O Gênero, Sexualidade e Educação
Por: ishibapaty • 16/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.484 Palavras (6 Páginas) • 256 Visualizações
Gênero, Sexualidade e Educação
Compreendendo o conceito: Gênero
O conceito de gênero que enfatizado por Guacira está ligado diretamente àhistória do movimento feminista contemporâneo. Constituinte desse movimento, eleestá implicado lingüística e politicamente em suas lutas.Na virada do século, as manifestações contra a discriminação feminina adquiriram umavisibilidade e uma expressividade maior no chamado "sufragismo". O sufragismopassou a ser reconhecido, posteriormente, como a "primeira onda" do feminismo. Estemovimento estava voltado à estender o direito de voto as mulheres. Após alcançaremseus objetivos mais imediatos, houve uma acomodação no movimento.É somente na década de 60, com a então denominada
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segunda onda
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que ofeminismo, além das preocupações sociais e políticas, irá se voltar para as construçõespropriamente teóricas. No âmbito do debate entre estudiosas e militantes, seráengendrado e problematizado o conceito de gênero.É, portanto, em um contexto de efervescência social e política, de contestação ede transformação, que o movimento feminista contemporâneo ressurge, expressando-senão apenas através de grupos de conscientização, marchas e protestos públicos, mastambém através de livros, jornais e revistas. Militantes feministas participantes domundo acadêmico vão trazer para o interior das universidades e escolas questões que asmobilizavam. Surgem os
estudos da mulher.
Tornar visível aquela que fora ocultada foi o grande objetivo das estudiosasfeministas desses primeiros tempos. É preciso notar que essa invisibilidade, produzidaa partir de múltiplos discursos que caracterizaram a esfera do privado, o mundodoméstico, como o "verdadeiro" universo da mulher, já vinha sendo gradativamenterompida, por algumas mulheres. Sem dúvida, desde há muito tempo, as mulheres dasclasses trabalhadoras e camponesas exerciam atividades fora do lar. Suas atividades, noentanto, eram quase sempre rigidamente controladas e dirigidas por homens egeralmente representadas como secundárias. Mais ainda, as estudiosas feministas iriamtambém demonstrar e denunciar a ausência feminina nas ciências, nas letras, nas artes.Assim, os estudos iniciais se constituem, muitas vezes, em descrições dascondições de vida e de trabalho das mulheres. Contam, criticam e, algumas vezes,celebram as
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características
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tidas como femininas.No entanto, as propostas, que iam desde a "integração do universo feminino aoconjunto social" até pretensões mais ambiciosas de "subversão dos paradigmas teóricosvigentes", enfrentam muitas dificuldades para se impor. Mas estes primeiros estudostiveram, acima de tudo, o mérito de transformar as, até então, esparsas referências asmulheres em tema central. Guacira afirma que eles, decididamente não eram neutros.Coloca-se aqui, uma das mais significativas marcas dos Estudos Feministas: seu caráterpolítico. Objetividade e neutralidade, distanciamento e isenção, que haviam seconstituído, convencionalmente, em condições indispensáveis para o fazer acadêmico,eram problematizados, subvertidos, transgredidos.Os estudos sobre as vidas femininas aos poucos vão exigir mais do quedescrições minuciosas e passarão a ensaiar explicações. Para algumas as teorizaçõesmarxistas foram referência, para outras as perspectivas construídas a partir daPsicanálise poderão parecer mais produtivas. Haverá também aquelas que afirmarão aimpossibilidade de ancorar tais análises em quadros teóricos montados sobre uma lógicaandrocêntrica e que buscarão produzir explicações e teorias propriamente feministas,originando o "feminismo radical". Essas diferentes perspectivas analíticas, embora fonte
de debates e polêmicas, não impedem que se observem motivação e interesses comunsentre as estudiosas.Numa outra posição, estarão aqueles/as que justificam as desigualdades sociaisentre homens e mulheres, rementendo-as, geralmente, às características biológicas. Sejano âmbito do senso comum, seja revestido por uma linguagem "científica", a distinçãobiológica, ou melhor, a distinção sexual, serve para compreender
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e justificar
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adesigualdade social. Para que se compreenda o lugar e as relações de homens emulheres numa sociedade importa observar é necessário demonstrar que não sãopropriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características sãorepresentadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir,efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um dadomomento histórico.
Gênero, sexo e sexualidade
O termo gênero passa, então, a ser usado como distinto de sexo. Visando"rejeitar um determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferençasexual". O conceito serve, como uma ferramenta analítica e ao mesmo tempo política.Ao dirigir o foco para o caráter "fundamentalmente social", não há, contudo, a pretensãode negar que o gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados, ou seja, não é negadaa biologia, mas enfatizada, deliberadamente, a construção social e histórica produzidasobre as características biológicas.O conceito passa a ser usado, então, com um forte apelo relacional
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já que éno âmbito das relações sociais que se constroem os gêneros. Na medida em que oconceito afirma o caráter social do feminino e do masculino, obriga aquelas/es que oempregam a levar em consideração as distintas sociedades e os distintos momentoshistóricos de que estão tratando. Observa-se que as concepções de gênero diferem nãoapenas entre as sociedades ou os momentos históricos, mas no interior de uma dadasociedade, ao se considerar os diversos grupos (étnicos, religiosos, raciais, de classe)que a constituem. Portanto, o termo não pode ser simplesmente transposto para outroscontextos sem que sofra um processo de disputa, de ressignificação e de apropriação.Assim, no Brasil, é apenas no final dos anos 80 que as feministas passarão a utilizar otermo
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gênero
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.No
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