Empreendedorismo - Origem e desafios para o Brasil no século XXI
Tese: Empreendedorismo - Origem e desafios para o Brasil no século XXI. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: A10N2A20 • 15/9/2014 • Tese • 5.891 Palavras (24 Páginas) • 750 Visualizações
Empreendedorismo – origem e desafios para o Brasil do século XXI
O conceito
Ao falar sobre indivíduos empreendedores, Amit (1993) observou: “estes indivíduos ultrapassaram seus limites, enfrentando e superando as dificuldades, tanto da época quanto pessoais e desenvolveram negócios lucrativos e duradouros. Mesmo quando não tiveram êxito em um primeiro momento, não desistiram e recomeçaram”.
A palavra empreendedor é derivada da palavra francesa entrepeneur, que foi usada pela primeira vez em 1725 pelo economista irlandês Richard Cantillon para designar o “indivíduo que assumia riscos”. Embora a palavra tenha quase três séculos de existência, a origem do empreendedorismo se perde no tempo.
Antes de abordar o empreendedorismo no Brasil é necessário compreender como evoluiu esse conceito.
Os primórdios do empreendedorismo
Se considerarmos a evolução humana, pode-se dizer que o homem primitivo já possuía uma veia empreendedora. Naquela época, para sobreviver era necessário construir diversas ferramentas que tinham por objetivo agilizar a caça de animais. Para se ter uma ideia, o Homo Habilis, um dos ancestrais da atual raça humana, surgiu há aproximadamente 2 milhões de anos, e já possuia hábitos de caça.
Milhares de anos se passaram e um importante salto para o empreendedorismo ocorreu com as grandes civilizações antigas. Um bom exemplo são os egípcios, famosos por suas pirâmides. Para construir uma dessas maravilhas, estima-se que eram necessários 30 mil homens e 20 anos de trabalho. Na agricultura pode-se observar a perspicácia desse povo, que aproveitava a cheia do rio Nilo para preparar a terra para o plantio da safra seguinte. Além disso, eles foram muito importantes para áreas como a matemática e a engenharia.
Empreendedorismo em ascensão
Mas o que eram apenas esforços para a sobrevivência (dos homens primitivos) e demonstração do conhecimento acumulado ao longo dos séculos (como as construções edificadas pela civilização egípcia), posteriormente ganhou contornos econômicos a partir do século XV. Pelas palavras de Fernand Braudel “as grandes concentrações econômicas pedem concentrações de meios técnicos e o desenvolvimento da tecnologia: assim ocorreu com o Arsenal de Veneza no século XV, com a Holanda no século XVII, com a Inglaterra no século XVIII”.
O século XVI também merece especial atenção. Movidos pela efervescência das feiras internacionais da época (as feiras de Antuérpia, de Frankfurt e de Lyon são alguns exemplos), os europeus desbravaram o mundo em uma época que ficou conhecida como o período das Grandes Navegações. Holandeses, ingleses, portugueses e espanhóis são os grandes representantes desse movimento, expandindo suas missões empreendedoras pelos demais continentes do mundo.
A inteligência e a eficácia do trabalho humano cresceram de tal forma que a produção (principalmente de mercadorias e alimentos) tornou-se excessiva. Para dar vazão a esse acúmulo é que surgiu o mercantilismo, a semente de tudo que conhecemos hoje em termos de empreendedorismo.
O empreendedorismo no Brasil
Foi a partir do século XVII que os portugueses, percebendo a imensidão e o grande potencial de exploração do território brasileiro, começou a ocupar definitivamente essas terras, distribuindo-as aos cidadãos portugueses, vindos principalmente da região de Açores.
Dentre os homens que realizaram os mais diversos empreendimentos (muitos deles à custa de trabalho escravo degradante), um merece destaque: Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Descendente dos primeiros empreendedores portugueses, ele foi responsável pela fabricação de caldeiras de máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, armas e tubos para encanamentos de água. Foi responsável também pelos seguintes empreendimentos:
• Organização de companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas;
• Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e Rio de Janeiro;
• Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio e Janeiro, em 1854;
• Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856.
Seu legado foi tamanho que ele ainda hoje é reconhecido como uns dos primeiros grandes empreendedores do Brasil. Ao longo do século XX outros empreendedores também deixaram sua marca na história brasileira. São eles:
Luiz de Queirós – precursor do agronegócio brasileiro e grande incentivador da pesquisa cientifica no setor. Foi o criador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), umas das unidades fundadoras da USP;
Attilio Francisco Xavier Fontana – foi deputado, senador e vice-governador de Santa Catarina. Mas seu legado maior foi a criação do Grupo Sadia (Atual Brasil Foods, resultado da fusão entre Sadia e Perdigão);
Valentim dos Santos Diniz – fundador da rede de supermercados Pão de Açúcar, Valentim Diniz revolucionou o varejo com novas formas de atendimento ao cliente, alterações nos sistemas de embalagem, refrigeração, técnicas de venda, publicidade e administração, influenciando padrões de consumo e comportamento.. O que era apenas uma doceria no ano de 1948 hoje se tornou um grande grupo, dono das marcas Pão de Açúcar, Extra, Compre Bem, Sendas, Assai e Ponto Frio.
Guilherme Guinle – foi proprietário da Companhia Docas de Santos, da Companhia Siderúrgica Nacional, e responsável pela abertura do primeiro poço de petróleo no Brasil, em Lobato, na Bahia, além de oferecer grandes doações pessoais por meio da Fundação Gaffrée & Guinle para a pesquisa científica nacional;
Wolff Klabin e Horácio Lafer – criadores da primeira grande indústria de celulose brasileira, a Klabin;
José Ermírio de Moraes – responsável pela transformação da Sociedade Anônima Votorantim em um grande conglomerado, o Grupo Votorantim, que atua em diversos segmentos, como têxtil, siderurgia, metalurgia, cimento e produtos químicos. O grupo também é dono do Hospital Beneficência Portuguesa.
Os desafios
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