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Juliane Fernandes Oliveira

Por:   •  2/10/2015  •  Artigo  •  3.070 Palavras (13 Páginas)  •  462 Visualizações

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DA SINALIZAÇÃO A SEÑALÉTICA

        A mobilidade social não se manifesta somente nas estradas; a complexidade da vida contemporânea não está presente exclusivamente na circulação de carros e pedestres. É a mesma organização social com suas instituições, seus comércios e com a quantidade e variedade de serviços que oferece, a que interpõe uma série de cenários sucessivos na trama da vida cotidiana, que os indivíduos estão obrigados a atravessar, a circular e realizar ações e operações diversas e nem sempre simples.

        Assim nasce por necessidade uma série mais evoluída de sistemas de informação e orientação no espaço: a señalética. Estas necessidades são as que definem sua natureza, suas características e suas funções, as quais serão estudadas tomando como referencia sua prática antecessora: a sinalização viária.

        O curso da evolução pela qual passou a sinalização, quando não se chamava assim, isto é, desde a antiguidade até o desenvolvimento alcançado em nossos dias, demonstra claramente uma tendência progressiva que vai da intuição que levou os indivíduos a colocar sinais onde, todavia, não havia caminhos – sinalizar equivale então a traçar caminhos para orientação dos viajantes -, a atitude empírica fundada na observação direta dos fatos, a experiência e a prática – que continua através dos séculos até a idade média -, até os primeiros intentos da mentalidade racionalista para regulamentar a circulação, em 1607, e a vontade crescente de normalizar e sistematizar os procedimentos da informação por sinais. A linha de universo desta evolução apresenta uma inflexão evidente com o crescimento das cidades e da população, e da industria automobilística junto com a progressão e do aperfeiçoamento das redes viárias, o desenvolvimento da indústria do turismo e da mobilidade social.

EMPIRISMO E REDUNDÂNCIA DA SINALIZAÇÃO

        

        Contudo, o fundamento da sinalização é e segue sendo empírico. A observação dos fatos diários, a experiência baseada nos fatos precedentes e a prática, ajudados pelo controle estatístico, são as bases que tem dado lugar as sucessivas convenções, comissões e acordos internacionais, relativamente recentes (início do século), os quais resultam no sistema viário atual. Este apenas sofre variações conceituais e técnicas, e a informática tem sido aplicada na gestão reguladora dos fluxos, isto não modifica o sistema de sinalização propriamente dito que ainda conserva os critérios, os códigos, a linguagem e as normas, praticamente sem mudanças.

        Se na sinalização os problemas são conhecidos previamente graças à observação empírica, também o são os sinais e seus códigos, isto é, as soluções. Os signos têm sido aprendidos e memorizados pelos usuários, e assim institucionalizados, formam parte da cultura visual dos nossos tempos. O aprendizado deveria ser feito desde as escolas primárias e não quando se alcança a idade para conduzir veículos. O racionamento pedagógico atual é errado e neste sentido, já que o código de circulação não é exclusivo para uma parte dos usuários. Os que circulam sobre um motor e também para os pedestres, que é a condição elementar do homo erectus que somos todos antes de sermos condutores.

        A necessidade de alterar os fluxos de pedestres e de veículos, é uma necessidade universal, como a de regularmos um cruzamento, advertir de um perigo ou da urgência de reduzir a velocidade em determinados lugares. Todas estas situações são perfeitamente previstas pela sinalização; até localizar os pontos-chave no espaço real e situar-los no plano ou no mapa da cidade ou das estradas, e aplicar o elemento sinalizador que corresponde, de acordo com as normas restritas de implantação. Estes elementos, que constituem um catálogo de objetos perfeitamente definidos, estão previamente construídos e disponíveis para sua instalação: são os semáforos, painéis, etc. Seus tamanhos, escalas, materiais, os métodos de fabricação, os sistemas de iluminação e de montagem, tem sido definidos com precisão em um documento de condições técnicas que, a sua vez, incluem todo o conjunto de regras para a fixação de cada sinal (placa): distâncias do ponto que se anuncia ou do perigo próximo, alturas, fixação, instalação, posição das placas em relação ao pedestre e o motorista, funcionamentos automáticos, normas para manutenção. Por conseguinte o sistema de sinalização viária é um sistema fechado, sem variantes e praticamente concluso – salvo novas necessidades, que sempre serão variáveis do sistema existente – e dispostos para uso.

        Definitivamente sinalizar não é a ação de aplicar sinais existentes ha priori, ha problemas sempre repetidos. É obvio que estas situações problemáticas são bem conhecidas e estão tipificadas em uma lista estatística de problemas que se repetem indefinidamente: travessia de pedestres, atenção, ônibus, etc. São situações absolutamente presentes na circulação viária mundial. Esta aqui, pois o empirismo e a redundância, dos fatores implícitos na sinalização e que diferem da señalética.

A SINALIZAÇÃO E O AMBIENTE

        

        Por outro lado convêm examinar, alem do que já foi visto e das relações dos sinais com os motoristas e pedestres – questão que já consideramos-, suas relações com o espaço exterior: o entorno (ambiente). Todo o conjunto de elementos e operações de sinalização, assim como o seu resultado, compõem uma espécie de balização (limitação) do mundo, uma pontuação do espaço circulatório, os itinerários e a paisagem (rural e urbana, viária e de auto-estradas). Deste modo o entorno aparece como um pano de fundo indiferente, sem que ao receber a sinalização, pela seqüência de sinais, não sofra modificações essenciais no sentido topológico e ecológico. A sinalização não altera a configuração do entorno e nem se sujeita a isso, pois é concebida e percebida como um complemento necessário, e por isto justificado. Isto recorda claramente a idéia de um cenário (o meio ambiente)e, por outro lado, as cenas que se desenvolvem: a circulação viária. A sinalização somente se interessa –compreensivelmente- por esta última.

        Sinalizar, por tanto não requer uma adaptação especial a morfologia da paisagem do entorno, nem a seu estilo; o centro de uma grande cidade, um bairro industrial ou uma zona residencial, antiga ou monumental, ou uma urbanização moderna, empregam indistintamente os mesmos signos e os mesmos elementos físicos, os mesmos princípios de sinalização. Por isto mesmo, esta não altera o aspecto geral do ambiente, e menos ainda, pode imprimir-lhe um caráter ou reforçar sua própria personalidade. A sinalização urbana ou viária incorpora elementos que, por serem estandartizados, criam um efeito uniforme, indiferenciado, e também despersonalizados do ponto de vista da identidade e a imagem própria de cada cidade e de cada paisagem, como um tributo que deve render-se à funcionalidade e segurança. A sinalização, junto com o mobiliário urbano (semáforos, postes, fontes, bancos, cabines telefônicas, painéis publicitário, etc.) constituem um conjunto de objetos, muitas vezes, estranhos a paisagem e cuja presença contribui para diluir o caráter particular de bairros e cidades. Nas cidades que são consideradas monumentos históricos e artísticos, e que possuem um controle administrativo que tipifica as classes de títulos e placas permitidos e regula a sua proliferação, a sinalização viária, não obstante, não será afetada por isso, e seria irreal pensar que,por razões puramente estéticas, deveria criar-se uma sinalização especial para estes casos- que se resolvem, em parte, com a supressão do trafego. É imaginável um sistema de sinalização para cada pais, cada região, cada cidade, enfrentando o racionamento estético a razão de ser da sinalização. Nenhum organismo ou autoridade discute este assunto, que é essencialmente a orientação e a segurança dos indivíduos.

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