Resenha crítica – Um livro bom, pequeno e acessível sobre Estudos Organizacionais – CHRIS GREY
Por: Rafaela Gomes • 14/10/2015 • Resenha • 2.821 Palavras (12 Páginas) • 1.503 Visualizações
Disciplina de Teoria das Organizações
Prof.ª Dr.ª Ana Batista
Aluna: Rafaela Gomes da Silva
Resenha crítica – Um livro bom, pequeno e acessível sobre Estudos Organizacionais – CHRIS GREY
A primeira edição deste livro foi publicada em 2005 e ainda que a reação gerada tenha sido gratificante, este livro alcançou o público ao qual Grey esperava atingir. Atenção tanto da comunidade acadêmica quanto dos jornalistas.
Grey direcionasse um dos motivos pelo qual a maioria dos estudos sobre organizações ocorre nas escolas de administração. Em grande parte delas, pelo menos nas “de elite”, predomina uma atmosfera estéril em que não se consegue nada que não seja a reprodução da ortodoxia administrativa. Grey aponta que nessas instituições é de um conformismo cada vez mais servil às tabelas e rankings (de escolas, programas, publicações, etc.), o que torna a possibilidade de qualquer tipo de trabalho intelectual sério, e a expressão de opiniões heterodoxas, algo raro e cada vez mais difícil.
No livro é feito um comparativo entre o mundo das escolas de administração, em que o público dos MBAs, em especial, está continuadamente exposto a trivialidades, enquanto os acadêmicos fazem o de sempre. Dividida em duas partes, a primeira delas tem a ver com as revistas especializadas, nas quais os acadêmicos precisam publicar alguma coisa para consolidar suas carreiras. Estas revistas apresentam-se em três níveis. O primeiro deles é o das publicações norte-americanas “de elite”, vem a seguir um segundo nível, que é principalmente europeu e por fim, vem então o terceiro nível, que é a imensa proliferação de revistas especializadas de qualidade extremamente variada, que permitem a publicação de praticamente tudo.
O autor chama atenção para essas publicações, na qual julga que os leitores que não sejam acadêmicos possam entender duas coisas a respeito do mundo das publicações ditas especializadas. A primeira é que elas interessam aos próprios acadêmicos muito mais do que a qualquer outro leitor e a outra é que o conteúdo dessas publicações, seja qual for o seu nível, não é lido nem interessa a alguém de fora da comunidade acadêmica.
Grey aponta ainda a segunda parte no tocante ao motivo de os estudos sobre organizações interessarem a um público muito reduzido. Os membros intelectualmente orientados e politicamente progressistas da comunidade acadêmica de estudos sobre organizações passaram a ser cada vez mais soterrados pelo obscurantismo. Todos os anos um verdadeiro maremoto de escritos é lançado sobre este ou aquele teórico.
Estabelecido o contexto dessas reações, o autor ressalta que a principal razão para a acolhida favorável do livro é o estado de incerteza que domina nosso campo e o texto não deixa de ser uma tentativa de traduzir essa literatura para um formato mais compreensível.
No desenvolvimento deste livro Grey descreve algumas coisas sobre “o estudo das organizações” e para isso utiliza o campo dos estudos de administração, que é aquele em que a maioria dos estudos sobre organizações se desenvolve, é crescentemente caracterizado por livros-texto imensos. Na busca de criar um livro um pouco diferente daquilo que é a norma entre os acadêmicos (um livro extenso, abrangente, especializadíssimo ou original), Grey escreve um livro interessante sobre os estudos das organizações, em que pretende discorrer tanto sobre as organizações quanto sobre a teoria da organização, pois são tópicos intimamente relacionados.
A respeito da organização, é mais difícil uma distinção entre teoria da organização e organizações, por um lado, e administração, por outro. Principalmente porque grande parte da teoria trata das organizações apenas ou essencialmente do ponto de vista de como administrá-las – de como completar sua missão. Logo, o autor destaca que no mundo real, aquilo que permeia praticamente tudo é a organização e sua administração.
Em seguida, o autor faz um comentário sobre pessoas que estudam organizações, na qual cita os teóricos da organização – as pessoas que estudam organizações como meio de vida – estão aí nas mais variadas modalidades, aderem a uma multiplicidade de escolas de pensamento que defendem a agridem com notável ferocidade. Mas existem alguns campos extremamente fundamentais em que quase todos se dividem. Uma distinção é entre aqueles que acreditam que a teoria da organização é, ou acabará sendo, uma ciência não muito diferente das ciências naturais. Grey afirma então que a tarefa da teoria da organização é revelar essa realidade, descobrir as leis pelas quais ela opera e então prever os eventos futuros.
Ele retoma ainda que existem outros tipos de distinções entre aqueles que estudam organizações. Além dos positivistas como cientistas que tem inclinações para números e os construtivistas como intérpretes com inclinação para descrição, outra distinção que de maneira obscura e paradoxal se relaciona a tudo isso é aquela existente entre gerencialistas e críticos. Os gerencialistas se interessam pelas organizações a partir de um ponto de vista todos particulares: aquele de como administrá-las com máxima efetividade. Já os críticos mostram-se mais preocupados com o entendimento da organização coo um todo, com alguma preferência partidarizada pelos gerenciados em detrimento dos gerentes. E esses críticos são mais comumente encontráveis no campo construtivistas.
Assim sendo, o autor irá decorrer no livro uma espécie de conversa continuada, perpassando abordagens gerenciais e críticas. Que por um lado estará explicando uma ou outra dessas abordagens, mas, mais seguidamente, estará buscando uma justaposição das duas. Da mesma forma, estará falando sobre a teoria da organização como um corpo de pensamentos adotado em relatos convencionais e de livro-texto, por outro lado, estará usando conceitos voltados para crítica da teoria da organização, a fim de iluminar e desafiar a sabedoria convencional.
Grey parte então para a teoria e prática, onde a teoria é mais bem compreendida como um meio de as pessoas implementarem agendas particulares. A teoria segundo o autor é uma arma usada para coagir os outros a aceitar a prática. Nesse sentido, a teoria não se afasta muito da prática, mas é uma forma de pelo menos explicar e no mínimo justificar a prática. Grey destaca ainda que a teoria diz respeito a mobilizar ideias, argumentos e explicações para tentar dar sentido à prática, mas também para influenciá-la.
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