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Principais riscos do projeto do “laptop” de 100 dólares

Por:   •  29/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.931 Palavras (8 Páginas)  •  532 Visualizações

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Matriz de atividade individual*

tarefa 4

Módulo: Módulo 5

Atividade: Atividade em equipe do módulo 5 – Tarefa individual 4

Título: Principais riscos do projeto do “laptop” de 100 dólares

Aluno: Gustavo Rodero

Disciplina: Elaboração, Avaliação e Controle de Projetos

Turma: GRPJEAD_T0053_0915 – SP G

Introdução

Podemos definir como risco de um projeto um evento ou conjunto de eventos, internos ou externos ao projeto, que podem se manifestar no formato de oportunidades ou ameaças e que, na eventualidade de se concretizarem, podem trazer consequências positivas ou negativas para o objetivo do projeto ou de uma etapa do projeto.

As consequências destes eventos podem se manifestar no formato de tempo, custo, qualidade, viabilidade ou, até mesmo, em uma combinação destes elementos.

A análise de risco de um projeto é parte fundamental da etapa de planejamento, apesar de não ser uma tarefa fácil devido a quantidade de variáveis, da complexidade e das técnicas de quantificação.

Durante a fase de identificação dos potenciais riscos, antes de listar cada um deles, geralmente são classificados em categorias. Podem ser divididos em riscos financeiros, operacionais, institucionais, legais, administrativos e marketing. Onde, cada uma destas categorias, podem ser responsáveis por uma consequência no caso ocorrência e concretização do risco.

Depois de divididos em categorias, os riscos são listados individualmente. A análise de risco é, normalmente, feita com base em estatísticas e probabilidades de concretização e ocorrência do fato e levam em consideração, principalmente, o grau de intensidade do impacto sobre a etapa especifica do projeto ou do projeto como um todo.

Para evitar que os efeitos negativos não causem ou causem um impacto mínimo no projeto, depois de analisados os riscos, devem ser estabelecidas uma série de ações preventivas para cada um dos riscos potenciais. Ações estas que compreendem: proteção, identificação, avaliação do risco, criação e aplicação de planos de contingência.

Tomando cuidado para que não se tomem ações preventivas em excesso ou assuma-se a probabilidade riscos demasiadamente a ponto de inviabilizar o projeto.

No caso específico do nosso estudo, estamos diante de um projeto de desenvolvimento e distribuição de laptops de baixo custo, que deveriam custar 100 dólares, e que teriam como público alvo milhares de jovens em todo o mundo que ainda não tinham acesso à internet.

O projeto foi idealizado em 2005 pelo cientista da computação Nicholas Negroponte e apresentado para o governo de vários países, criando a expectativa de vender entre 5 e 10 milhões de unidades até o início de 2007. Porém, 3 anos depois do anuncio do seu protótipo e de sua pesquisa, os computadores não saíam por menos de 188 dólares na porta da fábrica, ou seja, sem contar os custos de logística.

Hoje em dia, sabemos que a iniciativa não atingiu o sucesso desejado e, através deste estudo, vamos analisar os pontos que não foram avaliados como risco e que impediram o projeto de atingir o seu objetivo.

Riscos operacionais ou administrativos

Levando-se em consideração a maioria das informações disponíveis, é possível inferir que grande parte, se não a totalidade dos fatores poderiam ter sido previstos durante a elaboração do projeto.

Convenhamos que, em 2005, pensar em um laptop de 100 dólares era um projeto bastante agressivo, uma vez que, naquela época, o custo dos modelos mais baratos giravam em torno de 10 a 12 vezes mais caros do que isso.

E, por conta disso, todos os eventos potenciais influenciadores de custo deveriam estar previstos, bem como suas soluções de contorno consideradas de modo que nada mais pudesse agregar custos ao projeto. Um projeto tão ambicioso e agressivo, em termos de custos, não deixava margem para qualquer tipo de erro ou situação imprevista, por menor que fosse.

Ainda assim, analisando o projeto, podemos encontrar alguns eventos e ocorrências que não puderam ser previstas ou, mesmo que pudessem, não traziam precisão suficiente para serem consideradas como risco.

Dentro dos riscos operacionais e administrativos, podemos destacar: recursos, transporte, comunicações, esperas, atrasos, eventos não previsíveis, custos acima do orçamento, competidores, obsolescência, custos operacionais, flutuações do mercado, etc...

Vamos avaliar os eventos não previsíveis e os custos acima do orçamento.

Eventos não previsíveis...

Depois de concluídos seus estudos de construção e viabilidade técnica, o cientista da computação Nicholas Negroponte, apresentou seu projeto e fundou a organização sem fins lucrativos One Laptop Per Child (OLPC).

Dada a aceitação e entusiasmo dos representantes de governos de países emergentes e necessitados deste tipo de tecnologia, Negroponte estimou que a demanda por este tipo de tecnologia seria extremamente alta e este comportamento faria com que os custos de produção caíssem, atingindo o valor planejado de 100 dolares.

Porem, Negroponte não contava que muitos governos se mostrassem reticentes quanto a aquisição em grandes quantidades das máquinas. Prioridades como infraestrutura e escolas estavam na frente e disputavam investimentos contra a invenção do cientista da computação. Afinal, estamos falando de um “público alvo” constituído por países pobres.

Outro evento que pode ser caracterizado como não previsto foi a entrada da fabricante de microprocessadores Intel neste mercado.

Inicialmente o projeto havia sido concebido em parceria com a concorrente da Intel, AMD (Advanced Micro Devices) e o produto fora nomeado de XO.

De olho no potencial do mercado, a Intel desenvolveu um produto similar ao qual batizou de Classmate.

Logo, dentro dos eventos não previsíveis e não analisados podemos destacar o mercado alvo e a concorrência.

Custos acima do orçamento...

Por se tratar de um projeto que buscava, essencialmente, a redução de custo e, com isso, tornar viável o acesso a informação para a maior parte das crianças em idade escolar, através de um laptop que custasse 100 dólares, qualquer variação para cima nos planejamentos de orçamento e custos do projeto poderiam trazer impactos indesejáveis e que inviabilizassem o projeto, como aconteceu.

Negroponte realizou um estudo acadêmico e considerou apenas os custos de componentes, bem como o volume projetado de 5 a 10 milhões de unidades em 1 ano.

Com estes fatores somente, ficaram de fora, custos como:

- Custos de produção

- Custo com pessoas

- Custos com departamento jurídico

- Custos com certificações e exigências regulatórias dos países

- Custos de logística, armazenamento e transporte

- Custos de distribuição

- Custos de garantia e pós-venda

- Custos com impostos e taxas

- Etc...

Talvez, se o volume inicialmente projetado de mais de 5 milhões de unidades por mês, fosse capaz de trazer a escala de produção necessária e atingir o valor inicialmente planejado. Porém, com a baixa aceitação, e o volume perto entre 5% e 10% do necessário para atingir os objetivos, o melhor que se conseguiu, foi o valor 88% maior, ou seja, 188 dólares, na porta da fábrica, sem contar os demais custos envolvidos.

Riscos financeiros ou institucionais e legais

Ainda, além dos riscos operacionais, administrativos e de marketing, existem os fatores de risco financeiros ou institucionais e legais.

Dentre os fatores de riscos financeiros podemos ter: mudanças em tarifas, flutuação nas taxas de juros, flutuações nas taxas de câmbio, flutuações nos custos de insumos, mudanças nas exigências de credito, flutuações nos preços dos produtos ou serviços, etc..

Já entre os fatores de risco institucionais e legais podemos ter: expropriações, instabilidade política, mudanças na legislação, dissociação quando um financiador desiste de financiar sua parte, prejuízos de terceiros, como o risco de provocar desastres ambientais, etc...

Competidores...

Os competidores podem ser considerados também como fatores de risco operacionais e administrativos.

Neste caso, especificamente, o projeto do cientista Negroponte somente se tornaria viável se e somente se um único fornecedor fosse responsável por produzir o XO.

Desta forma, conseguiria um volume e uma escala suficiente para atingir o valor de 100 dólares inicialmente planejado.

O fato da Intel surgir como concorrente com o Classmate, fez com que o volume fosse diluído entre mais de um fornecedor e fossem perdidos os ganhos com a economia de escala e o volume. O que se tornou também um ofensor ao objetivo de atingimento de custo do projeto.

Nesta época, somente estes dois fabricantes eram capazes de fornecer processadores. A oferta era limitada. Hoje em dia, novos fabricantes como Qualcomm, Nvidia, TSMC, Samsung, entre outros... Esta maior oferta, maior concorrência e maior volume com processadores sendo embarcados em smartphones e tablets permitem, atualmente, a idealização de computadores de 100 dólares.

Além disso, novas tecnologias de processadores, chamadas de SoC (System on a Chip), traduzindo do inglês: Sistema em um Chip, sistemas operacionais mais Leves como o Android e dispositivos com maior flexibilidade de interação como os tablets, trazem acesso ao publico alvo idealizado por Negroponte há 10 anos atrás.

Obsolescência...

Outro fator de risco não levado em conta por Negroponte foi o tempo de vida útil do produto, bem como seu ciclo de vida e consequente obsolescência.

O habito das instituições e das pessoas, dão conta de usar um computador por 3 anos, ou seja, o ciclo de vida e utilização deste tipo de produto deve levar em consideração seu uso e depreciação por 3 anos.

Durante este período é natural que durante todo ele ou durante uma parte dele, o fabricante preste serviços de pós-venda como garantia e manutenção para os consumidores.

Além do mais, existe outro fator determinante no comportamento e uso deste tipo de produto. Pelo fato das tecnologias de processamento, armazenamento e comunicação evoluírem muito rápido em intervalos de 12 ou 18 meses, o produto se torna obsoleto tecnologicamente de maneira muito dinâmica.

As ofertas de acesso à tecnologia geram novas necessidades e, consequentemente, novas demandas que o projeto de Negroponte, eventualmente, não estaria pronto para atender.

Podemos citar como exemplos desta evolução tecnologias de rede, tecnologias WiFi, novos navegadores, novos plug-ins de acesso, etc...

Flutuações no mercado...

Por fim, as flutuações do mercado, são fatores de risco determinantes para o sucesso de um projeto.

No período em que Negroponte idealizou seu projeto, especificamente no Brasil, tínhamos condições políticas e de cambio favoráveis, porém, exigências do mercado local, mais especificamente do MEC, fizeram com que o projeto, inicialmente planejado para custar 100 dólares, custasse 3,7 vezes mais que isso.

Ainda que o MEC relaxasse as exigências e o governo isentasse a produção de impostos, o laptop custaria 2,4 vezes mais que o inicialmente projetado, como podemos constatar no levantamento feito por Carlos RYDLEWSKI no seu artigo: Era uma vez um laptop de 100 dólares, disponível em: . Acesso em: 10 abril 2013. “Impostos e exigências do MEC, como seguro, suporte técnico e garantia de três anos, contribuíram para encarecer o produto. Mas, mesmo sem todo esse acréscimo, os modelos de laptops educacionais não seriam vendidos no Brasil por menos de 240 dólares”. (RYDLEWSKI – 2013)

Portanto, além dos custos de produção extrapolarem absurdamente o planejado inicialmente, as exigências do mercado fizeram com que subisse ainda mais o custo, inviabilizando o projeto.

Além disso, ainda temos o “custo Brasil”, os impostos astronômicos, a variação cambial, uma vez que todos os componentes são importados e os preços são negociados em dólares e os órgãos regulatórios exigem certificações caras e especificas.

Conclusão

O cientista da computação Nicholas Negroponte idealizou um projeto fantástico para trazer acesso à internet e a informação para crianças de baixa renda do mundo todo.

O projeto era fantástico mas estava um pouco à frente do seu tempo, por não contar com tecnologias e recursos não disponíveis em 2005.

Além disso, vários fatores de risco foram negligenciados ou mal avaliados nos efeitos de suas consequências, como, por exemplo, a concorrência e o número gigantesco de unidades que deveriam ser produzidas para se atingir a economia de escala e com isso o valor desejado de 100 dólares.

O fato de ter sido atingido por tantas consequências de riscos que podiam ter sido considerados ou mitigados na fase de planejamento, mostra que o projeto foi muito mais um estudo acadêmico do que um projeto real e baseado no mercado.

Referências bibliográficas

  • RYDLEWSKI, Carlos. Era uma vez um laptop de 100 dólares. Veja, São Paulo, fev. 2008. Disponível em: . Acesso em: 10 abril 2013.

*Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática.

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