A SEGURANÇA NO TRABALHO

Este laudo foi construído e estruturado, com base nas imagens do trabalho e das tarefas desenvolvidas em um frigorífico da região sul do Brasil. Dando significado às imagens, observadas, surgem então muitas narrativas de protagonistas, que são trabalhadores e trabalhadoras que adoeceram trabalhando ou sofreram mutilações ou qualquer outro tipo de agressão à sua integridade física, além de fiscais do trabalho, funcionários do INSS, médicos do trabalho, pesquisadores, membros do Ministério Público do Trabalho e magistrados trabalhistas.

No primeiro momento da avaliação, é possível observar uma importante advertência no sentido de que a velocidade e a aceleração correspondem à uma realidade visível. É fato que os trabalhadores desempenham suas atividades em intensidades e velocidades inacreditáveis.

Observou-se que a quantidade definida para a produção era medida por segundos, por minutos, por hora, por jornada. De modo geral, os trabalhadores revelaram ter efetiva consciência de quanto deveriam produzir em cada uma dessas frações horárias para corresponder à meta estabelecida pelo empregador.

Os trabalhadores se posicionam numa mesa realizando os mesmos movimentos repetitivos, desossando e/ou cortando e/ou separando as carnes, em uma carga horária mínima de oito horas diárias. A quantidade definida para a produção é medida por segundos, por minutos, por hora, por jornada. Os colaboradores revelam ter efetiva consciência de quanto deveriam produzir em cada uma das frações horárias para corresponder à meta estabelecida pelo empregador.

A lógica matémática eminente adotada pelo empregador do ponto de vista produtivo, é de que não há nenhum questionamento ou preocupação com o custo (humano) que resultaria de se manter o sistema. Para o empregador, aplicando a lógica matemática, o trabalhador conseguia realizar determinada atividade em quinze segundos, então, em um minuto seria possível repeti-la por quatro vezes. Depois disso, a lógica número de atividades X tempo de realização foi projetada para uma hora e posteriormente para uma jornada da 8 horas.

Na avaliação dos movimentos executados na atividade, os tra¬balhadores chegam a executar 18 movimentos para desossar em 15 segundos uma perna de frango. Isso significa que realizam de 80 a 120 movimentos em um único minuto, quando, porém, é considerado seguro, ativar-se em até 35 movimentos por minuto. O limite seguro para este tipo de atividade, por exemplo, é desrespeitado cerca de três vezes acima do limite preestabelecido.

Os trabalhadores passam sua vida se colocando em risco ao manusear instrumentos perigosos ou atrás de esteiras, que ditam o ritmo do seu trabalho, fazendo com que se adaptem ao funcionamento das máquinas – robotização do homem. Esses indivíduos repetem as mesmas atividades dia após dia, são tarefas repetitivas, como a de desossar frangos. Os movimentos são previamente estudados, controlados e padronizados.

Na avaliação das metas de produção, evidencia-se por meio dos relatos oletados, que para se atingir as metas sem aumento de custo com os trabalhadores, empreende-se a aceleração do ritmo da produção, inclusive, se necessário, com aumento da velocidade das máquinas. Contudo, a avaliação das condições e do ambiente de trabalho, constatou-se que a estrutura física do frigorífico comportaria um abate, no mínimo, 50% menor. Portanto,