Administração
Por: Letícia Lisbôa Carnichelli • 23/8/2015 • Exam • 3.815 Palavras (16 Páginas) • 170 Visualizações
Aula 17
MAX WEBER: A "ÉTICA PROTESTANTE", O "ESPÍRITO DO CAPITALISMO" E O CAPITALISMO
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Maximillian Weber (Max Weber) 1864 - 1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado, juntamente com Karl Marx, Augusto Comte, Émile Durkheim um dos fundadores da Sociologia.
Julien Freund (1921 – 1993) foi um cientista político alemão e lecionou na universidade de Estrasburgo. Seu livro Sociologia de Max Weber é uma das mais competentes interpretações do pensamento de Weber.
Nota: devido a certas características fonéticas às vezes os alunos principiantes da área das ciências sociais podem confundir certos nomes próprios, tais como Julien Freund / Sigmund Freud, Karl Marx / Max Weber, Thorstein Veblen / Max Weber
APRESENTANDO O ASSUNTO
É muito comum a ideia de que o lucro é uma coisa exclusiva ou típica ou ainda própria e inerente ao sistema capitalista. E só a ele. Nada mais equivocado.
Ao contrário do que a princípio alguém menos informado pode imaginar, a ideia de lucro, o interesse com o lucro, com a busca, a posse e a ostentação de bens materiais, não é alguma coisa que acontece exclusivamente na sociedade capitalista. O capitalismo pode ter exacerbado (intensificado) esse comportamento, o que de fato ocorreu e isso é perfeitamente explicável, por sinal.
A ideia de lucro e tudo o mais que ele pode significar, era coisa conhecida antes mesmo do aparecimento do capitalismo. Como também antes do aparecimento do capitalismo existiu a preocupação com o luxo e com a ostentação da riqueza. Isso aconteceu tanto na época da economia feudal ou senhorial assim como aconteceu nas cortes dos antigos faraós egípcios...Até aqui, portanto, nenhuma grande novidade.
A novidade, ou aquilo que podemos chamar assim, é que tal tipo de preocupação e tal comportamento orientado para a busca do lucro e o que ele representa, ganhou uma enorme importância e alcançou uma extraordinária dimensão exatamente no e com o aparecimento da economia de mercado ou do sistema capitalista. E acima de tudo, a preocupação com a busca do lucro deixou de ser considerada um vício, uma atitude moralmente condenada como acontecia no passado para ser considerada um comportamento "normal" ou até mesmo com uma qualidade pessoal exemplar, uma virtude enfim, não um vício.
Jornais, documentários ou revistas de todos os tipos, publicações variadas enfim, especializadas ou não em economia, trazem habitualmente artigos ou entrevistas com empresários de sucesso. Essas entrevistas costumam revelar detalhes da rotina de trabalho do empresário; é quando ficamos sabendo que tal ou qual "homem de negócios", seja um banqueiro ou um industrial, acorda de madrugada, chega cedo para trabalhar no escritório e volta para casa tarde da noite; que passa a manhã analisando os negócios do dia anterior e planejando os negócios para o dia seguinte; que costuma almoçar com outros empresários e que a conversa nesses encontros gira em torno de negócios, quando, entre outras coisas, tenta descobrir o que andam planejando seus concorrentes. Ficamos sabendo também que viaja muito, sempre a trabalho e que não sabe há quantos anos não tira férias, que procura não gastar dinheiro com coisas supérfluas, e que está sempre atento para não perder um bom negócio ou então para ganhar uma concorrência e outros detalhes pessoais e profissionais do gênero.
Enfim, nosso empresário passa boa parte do dia (e da vida..) trabalhando, ocupado com os seus negócios, como fazê-los prosperar, como evitar a falência da empresa, como vencer o concorrente, como "faturar" mais... E todos ficam admirados com esse empresário, citado como uma espécie de modelo de vida a ser seguido pelos jovens. Por quê? Porque ele TRABALHA e VALORIZA O TRABALHO. E o que é mais importante: ele faz isso voluntariamente, por sua livre e espontânea vontade, sem ser obrigado ou forçado por alguém.
O "ESPÍRITO DO CAPITALISMO" : A "PRIORIDADE Nº 1" É O TRABALHO
Max Weber, que conheceremos neste texto, diria que o comportamento desse empresário manifesta com muita clareza aquilo que ele chama de "espírito do capitalismo", ou seja, uma extrema dedicação voluntária ao trabalho e uma obstinada preocupação com os rumos dos seus próprios negócios.
Um comportamento desse tipo na época pré-capitalista, essa obsessão pelo trabalho e dedicação voluntária a ele seria totalmente inimaginável. As regras da sociologia da Idade Média não vislumbravam a possibilidade de uma ascensão social. Não era possível, como se aprendeu no ginásio, o homem ascender de uma categoria social para outra, ou seja, como se costuma dizer, "subir na vida". E tampouco era possível "descer" socialmente falando. A condição social era dada pelo nascimento, era hereditária. Não existia aquilo que os sociólogos chamam de "mobilidade social". Nasceu servo, morreria servo. Nasceu nobre, morreria nobre. Com todos os deveres, desvantagens ou vantagens e privilégios que cada condição ou situação social conferia às pessoas. Os servos trabalhavam porque esse era o "destino" social deles, tanto quanto o "destino" dos nobres era viver no ócio, não trabalhar, mas sim, viver do trabalho dos servos... O trabalho era considerado uma atividade indigna para o nobre. Existia a preocupação com o lucro, é claro, mas lucrar não era um verbo conjugado com tanto interesse como ocorreria mais tarde no capitalismo.
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