Filodofia
Por: Luckas Venâncio Freitas • 10/9/2015 • Monografia • 13.689 Palavras (55 Páginas) • 121 Visualizações
SAM
Clac, clac, clac...
- Seus irmãos sonham em ser guerreiros?
- É o que todas crianças desejam ser, Sam.
- Oque você deseja ser?
Hugh Calr deu uma leve pausa. Enquanto isso, Sam voltou sua atenção novamente aos pequenos irmãos de seu amigo. O céu azul com sua grande majestade apresentava suas nuvens em infinitas formas diferentes, era mais belo que qualquer pintura que já viu antes. Ao seu redor, a terra era coberta por uma espessa grama em certas regiões, podia ver todos os tipos de árvores e seus diferentes frutos, novamente olhou para os irmãos de Hugh, os dois brincavam com pedaços de madeira que simulavam espadas. Clac, clac, ressoavam os paus quando se chocavam. O irmão mais velho entre os que brincavam atirou a espada do seu irmão para longe com um único golpe e o empurrou com o pé.
- Não vale usar o pé. - disse o mais novo que estava sobre a grama.
Harth Carl, o mais velho entre os dois riu do humilhado irmão que se levantou num pulo e ambos correram para lá da vista de Hugh.
- Cuidado! Não vão muito longe! Daqui a pouco vocês vão prestar seus juramentos. - gritou Hugh, mas foi ignorado.
O sol estava escondido entre as nuvens e se manifestou, raios de luz refletiam sobre os lustrosos cabelos castanhos de Hugh, e seus olhos azuis vivos fitaram-no e depois de um breve momento disse:
- Promete não rir de mim?
- Vou tentar não rir, mas o que de você quer ser? Um bobo?
Hugh deu um leve suspiro, estava sentado apoiando suas mãos no chão, olhou para o imenso céu e respondeu solenemente:
- Bem, sei que o que desejo ser está fora de meu alcance. Não sou nenhum nobre, apenas mais um camponês de uma família qualquer...
- Você quer ser um Lorde, ou... Um rei?
Hugh riu.
- Você é todo burro. Isso nem sequer passou pela minha cabeça, mas o que realmente desejo ser é um Estudante da Natureza.
Sam ficou surpreso com a resposta do amigo.
- Bem, achei que fosse o único com esse desejo. - respondeu Sam.
- Sério? - disse entusiasmado – Sabe... Antes eu tive esse mesmo pensamento.
Ambos riram. Hugh foi o primeiro a parar e olhou para um cartaz velho que estava preso na parede de uma casa.
- Talvez haja um jeito, mesmo que seja único, para eu conseguir ir para a Realeza de Daze.
- Impossível! Só nobres tem esse direito, e seus filhos são selecionados. Selecionados! Nem todos que desejam ser um Estudante da Natureza na Realeza conseguem essa dádiva.
Hugh parecia não se importar com a opinião de seu amigo.
- Sam, você é muito pessimista. Com esse pensamento negativo não irá muito longe. Se você não der nenhum passo por causa do seu medo obsessivo de fracassar, não irar a lugar nenhum. Errar faz parte...
- Não sou pessimista! - por fim disse - Sou realista. É bem diferente.
- Bem, sua visão de realidade tá mais para ilusão.
- Então me diga, que jeito você encontrou para conseguir ir para a Realeza?
Hugh novamente olhou para aquele cartaz. Tornou a falar depois de uma curta pausa.
- Não estou tão certo da veracidade da minha suposição, mas acho que se eu capturar ou denunciar algum Sthephen ao Rei, talvez ele realize meu pedido como recompensa...
Suas palavras soaram tão vazias, pensou Sam.
- Graças aos Sthephen, o rei perdeu uma irmã - disse Hugh.
- E os mesmos Sthephen não são vistos há 25 anos.
- É cada idiotice que digo.
- Pelo menos temos paz!
- Já ouviu falar na Outra Face da Ciência?
- Tem a ver com as ciências exóticas?
- Sim, eles ensinam que a ciência tem duas faces, uma é a da natureza, e a outra a sobrenatureza. Numa eles estudam aquilo que pode ser percebido por nossas sensações, ou seja, tudo aquilo que é físico, e a outra face represente estudos metafísicos que de alguma forma influencia ou um dia influenciou o nosso mundo físico. Sei lá, mas o jeito como um cara me disse certo dia me inspirou muito, e até hoje me arrepio quando penso nisso.
- Quem te disse isso?
- Um Filósofo Engenheiro de Hamiyze, veio aqui para estudos e pesquisas. Cara! Ele sabe deixar o cara maravilhado pela natureza. Não importa o que digam, quero ser um Conhecedor da Natureza.
- Sempre quis voar, mas as condições me impedem, e o mesmo acontece com você. Tem o sobrenome errado, num mundo onde ele é o que define o futuro de alguém.
Aquilo abafou de vez o que restou de esperança para Hugh, talvez já tivesse percebido que seria impossível realizar esse sonho. "É uma pena amigo, ter um sonho que você não pode realizar", pensou Samwell. Percebeu que suas mãos penetraram o solo macio que era coberto pelo gramado, nas suas unhas ficaram presas uma grande quantidade de terra um pouco úmida. Ambos estavam perto de um belo açude e sobre a sombra de uma grande árvore. O tronco era tão grosso que coube para os dois apoiarem suas costas sobre ele. Hugh encarou novamente Sam, e por fim disse:
- Talvez você tenha mesmo uma visão realista das coisas. Mas observei que você acha qualquer plano falido.
- De certa forma...
Sam foi interrompido por um estrondoso barulho de sino. O som emitido era tão alto que as ondas sonoras faziam seus corpos vibrarem a cada batida. Hugh se levantou apressadamente, e bateu as mãos na parte de trás do calção para tirar qualquer poeira.
- Já vai começar a cerimônia. Preciso chamar meus irmãos. - articulou Hugh já a procura dos irmãos.
- Te espero lá. - falou num tom elevado vendo que seu amigo já tinha alcançado certa distância.
Momentos depois, Samwell olha para trás e sobe a colina e visualiza uma casa feita de rochas tão duras como ferro. Estava descalço e sentia a grama entre os dedos, sentia leves cócegas, foi até o muro e calçou seus pés com sandálias que havia deixado lá, logo ergueu sua cabeça e leu pela milésima vez aquele cartaz que Hugh tanto fitava.
"Família Sthephen, condenada por traição à morte. Qualquer denuncia ou captura de qualquer membro dessa família será bem recompensado..."
O sino ainda tocava, depois da sétima vez não houve mais repetições. Viu Hugh e seus dois irmãos apressados para a cerimônia.
...