pesquisa as informações foram divididas em dois quadros, estes criados a partir de revisão literária a partir de artigos das bases da “Scielo” e “Speel”. Na primeira tabela constam critérios de classificação das barreiras para a implantação da prática de gestão, bem como sua dimensão e interação com a GCSV; natureza e abrangência. Quanto ao segundo quadro, este relata a relação das barreiras e suas dimensões, passando pelo desempenho econômico; ambiental; operacional; conhecimento/informação e apoio/envolvimento. Neste segundo quadro é possível perceber a dificuldade da implantação da GCSV devido ao grande número de barreiras envolvidas.

A segunda fase envolve a compilação das barreiras, de forma que sejam repassadas e avaliadas, por profissionais especializados em GCSV e acadêmicos, em três critérios: essencial; útil, mas não essencial; e desnecessário. É estabelecido, também, que cada avaliador deve determinar as barreiras de acordo com os seus conhecimentos a respeito do assunto, porém não foi encontrado um referencial teórico para suas respostas, também não há um entendimento mais profundo do porquê eles interpretarem as atividades como essenciais, uteis e desnecessárias. Não é explicitado pelo autor também qual foi o método de coleta utilizado (entrevistas estruturas, entrevistas semiestruturadas, questionários, dentre outros).

A terceira e última fase da pesquisa confrontou os resultados obtidos na fase anterior com a realidade vivenciada em diferentes departamentos de uma única organização. Para analisar o grau de influência de cada barreira foi utilizado o método AHP, que de maneira geral pode ser dividido em três etapas: decomposição do problema em uma estrutura hierárquica, construção da matriz de compensação entre os critérios e o cálculo de vetor de prioridade para as alternativas (Saaty, 2008).

Foi contextualizado o objeto de estudo, citando o complexo industrial automotivo brasileiro, que é composto por 624 empresas fabricantes/escritórios de representação de autopeças e 31 fabricantes de veículos, máquinas agrícolas e rodoviárias. Foi verificado como práticas da GCSV a manutenção de um sistema de gestão ambiental certificado, gestão de resíduos, adoção de prédios verdes, pressões por obtenção de eficiência energética, minimização do impacto ambiental e redução da dependência pelo petróleo. Foi escolhida para análise a empresa Alpha, que é dedicada a transformação de material plástico para automóveis, com capacidade produtiva de 65 toneladas diárias, sendo considerada como indústria de grande porte.

O estudo definiu que para uma barreira ser validada ela deveria estar acima da linha de corte de 15 profissionais avaliando aquela barreira como essencial. Num total, das 46 barreiras encontradas em revisão da literatura, apenas 13 foram validadas por mais de 15 profissionais, sendo apenas uma delas validade com unanimidade, sendo esta “Falta de comprometimento da alta direção”. Outro detalhe importante é que das 13 barreiras encontradas, 5 delas estão categorizadas como barreiras de “Apoio e envolvimento”. Isso demonstra uma tendência de falhas gerências para a implementação da GCSV.