Um bom trabalho

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Se observarmos uma alcateia de leões de cem anos atrás veremos os grandes leões “comandando” e as leoas caçando. Ao observarmos esta mesma espécie nos dias atuais teremos os mesmos resultados, como se estivéssemos “parados no tempo”. A mesma coisa acontece com as outras espécies animais, diversas observações ao decorrer do tempo e nenhuma alteração em seus hábitos. Todos os animais agem de acordo com todos os demais de sua espécie, com apenas uma exceção, a espécie humana. Essa espécie age de diferentes maneiras em suas diversas sociedades, mas o que será que define o papel do ser humano numa sociedade?

Com certeza não são as características biológicas, pois se criarmos um espanhol no Japão ele crescerá como um japonês, com todos os gostos, costumes, hábitos, crenças e valores dos japoneses. Também não podem ser as características geográficas, já que em terras “demograficamente semelhantes” encontramos bois sendo criados para o arado, outros para o abate. A resposta está longe de ser algo como “características genéticas”, pois existem mulheres, por exemplo, que vivem do esporte enquanto outras cuidam da família e do lar.

O comportamento de cada indivíduo depende de um processo chamado endoculturação, no qual a cultura interna de determinada sociedade educa e auxilia seus membros com seus padrões culturais próprios. E esses padrões não são estáticos, eles tendem a sofrer alterações devido a novos valores. Tais valores são adquiridos através do contato com outras culturas(onde há um choque de valores e alguns novos são tomados como “corretos”, deixando alguns dos seus de lado) ou da insatisfação com os seus próprios valores atuais(onde os membros criticam seus hábitos e visam “melhorias” que tragam mais satisfação e conforto).

Estas mudanças são as evoluções que toda cultura tende a sofrer, pois elas visam adquirir ideologias mais concretas e aceitáveis por parte de seus membros numa tentativa de adaptar-se e de adaptá-los aos novos valores atribuídos, já que as antigas, na qual estavam acostumados, tornaram-se obsoletas e não se adaptaram às mudanças sociais da época.

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Toda cultura possui suas diversas ideologias, ritos e crenças, e não é possível para algum indivíduo participar de todos os elementos de sua cultura. Toda cultura possui um conjunto de valores considerados adequados à determinados grupos pertencentes a ela, e cada membro deve “encontrar-se” em algum desses valores e segui-los. Um grande fator para tal premissa é a idade, pois crianças, em nenhuma sociedade, exercem as funções exclusivas a homens e mulheres mais velhas, e vice-versa. Um outro fator maior ainda é a questão cultural, já que diferenças de alguns comportamentos, reações e alguns meses na idade podem definir qual fim terão os indivíduos de uma sociedade.

Porém, toda cultura “molda” tais valores à sua maneira, permitindo que pessoas de todo e qualquer cargo social ajam de forma que, em outros meios culturais, estariam indo contra princípios éticos e morais, como mulheres trabalhando fora do lar, homens sendo “mães”, excomungados sendo aceitos e “nobres” sendo exilados. Com isto fica fácil alegar que “características biológicas definem o papel social de cada indivíduo e que quebrar este tabu é algo profano” é uma visão trivial, porém errônea e que contradiz com os modelos práticos que temos em nosso meio cultural. Cada grupo dá sua contribuição para seu meio cultural(e cada indivíduo tem um papel fundamental nesses grupos, fazendo com que cada um participe diferentemente dos demais), e o comportamento não são determinados pelo aparato biológico, já que indivíduos “biologicamente idênticos” agem diferentemente em relações às mesmas situações e sob as mesmas condições. Tais desencontros são fruto da herança cultural de cada ser.