A Resenha Avaliativa
Por: Enia Freitas • 1/11/2023 • Resenha • 891 Palavras (4 Páginas) • 96 Visualizações
Resenha Avaliativa 01
Enia de Freitas Almeida
Universidade Federal de Minas Gerais
eniafreitasa@gmail.com -
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. O homem empresarial. IN: A nova razão do mundo.
Boitempo editorial, 2016. p. 123-144.
A Nova Razão Do Mundo, livro escrito por Pierre Dardot e Christian Laval, foi publicado no
Brasil, no ano de 2016, através da Editora Boitempo. Segundo a Boitempo, Dardot é filósofo e
pesquisador especialista no pensamento de Marx e Hegel1
. Francês como Pierre, Laval é sociólogo
e pesquisador sobre temas que cortam o neoliberalismo.
A resenha em questão versará sobre o quarto capítulo da primeira sessão de A Nova Razão
do Mundo, denominado O homem empresarial. Neste capítulo, os autores tratam a temática da
corrente neoliberal austro-americana, caracterizada por sua aversão à intervenção estatal, com
ênfase na formação do agente – empreendedor – através da sua participação no mercado – espaço
de aprendizado -, segundo autores dessa vertente. Dentre os pensadores abordados por Dardot e
Laval, Von Mises é recorrente no capítulo. Sua posição é de reafirmação de um mercado auto
regulador e que a mediação feita pelo Estado nada faz de positivo, apenas impõe o autoritarismo e a
destruição da individualidade – esse pensamento, ao meu ver, é subjetivo e de caráter descolado da
perspectiva social e democrática.
O capítulo O homem empresarial, para além da parte introdutória, é composto por seis
tópicos. Nesse tópico introdutório, Pierre Dardot e Christian Laval tratam sobre os autores que
versam sobre o neoliberalismo, expõem suas lentes e ideologias. O Dardot e Laval iniciam o texto
apontando duas correntes distintas que tentam responder como o neoliberalismo atinge padrões
eficientes mesmo sem alcançar a perfeição. Temos a corrente que compreende a necessidade da
mediação estatal, a ordoliberal, e a corrente que não vê a possibilidade da ampla ação do mercado
quando há intervenção do Estado na economia, a austro-americana. Os franceses nos apresentam a
contribuição do pensamento austríaco no neoliberalismo ao descrever o concorrencialismo
neoliberal. Segundo os autores do livro, Von Mises e Hayek "privilegiam uma dimensão agnóstica:
a da competitividade e da rivalidade" (Dardot; Laval, 2016, p.125). Moldar o sujeito para torná-lo
empreendedor é fundamental para esse processo. Aqui, o empreendedor deve se afeiçoar e estar
"disposto a entrar no processo permanente da concorrência" (Dardot; Laval, 2016, p.125), a
1 BOITEMPO, Editora (ed.). AUTORES: PIERRE DARDOT. In: BOITEMPO, Editora. São Paulo: Editora
Boitempo, 2017. Disponível em: https://www.boitempoeditorial.com.br/autor/pierre-dardot-276. Acesso em: 11 abr.
2023.
dimensão da rivalidade como superação, ultrapassagem e descobertas para alcançar novas
oportunidades de lucro sempre mais eficientes.
No primeiro tópico, Crítica do intervencionismo, o autor aborda sobre a crítica de Von
Mises ao intervencionismo estatal na economia. Para Mises, a interferência estatal mina a
autonomia e funcionalidade do mercado - a ação de mediação do Estado é caminho para o
despotismo e totalitarismo. Para o neoliberal, "o governo deve contentar-se em assegurar as
condições da cooperação social, sem intervir" (Dardot; Laval, 2016, p.126). Há aqui uma
"exaltação das virtudes do livre mercado e do papel do interesse individual no funcionamento da
economia capitalista"
No segundo tópico, Uma nova concepção do mercado, os autores abordam a mudança do
conceito de mercado, que torna-se cambiante e auto criador – principalmente para Mises. Com essa
mudança, o principal agente de mercado é o empreendedor - que para alcançar melhores condições,
destina seus recursos para uma finalidade. Ao mercado é incumbida a responsabilidade de construir
o sujeito empresarial, e ao empreendedor o aprendizado
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