A sociologia funcionalista nos estudos organizacionais: foco em Durkheim.
Por: Glauciane Izaltina Tassi • 1/11/2019 • Resenha • 1.518 Palavras (7 Páginas) • 317 Visualizações
RESENHA CRÍTICA
Mestranda: Glauciene I. Tassi
Professora: Adriana Rampazo
A sociologia funcionalista nos estudos organizacionais: foco em Durkheim.
Autor: Augusto Cabral
Capitalismo e moderna teoria Social
Autor: Anthony Giddens
Explorar, em síntese, a sociologia funcionalista, e sua influência nos estudos organizacionais foi o principal objetivo de Augusto Cabral em seu artigo “A sociologia funcionalista nos estudos organizacionais: foco em Durkheim”. Augusto Cabral é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em Administração pela UFMG. Mestre em Administração pela UECE e Mestre em Educação pela University of New Hamshire/EEUU. A priori, para o desenvolvimento do artigo, o autor direcionou seus esforços para analisar as obras de Durkhem e, por conseguinte, seu foco foi identificar o impacto e a supremacia do paradigma funcionalistas nos estudos organizacionais. Para a construção dessa resenha crítica, também será utilizado o artigo de Anthony Giddens “Capitalismo e moderna teoria Social” para fundamentar nossa discussão. Giddens é considerado por muitos "o mais importante filósofo social inglês do nosso tempo". Figura de proa do novo trabalhismo inglês e teórico pioneiro da "terceira via", tem mais de vinte livros publicados ao longo de duas décadas. Ocupa desde 1996 o prestigioso cargo de reitor da London School of Economics and Political Science.
Para compreender o percurso histórico funcionalista, Cabral inicia seus trabalhos por Auguste Comte, que expunha que o conhecimento e a sociedade eram vistos como estando em um processo evolucionário, cujo estágio “inicial” seria o teológico ou fictício; “intermediário”, o metafísico ou abstrato; e “final”, o científico ou positivo. Essas três etapas constitui a chamada “lei dos três estágios”, segundo a qual conhecimento e a sociedade evoluem numa direção bem definida. Já Giddens, inicia sua pesquisa apresentando que as diferenças entre Marx e Durkheim não é apenas a que existe entre as gerações diferentes de pensadores sociais, pois entre um e outro há um abismo no que se refere ao contexto institucional e tradição intelectual que informam o respectivo pensamento. As influências intelectuais que mais contribuíram para constituição da doutrina teórica de Durkheim foram também mais homogêneas e mais facilmente identificável do que as moldaram a obra dos outros dois autores. Se compararmos a obra de Augusto Cabral com a obra de Anthony Giddens, Cabral apresenta uma linguagem muito mais objetiva e simplificada dos fatos e teorias de Durkheim enquanto Giddens apresenta maior profundidade e riqueza de detalhes nos períodos analisados.
No primeiro estágio da “lei dos três estágios” de Comte citado por Cabral, os fenômenos são explicados por referência à vontade dos deuses e a realidades transcendentes; no segundo, recorre-se a conceitos mais abstratos, referentes a processos universais, como “natureza”; e no terceiro, o conhecimento se baseia na descrição dos fenômenos e na descoberta das leis objetivas que os determinam. Assim, a função da sociologia seria, compreender o necessário, indispensável e inevitável curso da história, de forma a promover a realização de uma nova ordem social. Para Comte, a sociedade era vista como um organismo em que cada parte tem uma função específica e contribui para o funcionamento do todo. De acordo com Giddens, (1997) o método de Durkheim, a exemplo de Comte e Spencer, inspirou-se nas ciências naturais, moldando-se ao paradigma fisicalista, sua teorização, se situa no contexto da sociologia da regulação de modo que sua sociologia reflete uma preferência pela ordem como força principal nas questões sociais. Neste sentido, a preocupação de Durkheim era com o status quo, a ordem social, o consenso, a integração e coesão social, e a solidariedade o caracterizam como um legítimo sociólogo da ordem e da regulação. (BURRELL E MORGAN 1994, p.44-45). Essa afirmação nos ajuda a compreender a sociologia Durkheimiana como estudo dos determinantes sociais do comportamento, como os deveres, as leis, e os costumes que unem e mantêm as pessoas em sociedade. Essa é a máxima do positivismo, “ordem e progresso”, na qual figura até hoje na bandeira brasileira.
Com relação as principais obras de Durkheim, destaca-se A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1895), O suicídio (1897), e As formas elementares da vida religiosa (1912). O primeiro desses livros, A divisão do trabalho social foi a tese de Durkheim, e trata das relações entre os indivíduos e a coletividade, ele estuda a passagem entre o que chamou de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. Durkheim se preocupava em diferenciar as causas de um fato social de suas funções, e argumentava que a explicação para a divisão do trabalho deve ser buscada em alguma variação dentro do contexto social. Assim, surge uma de suas ideias centrais, a definição da sociologia como a prioridade do todo sobre as partes, ou a irredutibilidade do conjunto social à soma dos elementos, e a explicação dos elementos pelo todo. A segunda obra referenciada no parágrafo acima, “A regra do método sociológico” refletia sobre a divisão do trabalho, para verificar se um fenômeno é causa de outro, ou seja, se um mesmo efeito corresponde sempre uma mesma causa, pois ele defendia que pode haver uma sociologia objetiva cujo objeto é o fato social. No que tange a obra O suicídio, Durkheim propôs identificar, por meio de uma análise precisa de um fenômeno especifico, a natureza dessa lacuna moral que se manifesta nas sociedades contemporâneas. (GIDDENS, 2005). A relação do indivíduo com o grupo e com as normas e valores prevalecentes no grupo é a preocupação maior no livro, que parte da hipótese de que as causas do suicídio estão nas condições sociais. De acordo com a definição do fenômeno, Durkheim afasta as explicações de tipo psicológico, embora reconheça que possa haver uma predisposição psicológica. Porém, o fator determinante é social. Por fim, na última obra mencionada, “ As formas elementares da vida religiosa”, Durkheim visa elaborar uma teoria geral da religião, com base na análise das instituições e a religião é ainda uma forca de coesão social aceita por Durkheim como postulado de ordem geral que constitui nas sociedades primitivas poderosa fonte de altruísmo: as crenças e as práticas religiosas têm o efeito de reprimir o egoísmo, de inclinar os homens para o sacrifício e para o desinteresse.
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