Resenha do Livro: A Metamorfose
Por: Ariane Santiago • 12/6/2018 • Resenha • 1.698 Palavras (7 Páginas) • 363 Visualizações
Resumo Expandido: Livro “A Metamorfose” de Luiz Kafka
Falar do livro “A metamorfose” é muito difícil, porque apesar de ser um livro curto e a escrita ser fluida ele é construído em camadas, e para você conseguir explorar essas camadas ao máximo é necessário estudar, ler muito e ter um pouco de paciência com o livro, por ser um livro cheio de entrelinhas não é de cara que você consegue pegar todas as charadas, e entender o que ele tem bom e representa na nossa sociedade.
A metamorfose foi escrita no ano de 1912, porém só foi publicada Três anos depois em 1915. Uma das grandes características deste livro é que, ele representa tudo que é humano, tudo que é monstruoso, além de que as relações familiares também são apontadas e criticadas pelo autor livro. A primeira frase do livro, que é a mais célebre da obra e uma das mais lembradas dentro da literatura, diz o seguinte:
“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”
Então quando a gente lê essa frase, a primeira coisa que vem a cabeça é simplesmente continuar a ler para tentar saber o que aconteceu depois, porque que ele foi transformado em um inseto monstruoso. Kafka coloca o grande clímax da história na primeira frase do livro, ele nem perde tempo ambientando a narrativa, espontaneamente diz que certo dia um carinha chamado Gregor Samsa acordou transformado num inseto monstruoso, gigantesco e asqueroso.
Quando interpretamos essa frase, rapidamente identificamos que isso é impossível, não existe essa metamorfose, um ser humano transformar-se em inseto, no entanto essa frase nos leva a questionar, Quantas vezes você já não foi isolado por ter uma opinião diferente? Por ter uma doença contagiosa? Já não foi deixado de lado para as pessoas não se misturarem com você? Ou até mesmo o quanto você vale? Até quando você vale?
Essas são as reflexões que já nos pegam na primeira frase do livro. A Metamorfose como um livro bem escrito, já nos instiga com a primeira interpretação que devemos ter, Kafka não nos diz que inseto é, pode ser uma barata, pode ser uma centopeia ou qualquer inseto, a única coisa que se sabe é que é um inseto gigante, grande e nojento. Além disso uma das grandes reflexões é que dentro de muitas teorias, uma pessoa que é inseto ela é alienada ela é subordinada, portanto Kafka quis retratar a subordinação em seu texto, usando um inseto. No livro, quando Gregor acorda, ele pensa que está atrasado para ir ao trabalho, então ele tenta se levantar da cama, porém não consegue fazê-lo de forma natural, foi nessa hora que Gregor realmente se deu conta do que havia acontecido com ele, pois ele vê suas patinhas se mexendo e sente que está com um casco enorme atrapalhando.
Gregor era caixeiro viajante, e é possível compreender que ser um caixeiro viajante naquela época era muito rentável porque ele era o provedor da sua família, então ele sustentava a si próprio além do seu pai, da sua mãe e sua irma. Como ele era um bom empregado e trabalhava bem e ele vendia bastante, e aí vem uma crítica do Kafka sobre o homem do século 20. Gregor nunca havia deixado de ir trabalhar tampouco faltar sem avisar previamente, então o gerente da empresa onde ele trabalhava, não qualquer subordinado, mas o gerente vem procurar por ele na sua casa, e quando o Gregor tenta explicar que ele já estava indo ele não consegue falar, porque em sua cabeça ele está falando, mas como ele virou um inseto ele não consegue se comunicar, sai apenas barulhos estranhos. Todos ficam assustados com a situação, mas daí conseguimos identificar outra critica, a respeito de nós como humanos, quando nós perdemos a nossa comunicação, que é uma das maiores características da humanidade, perdemos também uma grande parte de nós mesmos. Quando Gregor consegue levantar e abrir a porta do quarto, seus pais ficam espantados, é horrível a cena, e ao mesmo tempo a cena é cômica, pois o gerente sai correndo e nunca mais volta, em contra partida de a cena torna-se triste porque foi um baque para família acordar e ver o filho transformado em um inseto.
Outra coisa que marca muito essa história, é a forma como a narrativa se desenvolve depois do episódio da metamorfose, da transformação do Gregory, porque o tom da história continua de uma forma desacreditada, melancólica, triste pois nem o narrador tem esperança que aquela situação possa mudar, muitas vezes nós leitores nos apegamos aos narradores dos livros, e nem esse narrador pode nos dar alguma esperança que algo vai mudar. Então o tom que a história continua, Gregor apresenta uma crise existencial, e essa crise, essa palavra existência é muito forte em Kafka, porque a teoria do existencialismo é forte no livro dele. Há dois episódios que marcam essa teoria, é quando a irmã do Gregor traz para ele, pão com café, que é uma das comidas que ele mais gosta, e quando ele prova e ele sente horror por aquela comida, e quando a Gretchen traz frutas podres, comidas estragadas, ele gosta daquilo. Portanto se pergunta, se aquele ali vivendo era ele mesmo.
Outro Episódio, lá pelo final do livro, quando Gregor vê e ouve sua irma tocar violino, é quando ele se depara que ele ainda gosta desse som, que ele ainda gosta de ouvir música, ele se pergunta:
“Se sou uma fera por que a música tanto me impressiona”.
Então isso para mim simboliza bastante a teoria do existencialismo em Kafka. Depois de ler o livro é possível entender que a narrativa se desenvolve e percebemos que é difícil ler Kafka, é uma coisa que nos deixa com um pensamento pesado.
Falando um pouco sobre as relações familiares, podemos enxergar que ao passo que Kafka era um monstro por fora, sua família era um monstro por dentro. Enquanto ele trabalhava e provia a família estava indo tudo bem, tudo as mil maravilhas, mas depois que ele se transformou a família o isolou, porque tiveram que se virar e ter que deixá-lo pra la. É muito triste ver como a família perde a sensibilidade por
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