Prestadores de serviço - o mercado e conceitos morais

Prestadores de serviço - o mercado e conceitos morais

O capítulo quatro do livro de Michael Sandel (2012) discute sobre a ideia do livre mercado ser ou não justo e se existem bens que o dinheiro não pode comprar. O primeiro caso apresentado no capítulo diz respeito à questão: O que é justo? Convocar soldados ou contrata-los?        

Durante a guerra civil, ocorreu nos Estados Unidos, o alistamento compulsório da União. Porém a obrigatoriedade do serviço militar passou a possuir uma concessão, na qual aquelas pessoas que foram convocadas, caso não quisessem servir, poderiam contratar uma outra pessoa para assim faze-lo. Contudo, tal concessão provocou queixas uma vez que eram os pobres que lutavam nas guerras dos ricos. Em virtude disso, o governo estadunidense decidiu criar outra possibilidade para aqueles que não desejassem servir. Dessa forma foi criada uma taxa de compensação que deveria ser paga pelas pessoas convocadas que não tinham o interesse em servir ao exército. De fato, tal atitude é apenas uma repetição do problema anterior, pois tanto a contratação de substitutos quanto o pagamento da taxa de compensação se configuram como uma alternativa restrita a classe abastada, uma vez que possui um alto custo.

Vista como uma solução para o dilema, surgiu o alistamento voluntário, na qual aquelas pessoas que se interessassem por servir ao exército e receber uma quantia mensal por isso se alistariam.

Então é possível dizer qual dessas formas de alistamento é a mais justa? A resposta da maioria para tal pergunta seria o alistamento voluntario, mas será que este é realmente voluntario? A lógica de que são os pobres que lutam na guerra travada pelos ricos ainda se faz totalmente presente, uma vez que a maioria dos soldados que se dizem voluntários são pessoas com baixa escolaridade que são na verdade “forçados" a aceitar tal “trabalho” em virtude da sua compensação financeira.

O discurso sobre como o alistamento voluntário pode não ser tão voluntario assim é pertinente apenas a países com altos índices de desigualdade social. Porém, é possível perceber o desinteresse das pessoas pelo alistamento militar nos países desenvolvidos, uma vez que a porcentagem de jovens que optam pela carreira militar é assustadoramente baixa. O mais curioso disso tudo é que são raros os casos de filhos ou parentes de políticos e diplomatas que fazem parte do serviço militar. Então pode-se refletir criticamente a respeito desse assunto no que tange a ideia de: Não é muito simples para os governantes declararem guerra quando não são seu filhos e netos que vão empunhar os rifles ou estar sob a mira deles?

O outro caso apresentado no capítulo é a respeito da barriga de aluguel, um assunto ainda mais polêmico que o anterior. É contado sobre um casal que não conseguia ter filhos, uma vez que a mulher ao engravidar poderia correr graves riscos de vida por possuir esclerose múltipla. Nesse sentido, o casal decidiu buscar por uma “barriga de aluguel” que pudesse carregar um bebê no ventre para outra pessoa em troca de compensação financeira.

        Assim, foi encontrado uma mulher disposta a assinar o contrato e finalizar o acordo. Por conseguinte, foi realizada uma inseminação artificial com o sêmen do pai (Senhor Stern). Contudo, quando o bebê nasceu, Mary (mãe biológica) não conseguiu o entregar para o casal, fugindo com o bebê, conhecido como Baby M.