A Graduação em Ciências Econômicas
Por: Eduardo Piaia • 28/7/2021 • Monografia • 1.395 Palavras (6 Páginas) • 80 Visualizações
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Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Socioeconômico
Curso: Graduação em Ciências Econômicas
Disciplina: Ciência Política
Docente Responsável: Marcelo Serran
Aluno: Eduardo Akacio Piaia No Matrícula: 20101200
O objetivo deste trabalho é mostrar como o embate das ideias que Platão e que Aristóteles tinham, como sociedade ideal para a Pólis Grega continua parcialmente vivo, analisando as ideologias desenvolvidas posteriormente aos filósofos, e relacionar como estamos, nos tempos modernos, trocando o debate científico por propaganda ideológica, tendo como pontos últimos e fundamentais da análise a guerra fria, e o período eleitoral do Brasil em 2018.
Atenas: Is this tomorrow?
A dicotomia que tínhamos na Grécia antiga com o embate de ideários de Platão e Aristóteles nos acompanha até os dias de hoje, analisando os dois paralelamente podemos notar que Aristóteles tendia mais ao lado da liberdade individual que seu compatriota. Ainda hoje existem ideologias que bebem nas ideias de planificação tendendo mais as ideias de governo vertical de Platão e ideologias que pregam um planejamento mínimo ou até nenhum planejamento, com base nas ideias de liberdade Aristotélicas. Ambos eram defensores da Aristocracia como forma de governo, mas de maneiras diferentes. Platão defendia uma Aristocracia onde os filósofos ficariam no topo da pirâmide de poder, pois segundo ele seriam os mais aptos a assumi-lo, assim, tomando as decisões que encaminhariam a “Pólis”, na época da Grécia Antiga, para determinada direção. Já Aristóteles era a favor de uma Aristocracia comandadas pelos grandes detentores de posses, pois segundo ele, quanto mais ricos mais eles teriam condições para serem homens bem instruídos, capacitando-os para exercer um governo justo. O problema da Aristocracia antevisto ainda pelo próprio Aristóteles era de que a mesma se degeneraria com o tempo, pois seria passada hereditariamente, logo em certo ponto, ela se transformaria em uma Oligarquia, onde certo grupo detentor de poder faria a manutenção da sociedade afim de manter seus privilégios em detrimento da população. Fonte de ainda mais discordância entre os dois, era a maneira de com os recursos deviam ser distribuídos na sociedade, Platão descrevia um governo onde bens seriam compartilhados entre todas as pessoas, assim como mulheres e filhos, este último que teria tutela do estado. Aristóteles, era a favor da propriedade privada, inclusive a propriedade de escravos, assim como da preservação das instituições familiares.
O embate das ideias de Aristóteles e Platão influenciaram em última análise a uma outra dicotomia, do lado de Aristóteles temos o Capitalismo, que tem como principal base a propriedade privada e as instituições familiares. Do lado de Platão, o Socialismo, com o estado forte e vertical, e a destruição das bases familiares. Essas palavras eram desconhecidas na Grécia antiga, uma vez que a primeira aparição do termo Capitalismo foi em 1753 e socialismo apenas em 1834. Com o passar do tempo essas ideias foram sendo aprimoradas, principalmente no século Iluminista, com diversos autores como John Locke e seus ensaios sobre liberdade, e Jean-Jacques Rousseau com suas teses sobre a imoralidade da propriedade privada, autor que serviu de inspiração para a Revolução Francesa.
Posteriormente além do debate acerca da moral e da ética, bem como da filosofia, o campo de debate ampliou-se, estendendo-se para a economia, o que dá origem aos percussores da implantação prática do Socialismo, Karl Marx e Frederic Engels, que surgiram como resposta ao Liberalismo Clássico de Adam Smith. Mais uma vez podemos notar a dicotomia entre pensamentos opostos representados nas figuras de grandes intelectuais que marcaram época. Com a evolução dessas ideologias socioeconômicas, novos ramos nasciam, o que deixava o debate ainda mais extenso, cada vez mais se travavam conflitos entre marxistas e liberais, naturalistas e positivistas, dentre outros debates que outras correntes de pensamentos nos proporcionavam. Ainda um pouco mais a frente, com o marxismo deixado de lado pelo mainstream econômico, o embate da vez era entre Keynesianos e Liberais, principalmente entre as ideias de Keynes e Adam Smith, fora um dos últimos debates científicos de extrema relevância que temos notícia. Tudo isso nos leva a um ponto chave na história, após o socialismo ser deixado de lado por algum tempo, depois da primeira guerra mundial, diversas monarquias foram enfraquecidas, como a de Nicolau II, que após a revolução russa perdeu seu trono, em 1917, para os bolcheviques, representados principalmente por Vladimir Lenin. Após anos tomando o poder com a ajuda do exército vermelho, em 1922, foi criada a União Soviética. Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, EUA e URSS saíram fortalecidos da batalha, e começa mais um embate de ideologias, do lado dos EUA, o Capitalismo e do lado da URSS, o Socialismo, porém desta vez, o debate é ínfimo, a batalha de ideologias, transbordou o mundo filosófico e passou a ser guerreada em trincheiras, já não se tratava de quem convencia mais pessoas de que lado x ou y era melhor, e sim de quem tinha mais poder bélico, esse período foi narrado como Guerra Fria. A dicotomia agora era tratada de outra forma, se antes tínhamos Adam Smith, John Locke e Aristóteles, no lado capitalista, com suas ideais fantásticas de liberdade, durante a Guerra Fria tínhamos M14¹, com um poder de disparo nunca antes visto, e se antes tínhamos Marx, Rousseau e Platão com suas aspirações a uma sociedade perfeitamente planejada, do lado Soviético, tínhamos AK-47², com um poder de perfuração quase que inigualável por uma arma do porte.
A porção de debate que ainda não tinha sido substituída por guerra armada, posteriormente foi simplesmente deixada de lado, para o seu lugar, ambos os lados investiram em propagando ideológica. Fora usada uma lógica maniqueísta, ou seja, bem contra o mal, os estadunidenses em suas propagandas valorizavam a economia de mercado, o consumismo, o individualismo, a competição, o luxo e conforto, já a propaganda soviética enaltecia o coletivismo, a figura do trabalhador, o princípio da igualdade e a cooperação. A guerra que antes era de dialética, de ideias, de argumentação, passou a ser guerra armada, e posteriormente virou uma guerra de marketing, que englobava desde cartazes à cinemas, de propagandas televisivas às olimpíadas, tudo isso com o objetivo de mostrar que o outro lado estava errado, baseado geralmente em frases de efeito que eram empurradas à população.
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