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TRABALHO DE ANTROPOLOGIA

Por:   •  5/9/2019  •  Abstract  •  6.608 Palavras (27 Páginas)  •  143 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCSO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO II

DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA DA EDUCAÇÃO

DOCENTE: FABIANO ROCHA

Amanda Maria de Sousa Prado

Ana Luiza Barros Cunha

Danieli Dandara de Sousa

Jaynara Ribeiro Araujo

Jéssica de Araújo Santos

Manuelle de Jesus Melônio

Roberta Ferreira Silva

Rutilene Andrade Cunha

Sâmea Cristina Pereira Macedo

PESQUISA DE CAMPO: LIBERDADE QUILOMBO URBANO

São Luís – MA

2018

Introdução

Os quilombos urbanos começaram a proliferar no fim do século XIX, em Cidades como São Paulo, Santos, Rio de Janeiro e Salvador com grande número de escravos fugitivos, muitos deles vindos das zonas rurais. A vegetação de mata atlântica, na periferia dessas cidades ajudava a manter abrigos e esconderijos. Em geral eram pequenos povoados, formados por casas de pau-a-pique, rodeadas pelas roças de milho e mandioca e pelas criações de cabras, galinhas e porcos. Muitos dos seus moradores, porém, trabalhavam nos mercados e portos da cidade.

Depois da Lei Áurea, os redutos de fugitivos se tornaram territórios de preservação da cultura negra. Ali eram mantidas tradições herdadas dos africanos, como a capoeira, o batuque e o culto aos orixás, proibidos ou mal vistos pela sociedade. O direito das populações quilombolas à propriedade da terra, reconhecido a partir da Constituição Brasileira 1988, levou a uma luta pelo reconhecimento dos quilombos urbanos. O primeiro a ser demarcado pelo INCRA foi o Quilombo da família Silva, em Porto Alegre, que recebeu a titulação em 2009. O segundo foi o Barranco de são Benedito, em Manaus, em 2014. Também foram reconhecidos pela Fundação Palmares, quilombos urbanos no Rio de Janeiro e em Aparecida de Goiânia, entre outras cidades.

As comunidades quilombolas urbanas se veem inseridas em meio aos problemas próprios de espaços urbanos carregados da complexidade e da heterogeneidade que permeiam a vida cotidiana. A apropriação de seus territórios se vincula, geralmente, à realidade da periferia e /ou de espaços marginalizados e/ou segregados. São espaços etnicamente diferenciados por serem constituídos por grupos indenitários que buscam o reconhecimento de sua identidade e a segurança jurídica de seu direito à propriedade para romper o ciclo da segregação espacial.

1. Referencial Teórico

1.1 Cultura Erudita e Cultura Popular: Breve Histórico Sobre o Folclore Maranhense

A cultura popular no final do século XVIII chama atenção de vários intelectuais europeus. Nesse mesmo período a Europa passava por inúmeras transformações, e os intelectuais perceberam que as festas, a poesia, danças, entre outras manifestações eram uma forma cultural de preservação do espirito e da essência de um povo.

No ano de 1848, o arqueólogo inglês Willian Jonh Thoms, fala pela primeira vez no termo folk-lore (“saber tradicional”), essa proposta foi mencionada na revista The Atheneum, isso para falar e designar os estudos das antiguidades populares. Com isso o termo folclore passa a ter sinônimo de cultura popular. Logo depois o surgimento da palavra “folclore” começa a ser entendida como uma importante fonte de estudo, por isso cresce a necessidade de um aprofundamento cientifico. Alguns cientistas, como Edward Tylor, Andrew Lang, George Gomme fundaram em 1878 a “Folklore Society” (sociedade folclórica), localizada em Londres. Essa associação vem com a intenção de promover importantes debates relacionados a questões folclórica, carregando como principal objetivo a conservação das tradições populares.  

Na atualidade quando falamos em folclores, estamos nos referindo a narrativas tradicionais, a costumes tradicionais, superstições, crenças, e também a linguagem popular. Quando o termo alcança a América, é fundada a “American Folklore Society” (Sociedade Americana de Folclore) no ano de 1888. Esse foi o ponto de partida para que estudos referentes ao folclore começasse a envolver cantos, dialetos, mitos, narrativas entre outros.

Podemos destacar como os precursores dos estudos folclóricos no Brasil, Sílvio Romero, Mario de Andrade, Amadeu Amaral, entre outros. Foi organizado pelos autores citados e outros o I Congresso Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro no ano de 1951, onde foi debatido as características atribuídas ao folclore. Depois de todos os debates que ocorreram sobre o folclore brasileiro, 1995 surge a necessidade da revisão da primeira carta do Folclore Brasileiro, produzida em 1951.

Segundo a releitura que foi realizada da Carta do Folclores Brasileiro, compreende-se que o folclore nasceu da criação de um povo e que é aceito por todos, e vivido por todos em seu cotidiano segundo sua sociedade, seja em superstições, remédios caseiros, ditos populares, provérbios entre outros.

O Brasil possui uma expressiva diversidade cultural, resultado da grande miscigenação das raças que ocorreram no período colonial. O Maranhão é resultado desse fato, pois sofremos uma significante influência dos colonos – Franceses, portugueses, negros. Tivemos como principal colonizador os portugueses, que deixaram sua língua de forma marcante. Vale ressaltar também as fortes influências deixadas pelos índios e negros como seus costumes – danças, músicas, dialetos, mitos, comidas, artefatos, entre outros. Vale ressaltar algumas representações folclórica maranhense como: Cacuriá, Dança do Coco, Tambor de Crioula, Bumba meu boi, reggae.

  1. Referencial Metodológico

O tema da nossa pesquisa se baseia na temática ‘‘Liberdade - quilombo urbano’’ e a iniciativa de fazer a pesquisa se deu pelo reconhecimento que o bairro da Liberdade recebeu no ano de 2018, especificamente no dia 23 de novembro. No decorrer do trabalho, relataremos como se deu o processo da pesquisa e como o bairro da liberdade tornou-se quilombo urbano. A pesquisa foi realizada através de uma visita ao bairro da liberdade no dia 29 de novembro de 2018, onde, com a ajuda de um aparelho celular nos deslocamos pelas principais ruas e fotografamos os principais pontos da formação do bairro da liberdade.

No primeiro momento fomos na rua Machado de Assis, onde registramos a escola Estado Do Pará, que neste ano foi reformada e reinaugurada pelo atual Governador Flavio Dino, em comemoração aos 100 do bairro da Liberdade. Em seguida, visitamos a quadra de esportes mais antiga do bairro que recentemente realizaram uma reforma na mesma. Na rua Gregório De Matos, visitamos a produtora novo quilombo que é um dos pontos mais conhecidos e frequentados do bairro. O Senhor Alberto, criador da casa do reggae, nos relatou um pouco sobre a criação e história da casa e os horários de funcionamento.

Depois fomos para a praça do viva, na rua Gregório De Matos, onde registramos o matadouro, como era conhecido o bairro, antes da mudança de nome para liberdade. Segundo informações, era um local que as pessoas desempenhavam variadas funções, dentre elas: abatimentos de gado, salgamento de couros, refrigeração de carne para a venda, e etc. Hoje em dia, onde era o matadouro, se tornou uma escola.

Visitamos alguns centros como o Bloco Afro Netos De Nanã, onde nos foi informado sobre o funcionamento, surgimento, todo o corpo que compõe esse bloco e as divisões presentes no mesmo. Na Casa De Mina de Nanã Baroquê, relataram as danças, os participantes, surgimento e os trabalhos que eles desempenham com as crianças.

Logo após visitamos o Cisaf, que nos explicou sobre o festival de belezas negras da liberdade quilombola, o mesmo falou um pouco sobre a 3 ª edição do festival, como se dá o processo, os bairros envolvidos nesse projeto, a proposta do festival, o porquê da criação, dentre outros. Por último visitamos o Movimento De Hip Hop organizado no Maranhão-quilombo urbano. No espaço, falaram um pouco do tema ‘‘quilombo urbano’’, da importância do tema para o hip hop e sobre a visão que tinham acerca do tema.

3. Dados Gerais sobre a Manifestação Folclórica

3.1 Contextualização Histórica do Folguedo

Os quilombos urbanos começaram a ter grande evidência no fim do século XIX no Rio de Janeiro, Salvador e em São Paulo. Ao contrário dos chamados quilombos de rompimento, como o de Palmares, caracterizados por serem isolados e distantes, os quilombos urbanos são comunidades formadas inicialmente por negros fugitivos que foram tentar a vida nas cidades.

Depois da Lei Áurea,  sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no Brasil, os quilombos de fugitivos se tornaram territórios de preservação da cultura negra. Tradições africanas como a capoeira e o culto aos orixás passaram a ser autorizados. O direito das comunidades quilombolas à propriedade da terra, reconhecido a partir da Constituição Brasileira de 1988, levou a uma luta nacional pelo reconhecimento dos quilombos urbanos.

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