Empresas de higiene pessoal e seu custo de vida
Por: Ernestox22 • 20/2/2017 • Artigo • 3.543 Palavras (15 Páginas) • 320 Visualizações
- Introdução
Seja qual for o mercado, os investimentos de capital demonstram o crescimento econômico de um país. O investimento está relacionado à oferta e demanda de serviços, o que resulta em fatores além dos meramente econômicos, como no aumento dos níveis de emprego e de renda da população (SANTOS et al, 2011). Uma das teorias mais gerais e comumente aceitas para esclarecer as variações de curto prazo no investimento é a do Q de Tobin. Através desta teoria em relação ao investimento pode-se obter uma explicação pela razão entre o valor de mercado das empresas e o custo de reposição do capital (SANTOS et al, 2011).
Uma das grandes dificuldades para explicar as variações que ocorrem nos investimentos é o fato de que diferentes fatores determinam diferentes tipos de gastos. A partir disto, Shapiro (1985, p. 269) afirma que “nenhuma teoria única é capaz de ser aplicada a todas as formas de gastos com investimentos”. O que é corroborado pela afirmação de Casagrande (2002) apud Kammler e Alves, (2009), para o qual, o investimento é primordial nas deliberações econômicas, uma vez que define o desempenho da economia.
A teoria do q de Tobin estruturada por Brainard e Tobin (1968) e Tobin (1969), apud Stocco (2009), auxilia na compreensão das empresas nas tomadas de decisões relacionadas a investimentos. Os autores notaram que as inversões são incentivadas quando a reposição dos ativos físicos de uma determinada empresa é menor que o valor de mercado de suas ações.
Trabalhos como estes incentivaram mais estudos que motivaram a utilização de diferentes abordagens do Q de Tobin e suas respectivas aplicações nas empresas brasileiras, com o intuito de verificar se os resultados desses trabalhos seriam confirmados aqui. O Brasil é um país de economia que ainda está se desenvolvendo aos poucos, a realização de investimentos pela firma pode estar relacionada com outros fatores como as altas taxas de juros e as grandes restrições ao crédito enfrentadas pelas empresas, o que enfraquecem o efeito do valor do Q (SOUSA, 2007).
A utilização de tecnologia de ponta e o consequente aumento da produtividade, favorecendo os preços correntes do setor, tem se tornado essencial na indústria de Higiene Pessoa, Perfumaria e Cosméticos (HPPC). A partir desse investimento encontra-se um dos setores que se mantém estável no país mesmo em tempos de crise, pois segundo dados da Associação da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o crescimento médio anual entre 1996 e 2014 foi de 10% a.a.
Segundo dados do IBGE, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) corresponde a 1,8% do PIB brasileiro. O Brasil representa cerca de 2,8% da população mundial e 9,4% do consumo mundial de HPPC, o que demonstra a grande importância do país para o setor (GONZALES, 2016).
Esse setor é marcado pela presença de grandes empresas internacionais, com vasta atuação global, as quais investem em diversidades ou especialidades nos segmentos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, e pelas pequenas e médias empresas nacionais, em grande número, focadas na produção de cosméticos (CAPANEMA et al 2007).
Uma característica essencial para este setor é a necessidade constante de apresentar novidades. Para cumprir esse objetivo, são investidas anualmente grandes somas de recursos em lançamentos e promoções de novos produtos visando se diferenciar entre as demais firmas do setor. Entre os fatores relevantes para a competitividade das empresas, destaca-se a importância dos ativos comerciais, como marca, embalagens e canais de comercialização e distribuição (CAPANEMA et al 2007).
A utilização de tecnologia de ponta e o consequente aumento da produtividade, favorecendo os preços praticados pelo setor, que tem aumentos menores do que os índices de preços da economia em geral, também tem influenciado o crescimento do setor no Brasil.
Portanto, este artigo utilizou o método de Tobin aproximado para efetuar o cálculo do Q e baseou-se nos trabalhos teóricos acima apresentados para fundamentar os resultados encontrados.
- Referencial teórico
2.1 Inovação nas empresas
A teoria da inovação vincula-se, enquanto legado histórico, a Joseph Schumpeter, economista austríaco e professor da Universidade de Havard, o autor realizou estudos nos quais afirmam que as longas ondas dos ciclos do desenvolvimento do capitalismo é resultado da conjugação ou combinação de inovações, que criam um setor líder na economia, ou um novo paradigma, que passa a impulsionar o crescimento rápido dessa economia (PIRES, 2003).
Richartz e Maia (2015), citando Drucker (1985), enfatizam que para o autor a inovação é de grande relevância para os empreendedores, o meio pelo qual eles buscam explorar a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente. Sejam a partir de inovações em produtos, serviços, processos, marketing, modelos de negócio e em formatos organizacionais, emergem como elemento decisivo de ação organizacional, juntamente com outros elementos como facilidade na obtenção de informações e desenvolvimento de conhecimento, dentre outros fatores.
A literatura em diversas áreas aponta a inovação como elemento chave para a criação e sustentação de vantagens competitivas, de forma que a empresa se destaque entre as demais, ou mesmo como elemento fundamental para a compreensão de muitos dos problemas básicos da sociedade (HAGE, 1999). A estratégia da inovação torna-se essencial para que as empresas sejam lucrativas e rentáveis, por trabalhar as competências, a criatividade e a capacidade de verificar soluções alternativas (CANONGIA et. al., 2004).
Para que as firmas possam garantir a sua sobrevivência e manter-se competitiva em mercados internacionais ou nacionais, é fato que as empresas necessitem investir em inovação (LAZZARI; BAMPI; MILAN, 2014). Dessa forma, a inovação emerge como um recurso fundamental para o enquadramento da empresa às normas ou às exigências do mercado externo e também para a abertura de novos mercados (GORODNICHENKO, SVEJNAR E TERRELL, 2010).
2.2 Q de Tobin
A relação do Q de Tobin teve início com Tobin e Brainard (1968) e Tobin (1969) e tem se mostrado de grande relevância com aplicações consideráveis em trabalhos teóricos e empíricos quanto no processo de decisão de investimento de financistas e empresários (MATOS, 2011).
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