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A crise de satisfação pessoal no trabalho

Por:   •  5/9/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.435 Palavras (10 Páginas)  •  86 Visualizações

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A crise de satisfação pessoal no trabalho    

 

Todos os homens buscam a felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, embora revestido de visões diferentes. O desejo dá o último passo com este fim. É isto que motiva as ações de todos os homens, mesmo dos que tiram a própria vida.                                                                                                

Blaise Pascal  

 

Segundo Bergamini (2004), satisfação no trabalho é um estado de prazer emocional resultante da avaliação que um profissional faz sobre até que ponto seu trabalho apresenta a capacidade de facilitar ou permitir o atendimento de seus objetivos e valores.

Trata-se, de acordo com a autora, de um conceito bastante complexo e ligado a percepções individuais, envolvendo dimensões comportamentais, emocionais e cognitivas. Para Morris (1998), ao compreender o significado dessa satisfação, os indivíduos poderão entender o que precisam em sua vida profissional e pessoal. O autor afirma que, ao observar o que herdou dos grandes pensadores ao longo dos séculos e em todas as culturas mundiais, a sociedade contemporânea consolidou apenas três visões gerais  básicas de satisfação pessoal no trabalho. A primeira corresponde à “necessidade de obter prazer”, e sustenta a busca humana por dinheiro e bens. Sabe-se que o dia de trabalho não é apenas uma longa onda de prazer. Morris (1998) ensina que, entretanto, deve haver o máximo de prazer associado ao nosso trabalho. Quando sentem prazer no que fazem, as pessoas dão o melhor de si.  

As recompensas extrínsecas, salário, reconhecimento, status positivo,       promoções e até o aumento de poder àqueles que demonstram a capacidade de bem usá-lo são fontes de prazer,  geram alegria na experiência do trabalho e contribuem para uma vida satisfatória, ou pelo menos para uma experiência satisfatória no trabalho. A segunda abordagem entende a satisfação no trabalho a partir da  “necessidade de paz pessoal” e expressa-se através da busca, no trabalho, de tranqüilidade, serenidade e calma. Várias técnicas de motivação trabalham a fim de promover exatamente esse nível de satisfação, pois a ansiedade alcança, na contemporaneidade, proporções epidêmicas (HOUSTON,1999).

 Para o autor,  vive-se numa sociedade com alto nível de conflitos internos e externos. A paz consiste na ausência de conflitos internos que prepara para um melhor enfrentamento dos conflitos externos.  Sabe-se, em contrapartida, que as pessoas precisam de uma quantidade saudável de tensão em suas vidas.  A felicidade humana, para Morris (1997), não pode ser o equivalente emocional de um “grande cochilo”, até porque só existe quietude completa no túmulo, e os negócios são para os vivos.  A terceira parte do legado histórico sobre o significado da felicidade nos remete ao tema enquanto “criação e participação”, ou seja, a construção de coisas novas para enriquecer o mundo, o empreendedorismo positivo (MORRIS, 1998). Enquanto vista como prazer ou paz pessoal, a satisfação pessoal ou felicidade no trabalho evoca um estado relativamente passivo, por mais ativas que as pessoas sejam em sua busca.  A satisfação da necessidade humana de paz pessoal, paradoxalmente, não subsiste na passividade, dessa forma (MORRIS,1997, passim) argumenta que a felicidade no trabalho é um processo dinâmico de participação em algo que proporciona sentido e significado. Assim, embora conectada tanto à paz quanto ao prazer, a satisfação é encontrada na atividade. A satisfação pessoal  está no trabalho.  Concebendo a felicidade como a satisfação pessoal, Morris (1998), compilou dados sobre essa unidade existencial básica subjacente à diversidade manifesta na vida humana.  Observando a história da humanidade, de São Tomás de Aquino a William de Ockham, passando por filósofos e pensadores, o autor, filósofo contemporâneo, inferiu quatro dimensões universais que delineiam a satisfação humana e conseqüentemente, a satisfação no local de trabalho. Para o autor, essas quatro dimensões básicas da experiência humana,  estão  presentes  em   todas  as  culturas  do  mundo  e  ao  longo  de nossa história e mantiveram sua importância até hoje, sendo as constituintes da satisfação pessoal no trabalho e a base da motivação.

Para o autor, cada uma dessas dimensões formadoras da satisfação pessoal assenta-se sobre necessidades humanas básicas. Cada uma dessas necessidades precisa ser suprida através de uma meta, um alvo, e só recentemente as empresas têm atentado para sua importância, pois poucas empresas compreendem a relação direta entre necessidade e motivação. Para Bergamini (1994), há relação direta entre a motivação e as necessidades humanas.

A autora cita Freud como aquele que primeiro descreveu a natureza intrínseca da motivação, descrevendo-a como uma necessidade-estímulo que vem de dentro do organismo.  Essa energia da necessidade provém do homem, que é ao mesmo tempo fonte e fator de todas as suas ações. Conforme Bergamini (1994), as carências interiores e necessidades humanas não atendidas  colocam as pessoas em busca daquilo que dispõem, no meio ambiente, que se lhes possam servir como fonte e fator de satisfação, restabelecendo o equilíbrio rompido pela falta de saciedade de suas necessidades.  

Os estados interiores, assevera Bergamini (1994), são as principais fontes de energia do comportamento motivacional. A necessidade não suprida é a própria motivação, ou o motivo para  buscar um fator que possa satisfazê-la.  Assim, as necessidades são os motivadores e os fatores de satisfação. A motivação nasce somente das necessidades humanas, e não daquelas coisas que satisfazem essas necessidades. Quanto maior for a necessidade, mais motivada a pessoa estará.  Para Vroom (apud Bergamini, 1994), as pessoas somente estarão se sentindo motivadas se suas expectativas pessoais baseadas em suas necessidades estiverem sendo satisfeitas.  

O autor traça uma relação direta entre expectativa e motivação.  Uma vez valorizados positivamente os objetivos almejados, essa energia positiva, motivacionalmente, catalisará forças no sentido de fazer com que as pessoas trabalhem com afinco e procurem desempenhar o seu  melhor.  Tomando-se o entendimento de Bergamini (1994), Morris (1999) descreve que em cada uma das “dimensões geográficas“ dos indivíduos, há necessidades a serem supridas, anseios que os humanos, em todas as culturas e através do tempo, têm exprimido. São eles:      

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