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OS SABERES DOCENTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Por:   •  7/5/2015  •  Tese  •  4.162 Palavras (17 Páginas)  •  407 Visualizações

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OS SABERES DOCENTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR AUTOR Cleidinalva Maria Barbosa de Oliveira Mestranda em Educação da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Coordenadora de Material Didático do CEAD/UFPI. cleidinalva@ufpi.edu.br José Augusto de Carvalho Mendes Sobrinho Professor Doutor da Universidade Federal do Piauí (UFPI/DMTE/PPGEd). Bolsista de Produtividade do CNPq. jacms@uol.com.br RESUMO O presente estudo tem como objetivo refletir sobre a prática pedagógica do professor autor e os saberes docentes mobilizados na sua atuação profissional e suas contribuições na construção do processo ensino/ aprendizagem eficaz. O professor que atua na EaD, ao interagir com sua prática, depara-se com vários questionamentos, levando-o a repensar sua atuação e seus saberes. Devido a esta nova situação na prática pedagógica da ação docente desenvolve habilidades e estratégias para lidar com essa realidade. Este estudo é bibliográfico, com análise qualitativa, foi realizado com base em autores como: de Freire (1996); Pimenta (1999); e Tardif (2002). Os resultados indicam que um dos principais saberes identificados na atuação do professor autor é o saber experiencial, demonstrando que o professor constrói suas próprias estratégias de ação docente em função das necessidades e urgências da prática, daí a importância de uma melhor capacitação e inserção dos outros saberes na vivência e formação deste. Palavras-chave: Prática pedagógica em EaD. Saberes docentes. Professor autor. INTRODUÇÃO A Educação a Distância (EaD) está cada vez mais se adequando as novas teorias pedagógicas, bem como, inovado-se com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). O resultado desse processo pode ser observado na aceitação das pessoas quanto esta modalidade de ensino, e o crescimento da modalidade nas instituições educacionais nos últimos tempos. Tornando o processo de ensinar e 2 aprender cada vez mais sofisticado, assim como a comunicação entre as pessoas que agora através da virtualização, compartilham simultaneamente as mais diversas sensações e atividades. Dessa forma, as Instituições de Ensino Superior (IES) estão ingressando nessa nova forma de ensino, utilizando-se da interação em ambientes virtuais para aplicação de aulas e cursos na modalidade EaD. Neste processo de mudança de paradigma educacional os professores também são influenciados, surgindo novos perfis de profissionais, são professores atuando nos mais diversos setores, adquirindo e desenvolvendo saberes profissionais. Compreendemos que um dos maiores desafios dos professores e pesquisadores é delimitar e conhecer sobre os saberes docentes mobilizados na prática pedagógica da EaD. Dentro dos mais diversos perfis que o professor pode assimilar em um curso na modalidade EaD, têm-se o professor autor. Na EaD o professor autor exerce diversas funções e estas variam de instituição para instituição, corroborando com o pensamento de Dominiquelli (2008) a sua principal atuação dar-se no sentido de que este: Constrói o conteúdo programático e didático do curso/aula; Trabalha com a equipe interdisciplinar; Coordena o trabalho do webdesigner e ilustrador sobre o programa e Material didático do curso/aula; Desenvolve técnica de liderança; Deve saber lidar com os grupos diversos; Tem proximidade com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC); Deve possuir formação para a área de atuação; Deve ler, avaliar, comentar e acompanhar as atividades dos alunos. Além destas há muitas outras competências e habilidades a serem desenvolvidas e realizadas pelos professores autores. Assim, cada vez mais temos nos questionados sobre a função e os saberes do professor autor, sobre sua atuação e perfil nas plataformas virtuais. Como podemos observar o professor deve estar atuante nos mais diversos contexto da modalidade de EaD, dessa forma acreditamos que o professor ao produzir um texto didático e ao atuar em um ambiente virtual, ele está em um constante processo de construção de novos conhecimentos, aplicando o conhecimento na prática e desenvolvendo novas habilidades. Estes professores devem conduzir e introduzir um perfil de eterno aprendiz e pesquisador está aberto às novidades que surgem constantemente na modalidade de ensino, sempre disponível para aprender e ensinar seus conhecimentos. Ser um professor autônomo que procura investigar sua prática, cultivando um ambiente rico de informações, pois a modalidade propicia a ele uma gama de ferramentas e meios que podem ser usados para assessorar atuação enquanto 3 professor autor, mas, sempre procurando atingir o foco principal que é colaborar com os alunos todos estes conhecimentos. Este estudo é baseado em pesquisa bibliográfica e na experiência de um dos autores com a modalidade de EaD, onde no contato com este meio, tanto com o material quanto como professor on-line, verifica-se algumas dificuldades na prática destes. Compreende-se que a prática pedagógica embasada nos saberes docentes pode contribuir para a melhoria qualitativa do material didático utilizado na EaD. Vislumbrase com este estudo a possibilidade de levantar reflexões acerca da prática pedagógica do professor autor na modalidade EaD, verificando assim seus saberes competências que mobiliza na atuação com a modalidade de ensino, pois quando se delimita os saberes docentes e sua prática mais utilizados na elaboração destes, torna-se mais fácil a adaptação pedagógica do material e a atuação do professor à modalidade de ensino. Os saberes docentes da prática pedagógica necessárias ao professor autor Com todas as mudanças, no meio escolar, e com o advento das tecnologias, vem atingindo o docente em diversos âmbitos seja na sua prática pedagógica, seja na maneira de refletir sobre o saber fazer. Assim, uma das grandes questões levantadas é a formação e a prática do docente no contexto atual, pois esta formação representa um grande desafio, principalmente formar um docente reflexivo. De acordo com Brito (2005, p 47), a prática docente “não se resume a um espaço de aplicação de saberes, mais compreende que essa prática é, também, um palco de produção de saberes relativos ao espaço profissional”. Assim os docentes são sujeitos de seu próprio conhecimento.Gauthier (1998) e Therrien (2002) ressaltam a necessidade de pesquisas acerca dos saberes docentes, lembrando que a tarefa de ensinar é um ato complexo, e compõe um ato de mobilização de diversos saberes docentes. O docente, portanto, deve ser abordado na sua tripla relação com o saber: como sujeito que domina saberes, que transforma esses mesmos saberes e ao mesmo tempo precisa manter uma dimensão ética desses saberes. Em outras palavras, de um lado, atua como uma pluralidade de saberes já definido e produzido por outros, e que constituem parte insubstituível do repertório de informações que deve dispor para o exercício da profissão. Por outro lado o desafio da transposição didática em situações reais da prática pedagógica obriga-o a gerar e produzir saberes [...]. (TERRIEN, 2002 p. 108- 109). 4 Nestes aspectos podemos observar a importância dos saberes para o estudo acerca da ação pedagógica. Abrir este leque de reflexão acerca da prática e dos saberes é importante porque no confronto das ideias e paradigmas são produzidos novos conhecimentos. Os saberes detalhado nesses estudos são os destacados por Freire (1996); Pimenta (1999); e Tardif (2002), melhores detalhados nos próximos parágrafos: Freire (1996) expõe alguns saberes necessários à prática educativa, dentre eles ressaltamos três. O primeiro é, “não há docência sem discencia”, ou seja, o saber da pura experiência feito, “[...] pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito o estímulo à capacidade criadora do educando” (p. 32-33). O segundo, “ensinar não é transferir conhecimento”, “[...] mas cria a possibilidade para a sua própria construção” (p. 52). E por ultimo, “ensinar é uma especificidade humana”, refere-se ao “[...] saber da impossibilidade de desunir o ensino dos conteúdos da formação ética do educando” (p. 106); além disso: Como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. (FREIRE, 1996, p.11). Freire aborda, essa concepção, como uma intervenção no meio educacional, e através dessa intervenção, ou prática, o professor vai formado e definindo seu perfil profissional, assim como seus saberes. Pimenta (1999) traça historicamente alguns saberes da formação dos professores, como: os saberes pedagógicos, que são inerentes ao relacionamento professor-aluno, a importância do interesse dos alunos, sua motivação e, as técnicas de ensinar. Em outra época o saber científico e experiencial. Para elaborar os saberes inerentes a prática docente atual, Pimenta (1999) baseia-se em Houssayae (1995) e firma que “os saberes pedagógicos devem ser construídos a partir das necessidades pedagógicas postas pelo real, para além dos esquemas apriorísticos das ciências da educação”. (PIMENTA, 1999, p. 25). Para ela o retorno de uma pedagogia autêntica ocorrerá a partir do momento em que as ciências da educação passam a reinventar os saberes docentes a partir da prática social da educação. Pois, 5 Os saberes sobre a educação sobre a pedagogia não geram os saberes pedagógicos. Estes só se constituem a partir da pratica, que os confronta e os reelabora. Mas os práticos não os geram só com o saber da prática. As práticas pedagógicas se apresentam, nas ciências da educação como estatuto frágil [...]. (PIMENTA, 1999. p. 26-27). Tardif (2002, p. 63) esclarece que o saber docente é um “saber plural, formado pela amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais”, esse autor classifica os saberes em: Saberes da formação profissional: são os conhecimentos ligados as ciências da educação, destinados à formação dos professores desde teorias a métodos pedagógicos; Saberes disciplinares: emergem da tradição cultura e dos grupos que produzem os saberes de cada área. Correspondem aos diversos campos de conhecimento, tais como, Matemática, História, Literatura, etc.; Saberes curriculares: correspondem aos discursos, objetivos conteúdos e métodos e apresentam-se concretamente em forma de programas escolares; e, Saberes experienciais: correspondem a saberes que os professores desenvolvem baseados em seus trabalhos cotidianos e no conhecimento do seu meio. Tardif (2002, p. 233) considera o professor como sujeito ativo de sua própria prática, pois aborda e organiza a partir de sua vivência, de sua história de vida, de sua afetividade e de seus valores. Para ele “o pensamento, as competências e os saberes dos professores não são vistos como realidades estritamente subjetivas, pois são socialmente construídos e partilhados”. A reflexividade do professor autor na sua prática pedagógica Um dos papeis fundamentais que os professores devem assumir é o de professor reflexivo. A esse respeito Donald Schön (2000), afirma que a reflexão na e sobre a ação resulta no diálogo com a situação concreta, na descoberta de novos modos de ser a agir. O docente que procura refletir acerca de sua própria prática reconstrói competências pessoais e profissionais, redescobrindo uma nova forma de atuar. Para Contreras (2002) é necessário resgatar essa base reflexiva da atuação profissional, com o objetivo de entender a forma em que realmente se abordam as situações problemáticas da prática docente, e para entender e melhorar a prática pedagógica. O professor ao realizar esta reflexão na ação acaba se transformando em um pesquisador de sua própria práxis, transformando-a em objeto de indagação dirigida à melhoria de suas qualidades 6 educativas, ao refletir sobre sua própria prática, o professor busca formar sua identidade profissional, sobre o ensinar e o aprender. O processo de ensinar vem tornando-se cada vez mais complexo, com as TICs, a identidade profissional acaba também acompanhando esse processo de mudança social, e através da flexibilidade o professor acaba adaptando-se ao meio, A identidade não é imutável. Nem externo, que possa ser adquirido. Mas é um processo de construção do sujeito historicamente situado. A profissão de professor, como as demais, emergem em dado contexto e momento histórico, como resposta a necessidade que estão postas pelas sociedades, adquirindo estatuto de legalidade. (PIMENTA, 1999, p. 18). Assim podemos pensar a formação da identidade docente como um desafio possível, de ser superado. Sobre a prática docente Brito (2005) afirma que ela não se resume a um espaço de aplicação de saberes, mas compreender que essa prática é, também, um palco de produção de saber relativos ao ofício do profissional. O professor autor como produtor de conhecimento Para que o professor possa atuar como produtor de conhecimento na modalidade EaD, este requer uma formação que contemple a inclusão de metodologias educacionais que ajudem os educandos a aprender e desenvolver suas capacidades. Cada um possui seu conceito de ser professor, este pautado nos saberes docentes produzidos e constituídos a partir da produção e atuação como professores autores, podendo tanto propiciar ao professor a construção de saberes evidentes, quanto outros saberes que se revela à medida que a reflexão se institua. Está reflexão pode dar-se no ato de sua prática profissional, como autor, ou como professor de disciplina, e essa produção de conhecimento, e de saberes constituem-se num processo contínuo presente em cada fase de sua atuação. Para Tardif (2002, p. 120), “a tarefa do professor consiste, grosso modo, em transformar a matéria que ensina para que os alunos possam compreendê-la e assimilá- la”. Na modalidade EaD essa produção torna-se mais complexa pois este deve aprender a gerenciar também atividades a distância, aliando-as ao material impresso. Cortelazzo afirma que, 7 Se os professores conhecerem a tecnologia que usa esses meios como suporte e praticar a leitura e, até mesmo, a escrita dessas mídias eletrônicas para poderem trabalhar, com seus alunos, “o conhecimento caoticamente retido através dos meios de comunicação de massa e das mais diversas tecnologias”, poderão incentivá-los a produzir novos conhecimentos dando a sua contribuição para o conhecimento coletivo. (CORTELAZZO, 2004, p. 258). Dessa forma incentivando a produção de novos conhecimentos de acordo com as experiências vividas no processo, esta habilidade de interagir e atuar sistematicamente em um ambiente virtual, acaba tornando-se uma importante ferramenta do professor. Prática pedagógica do professor autor na modalidade de EaD Como foi relatado na introdução, a EaD trouxe a tona um novo perfil de profissional, com novas competências e habilidades. Impondo este a pensar e repensar o ato de ensinar, nestes perfis está incluso o professor autor. Este novo profissional é responsável pela elaboração do material didático produzido para as aulas virtuais dos cursos na modalidade EaD e também alguns são responsáveis pela aplicação destes mesmo textos na plataforma virtual, interagindo assim, de dois ângulos, na produção e aplicação do conhecimento. De acordo com Santos (2003), o professor autor, cria seleciona conteúdos normalmente na forma de texto explicativo/dissertativo e preparar o programa de curso, já a experiência com a produção de material didático na Universidade Federal do Piauí, o professor autor, reflete sobre sua prática e experiência e escreve um fascículo didático que é acompanhado durante do sua produção pelo mesmo. Estes frente a estes novos desafios necessitam repensar o sua prática, para Mallmann (2000) é preciso avançar na forma de compreender os processos de ensinar e aprender, superando a perspectiva tecnicista. A produção do professor autor não deve ser pautada numa perspectiva de si para si mesmo, e sim de si para um coletivo. Para que o professor possa produzir um texto científico, ou mesmo, um texto didático a ser usado no curso, ele deve possui conhecimentos acerca de sua própria disciplina, não só conhecimento, mas prática, conhecer o sistema e a metodologia a ser trabalhada, Shulman (1986 apud Borges, 2004) identifica três tipos de conhecimento do professor, que são válidos também para o professor autor, são os conhecimentos do conteúdo da matéria a ser ensinada, no caso do professor autor, a ser escrito, o conhecimento pedagógico do conteúdo, e o conhecimento curricular. Para Borges: 8 [...] o professor então, deve ter um verdadeiro arsenal de formas alternativas de representação, algumas das quais derivam da pesquisa, enquanto outras têm origem na própria experiência, ou na “sabedoria que emerge da prática”, cuja definição pode ser igualada à perspectiva “filosófica da sabedoria”. (BORGES, 2004, p. 71-72). Muitas vezes no ato de se produzir textos, estes só são aperfeiçoados e melhores escritos, depois do professor passar pela prática de aplicação do material didático nas salas virtuais, devido a experiência de verificar como este pode ser melhor adaptado, e vivenciado pelo aluno, assim a medida que o professor autor vai adquirindo experiências tanto quanto a prática na plataforma, quanto a formação e formatação do texto para EaD, ele vai adaptando e melhorando sua prática, esta experiência é descrita por Borges (2004) como o conhecimento trabalhado. Compreendemos então que estamos saindo de uma prática pedagógica mais centrada no professor para uma prática mais reflexiva e interativa, na qual o aluno deixa de ser espectador para se tornar protagonista de seu próprio sistema de ensino, em que a aprendizagem é construída de forma cooperativa numa relação comunicativa renovada e reflexiva com os demais sujeitos. Neste novo modelo de paradigma, a prática pedagógica considera o processo e as ações mais significativas que o produto deles resultantes. Dessa forma a postura do docente não é apenas de catalisador do saber e da atenção do aluno, para ser o mediador, que provoca a discussão e o diálogo. (AZEVEDO; RODRIGUES, 2009). Entendemos a EaD como uma estratégia desenvolvida por sistemas educativos, visando oferecer educação a setores ou grupos da população que, por razões diversas, têm dificuldade de acesso a serviços educativos regulares. A EaD é caracterizada, tanto pela separação do professor e aluno no espaço e/ou tempo, quanto pelo controle do aprendizado realizado mais intensamente pelo aluno do que pelo instrutor, assim a comunicação entre alunos e professores é mediada por documentos impressos ou alguma forma de tecnologia, neste sentido, Entende-se que a prática do professor não deve postular apenas a transmissão, tendo de um lado o transmissor (professor) e, de outro, o receptor (aluno), mas sim deve levar ao "aprender a aprender", ou seja, deve proporcionar a formação de um sujeito participativo no trabalho, produtivo, não-reprodutivo, consciente de seus atos. Enfocase, portanto, para esta pesquisa, a prática pedagógica da metodologia 9 progressista denominada de "tecnologia inovadora". (AZEVEDO; RODRIGUES, 2009, p.3). Educação a Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria que propiciam a aprendizagem independente e flexível dos alunos. (OLIVEIRA, 2008). Dessa forma, para uma boa prática pedagógica nesta modalidade, a EaD deve focar seu processo de ensino nos alunos, verificando instancias como cultura, regionalidade, familiaridade com métodos adotados dentre outras características. Discussão preliminar A prática pedagógica na modalidade presencial é trabalhada tradicionalmente há muito tempo, já quando o professor depara-se com os recursos e metodologia, da modalidade EaD, este defronta-se com um novo processo e um novo perfil de educador, pois, o professor autor ao produzir textos e conhecimento a serem repassados a alunos distantes em espaço e tempo, depara-se com uma realidade não só complexa, mas que exige também dedicação. Na prática pedagógica do professor que trabalha na elaboração de conteúdos para EaD, o saber é quase sempre o saber de uma aplicabilidade, algo a ser construído ou aplicado e que irá embasar sua atuação dentro do contexto, estes de acordo com Tardif (2002), são plurais e formador pelo amálgama, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais. Os saberes da formação de profissionais que poderão atuar na modalidade EaD devem contemplar, na grade curricular das Instituições, esta deve possuir uma formação mais sólida para as Novas Tecnologias usadas na educação, pois nas vivencias com profissionais de EaD, o que mais se verifica são profissionais sem formação adequada para atuar com as tecnologias da informação. Dessa forma acredita-se que os saberes curriculares e da formação do professor devem proporcionar uma prática mais amigável com as tecnologias. Pode-se colocar que um saber não atua sozinho em uma ação do professor autor, estão todos correlacionados, porém o que mais se sobressai nessa prática é os saberes experienciais. 10 Na modalidade EaD, nas experiências vivenciadas, verifica-se que uma das principais fontes utilizadas na produção do material didático é o saber experiencial tendo em vista que a formação inicial dos docentes que atuam nessa modalidade de ensino não contempla uma formação metodológica para atuarem como professor autor de EaD. Tal situação tem sido suplantada com a formação continuada e a experiência. De acordo com Tardif, os saberes experienciais são aqueles que possibilitam a relação entre tempo, trabalho e aprendizagem, isto é, são os saberes que são mobilizados e empregados na prática cotidiana, saberes esses que provêm da prática, “[...] de uma maneira ou de outra, e servem para resolver os problemas dos professores em exercício, dando sentido às situações de trabalho que lhes são próprias”. (TARDIF, 2002, p.58). Esta atuação do professor autor está pautada na interação deste com o meio, com o ambiente virtual de educação, com os alunos, tutores, e demais equipes de atuação nos cursos da modalidade EaD e será o principal mediador entre estes agentes. No entanto, de acordo com as experiências tidas como professor autor e com estes professores, vereficamos que os professores autores ainda não formaram uma identidade docente em EaD, reconhecem as aproximações com o ensino presencial e identificam várias peculiaridades dessa modalidade de ensino-aprendizagem, procuram, ainda, transpor suas vivências presenciais para a modalidade a distância, como se as duas fossem iguais. Isso não significa que se possa fazer uma simples “cópia” do que é feito na modalidade presencial para implementar na modalidade a distância. A atuação do autor é pautada na criatividade e interatividade, portanto, a criatividade e inovação didático-metodológica merece uma análise mais atenta e rigorosa que se desdobra na elaboração dos materiais, tecnologias de comunicação, monitoramento das atividades e do movimento de aprendizagem. Desse ponto de vista, a mediação pedagógica é uma das temáticas que requer atenção especial desde o processo de planejamento e produção dos materiais até sua implementação e avaliação. (MALLMANN; CATAPAN, 2006, p. 02, apud IMMICH). Neste aspecto, o professor autor é um mediador do conhecimento ao aluno, será o responsável pelo conteúdo a ser estudado pelo aluno, e de certa forma pelas ferramentas a serem trabalhadas no desenvolver do curso relacionado ao material didático. As mediações didáticas pedagógicas que os professores autores explicitam no material didático não são apenas pedagógicas, mas humanas e tecnológicas, assim, 11 as situações de aprendizagem precisam estar expressas nos materiais didáticos, de modo acessível, claro, interessante e passível de apropriação e execução. O movimento da aprendizagem se efetiva na interação entre estudantes e o objeto de estudo [conteúdos], expresso nos materiais didáticos impressos ou on line. (CATAPAN; MALLMANN; 2006, p. 02, apud IMMICH). Os procedimentos selecionados pelos professores devem proporcionar autonomia de estudos ao aluno e que este seja agente de sua própria aprendizagem. Os professores quando estão atuando constroem saberes docentes, estes devem conhecer bem sua atuação pedagógica, o aluno e, principalmente do conteúdo a ser escrito, e a produção destes pautados essencialmente nos saberes experienciais. Considerações finais As experiências do professore autor como docente no ensino presencial devem ser consideradas como constantes referências para utilização na EaD, e não este procurar simplesmente transpor suas experiências do ensino presencial para a modalidade a distância, pois, cada uma possui suas peculiaridades e necessidades específicas, porém estas só serão supridas e identificadas com o tempo de atuação do professor na modalidade a distância. No entanto, a modalidade de ensino EaD não é nova, porém nos últimos anos, tem-se expandido muito, ocasionando diversos questionamentos acerca dessa expansão. E um dos principais questionamentos é o surgimento deste novo perfil profissional, o de produzir e aplicar conteúdo. Assim, é primordial que reconheçam a formação e a participação do educador como imprescindíveis na construção de propostas pautadas na qualidade, o que necessariamente passa por uma atuação docente, subsidiada teórica e metodologicamente. Até porque sua prática está pautada em diversas linguagens, não só a escrita, do material impresso, mas a linguagem e interatividade oral, escrita, audiovisual, e de multimídias, tornando o perfil do professor autor em um facilitador, e de certa forma tornando esse processo mais desafiador, pois o professor não deve apenas dominar o conteúdo a ser repassado, mas as tecnologias que embasaram suas aulas. É preciso literalmente aprender a ensinar, e ensinar a aprender, pois cada dia na modalidade EaD há uma nova ferramenta que pode ser utilizada no processo ensino-aprendizagem, há uma nova diretriz a ser adaptada, surgindo assim novos saberes e embasando melhor os já vivenciados, permitindo a compreensão dessa nova relação entre professor-aluno de 12 forma concreta. É preciso realmente repensar a formação dos professores, e principalmente suas relações entre teoria e prática. O professor deve estar sensível às mudanças sociais e às adaptações a estas mudanças. Atualmente, este deve, também, aprender em redes colaborativas e interativas, e ao ensinar ou transpor ao aluno o conteúdo a ser ensinado, deve transpor também a segurança do que está se ensinando, mobilizando o desejo de aprender, de forma que seus saberes docentes convergem não só as vivências escolares, mas as vivências de vida social. Estudos como estes sã importantes para viabilizar uma melhor interação entre o processo de se ensinar e aprender, essencialmente quando se trata dos professores autores para a modalidade EaD e a constituição de seus saberes docentes. Pois, mesmo com o advento das tecnologias da informação, não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores.

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