A Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia
Por: Leonardo Baggio Ortolani • 23/8/2018 • Monografia • 2.552 Palavras (11 Páginas) • 198 Visualizações
\chapter{Introdução}
\section{Contextualização do tema}
Baseado no conceito de produtos simples, inovadores e que não agridam o meio ambiente, este trabalho de TCC busca aplicar conceitos desenvolvidos ao longo da universidade em um nicho específico da agricultura intensiva, visando aproveitar a crescente preocupação de parte da população com o excessivo consumo de energia, água e aumento constante nos níveis de emissões da agricultura tradicional.
Segundo \citeonline{lal2016} há hoje cerca de 7,4 bilhões de pessoas no mundo, porém este número será de 9,7 bilhões em 2050, sendo que o maior crescimento será em países em desenvolvimento. Estimativas do autor apontam que, o aumento da produção agrícola para suprir a demanda futura da população mundial deve ser de 60\% a 70\% entre 2005 e 2050, e, apesar de haver crescimento expressivo nos últimos anos, será muito difícil atingir este número com os padrões de produção atual.
Segundo o IBGE o Brasil utilizou em 2016, 72 217 881 hectares de área dedicadas a agricultura, porém o rendimento médio para os principais produtos plantados no solo brasileiro não passa de 10.600 kg/ha. No livro \textit{The Vertical Farm} \cite{despommier2010}, é afirmado que as rápidas mudanças climáticas esperadas nos próximos 50 anos terão grande impacto na agricultura tradicional. Segundo estudos do autor, para cada 1 grau Celsius de aumento na temperatura atmosférica, haverá uma perda de 10\% da área que hoje é utilizada para agricultura. Esses dados comprovam a importância de um país como o Brasil, mesmo com grande território disponível para agricultura, necessitar se preocupar com a maneira como praticará agricultura no futuro.
Dados mostrados na \textit{The Stern Review on the Economics of Climate Change} \cite{stern2006}, uma pesquisa patrocinada pelo governo britânico, apontam que as consequências das mudanças climáticas custarão 74 trilhões de dólares para os governos dos países nos próximos 30 anos.
Cerca de 70\% de toda a água doce e limpa é utilizada para agricultura e, na maioria dos casos, esta água não pode ser reutilizada para irrigação ou consumo humano \cite{despommier2010}.
O grande aumento da demanda por comida somado a necessidade de reduzir ao máximo a utilização de recursos naturais escassos como a água, incentivam a busca por novas técnicas de cultivo de plantas que aumentem a produtividade de alimentos juntamente com a redução dos recursos utilizados na produção agrícola \cite{chirantan}.
Analisando todo o contexto da dificuldade que haverá da produção em massa suprir toda a demanda de alimentos nos próximos anos, uma prática que vem se destacando recentemente e pode ajudar muito no problema da produção de alimentos, é a ideia do faça você mesmo, também conhecido como “Do it yourself” conforme descreve \citeonline{intercom}, que como o próprio nome descreve, consiste em uma prática de realizar desenvolver qualquer tipo de produto ou serviço de forma autônoma, sem recorrer ao que é oferecido em larga escala no mercado.
Segundo os autores \citeonline{intercom} a prática do faça você mesmo ganha forças em períodos de crise, quando a diminuição de vagas formais de emprego faz com que as pessoas tenham mais tempo para desenvolver ideias simples e inovadoras em pequena escala, porém tais ideais muitas vezes tornam-se negócios viáveis de pequena escala.
Englobando a tendência crescente do “faça você mesmo “ destaca-se atualmente, o grande aumento da utilização da técnica de hortas verticais, a qual permite que qualquer pessoa consiga produzir uma parcela significativa de alimentos que precisará \cite{Despommier}. Esta nova técnica de cultivo permite não apenas um aumento de até 22 vezes a produção quando comparada com a agricultura de solo tradicional, como também utiliza 95\% menos água, além de outras vantagens como a redução do uso de fertilizantes e a capacidade de controle de grande parte das variáveis que afetam o crescimento de uma planta.
Dados do IBGE de 2016 apontam que o agronegócio movimentou 200 milhões de reais em 2016, sendo um dos poucos setores brasileiros não afetados pela crise econômica. Esse importante setor da economia tende a crescer ainda mais com o aumento da demanda por alimentos e, a utilização de novas técnicas de cultivo tendem a fazer parte deste grande mercado. O cultivo de hortas verticais pode proporcionar lucros ainda maiores para o setor agrícola, pois segundo \citeonline{chirantan} reduz o espaço necessário para o plantio, permite o controle dos fatores que influenciam o crescimento de uma planta e diminui o custo com transporte, visto que é possível produzir os alimentos próximo de centros urbanos, fazendo com que as hortas verticais sejam atrativas economicamente. – MANTER?
O uso da tecnologia, principalmente a automação, no agronegócio tem trazido aumento da produtividade no setor \cite{lal2016}. Para novas técnicas de cultivo, como as hortas verticais, esse fato não é diferente. Um controle constante dos parâmetros que impactam no desenvolvimento de uma planta, bem como a atuação no sistema de cultivo para corrigir variações nesses parâmetros, são necessárias para o aumento da produtividade e qualidade da produção de alimentos nas hortas verticais. A redução da demanda por trabalho manual por meio da automação também permite uma redução nos custos do cultivo das hortas verticais, tornando essa técnica ainda mais rentável economicamente.
A análise dos contextos de aumento da demanda e a necessidade de novas alternativas para produção de alimento de maneira sustentável e rentável, fizeram com que os autores deste trabalho identificassem uma oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Engenharia Mecânica no desenvolvimento de um produto no conceito de horta vertical para uso doméstico. Neste trabalho serão analisados em detalhes os pontos que regem o conceito de hortas verticais. Serão levantadas as principais características dessa nova técnica visando desenvolver um sistema de baixo custo e que necessite de pouco cuidado devido a sua automação.
\section{Caracterização da oportunidade}
Os dois principais tipos de hortas verticais são o hidropônico e o aeropônico, onde não é necessário solo para o cultivo das plantas. No cultivo hidropônico as hortaliças tem suas raízes expostas a uma solução corrente de água e nutrientes, já o aeropônico é uma tecnologia mais avançada que consiste em manter as raízes vivas a base de spray de água e nutrientes, o que economiza em média de 70\% à 80\% da água em relação a agricultura tradicional de acordo com \citeonline{despommier2010}, algumas empresas ainda afirmam que podem chegar a até 95\% de economia. O autor ainda cita como essas duas tecnologias permitem que o cultivo seja realizado em ambientes fechados e controlados, sendo assistidos por lâmpadas LED, que funcionam em espectros específicos de cor e com isso gastam menos energia elétrica, sistemas de monitoramento e controle de nutrientes, do pH, da temperatura e da saúde em geral do vegetal. Com isso se torna viável a produção em pequena ou larga escala, com uma eficiência maior que a agricultura convencional.
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