Mundo do Trabalho: Construção Histórica e Desafios Contemporâneos
Por: Isabel Ferreira • 21/2/2019 • Resenha • 1.425 Palavras (6 Páginas) • 1.753 Visualizações
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Universidade Federal de Alagoas
Campus Arapiraca/Unidade Palmeira dos Índios
Curso de Psicologia
Disciplina: Psicologia Organizacional e do Trabalho 1
Docente: Adriano César Rosa da Costa
Discente: Maria Isabel Ferreira Silva
RESENHA DESCRITIVA
O capítulo Mundo do Trabalho: Construção Histórica e Desafios Contemporâneos, autoria de Lívia de Oliveira Borges e Oswaldo H. Yamamoto, pertencente ao livro Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil, tem como objetivo explicitar e ampliar as concepções a respeito da palavra trabalho e como um estudo mais crítico acerca desse tema, desde seu surgimento, gera uma discussão mais rica e aprofundada. Sendo este capitulo dividido em quatro tópicos.
O primeiro tópico, Concepção do Trabalho: da Degradação a sua Glorificação, aborda a trajetória do conceito de trabalho, desde a antiguidade, quando os autores começam a dialogar utilizando o pensamento de Platão e de Aristóteles sobre o que seria trabalho no Império Romano, ao surgimento do capitalismo e as concepções capitalistas liberais que surgiram e as concepções marxistas que vieram posteriormente, as duas últimas concepções são utilizadas para retratar a nova visão sobre trabalho. Os autores deste capítulo a fim de retratar as diversas concepções de trabalho apresentam os pensamentos de diversos autores que se complementam e se opõe, pois para uns o trabalho torna-se o centro de tudo, outros enxergam como sendo uma mercadoria e uma forma de exploração e alguns acreditam que o trabalho glorifica o homem e traz o crescimento pessoal para o mesmo.
O segundo tópico, A Secularização da Concepção do Trabalho, retrata as tentativas de formulação e transformação da concepção do trabalho após o capitalismo e as crises que a ele acompanharam. Com a influência do positivismo no século XIX teve surgimento a chamada “administração cientifica”, tendo como principais pensadores Taylor e Fayol, sendo as ideias de Fayol completares das concepções tayloristas. Apesar da administração cientifica ter uma visão integrativa acabou por intensificar o processo de exploração e alienação no trabalho. Também com essa visão integrativo os outros do capítulo trazem o movimento do fordismo, desenvolvido por Henry Ford, que introduz na forma de trabalho a cadeia de montagem com o intuito de padronizar as produções e estabelecer um ritmo controlado de trabalho. Apesar destes modelos introduzirem inovações que acarretaram impacto na organização e gestão do trabalho acabaram por também intensificar características como o parcelamento das atividades e a monotonia do trabalho, assim resultaram por renovar e/ou reafirmar a concepção capitalista tradicional do trabalho gerando uma negação das lutas de classe.
O terceiro tópico, A Construção do Estado do Bem-estar e a Consolidação do Gerencialismo, aborda as construções gerenciais e socioeconômicas para superação dos fatores históricos ocorridos na primeira metade do século XX (a Grande Depressão, ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial) que afetaram severamente o mundo do trabalho. Com os acontecimentos relatados anteriormente, foi necessário realizar mudanças no plano econômico e destacou-se o surgimento do keynesianismo, que trouxe ideias opostas as ideias liberais (como o clico progressista), que eram centrais no capitalismo daquele momento, pois Keynes acreditava que o capitalismo liberal era incompatível com a estabilidade econômica, assim este modelo tinha uma visão mais complexa sobre trabalho. Através dessas novas ideias surge um novo modelo de desenvolvimento que em seus acordos coletivos de trabalho apresentam instrumentos para lidar com os conflitos capital-trabalho, este modelo recebe o nome de Estado do Bem-estar (Welfare State). Após a implementação desse modelo ouve um aumento da produção de conhecimento sobre o ato de gerenciar, surgindo diversas abordagens e teorias sobre o assunto, pois o gerencialismo trazia consigo diversos eixos relacionados a economia. O modelo do Estado de Bem-estar foi responsável por uma onda de progresso associada à ideia de bem-estar social, assim o trabalho passa a manter um papel econômico/salarial e também possibilita qualidade as relações interpessoais e de bem-estar, porém este modelo não aplicado de forma homogênea no mundo.
O quarto tópico, Do Esgotamento e Superação do Estado de Bem-estar e seus Impactos, retrata as consequências das transformações históricas que ocorreram no quarto final do século XX, como o colapso do “socialismo real” e a falência do Estado de Bem-estar, e como a sociedade lidou com tais mudanças e em quais concepções de trabalho resultaram. Para facilitar o entendimento sobre tais transformações os autores dividiram esse tópico em três subtópicos, sendo o primeiro: As transformações organizacionais e o esgotamento do Estado de Bem-estar. Esse subtópico explica que ao decorrer do esgotamento do modelo de Estado de Bem-estar as organizações passaram a se transformar, adotando novas tecnologias na produção, revolução nos meios de comunicação e surgimento de novos estilos de gestões são as mudanças mais impactantes que ocorreram. Através da apresentação da resistência dos trabalhadores à cadência da máquina o capital percebeu que não iria conseguir eliminar a iniciativa operaria e nem expropriar o saber operário, então foi necessário traçar estratégias para lidar com esses trabalhadores e uma delas foi dando abertura à participação para eles. Mesmo com o desenvolvimento de planos para os trabalhadores se conformarem com as novas formas de trabalho, as tecnologias, em partes, ainda estavam gerando polêmicas.
No segundo subtópico, Os aspectos conjunturais do esgotamento do Estado de Bem-estar, os autores retratam que entre as décadas de 1980 e 1990 houve, entre os autores da época, um movimento de relacionar a introdução das novas tecnologias e modos de gestão ao desemprego, que havia aumentado naquele mesmo período, informalização do trabalho e crescimento de trabalhos autônomos, acompanhados do surgimento da sensação de insegurança e instabilidade recorrente as questões de trabalho. Posteriormente os autores iram afirmar que ao analisar as diferenças de desenvolvimento de vários países é possível compreender que existem variações do crescimento econômico e geração de empregos no mesmo pais e que isso não necessariamente se vincula as novas tecnologias e aos novos modelos de gestão e desemprego. Em meio a essa conjuntura surge o fenômeno conhecido como globalização que traz impactos parta o mundo do trabalho, como alta circulação do capital financeiro e tecnológico, bombardeio de informações e transformação de significados e a criação de possibilidades de se viver diferentes identidades. O mundo do trabalho, a partir da década de 1970, apresenta-se com um crescimento mais lendo da economia seguido de um desemprego estrutural e uma persistência de várias formas de discriminalização (como por qualificação ou gênero), dentre outros pontos que surgiram com a nova conjuntura.
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