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Ressecções da soalho de boca

Por:   •  16/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.248 Palavras (5 Páginas)  •  366 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Ressecções da soalho de boca

A boca tem como funções a sucção, a mastigação, a deglutição e a salivação, sendo estas consideradas funções primárias. É também utilizada pelos seres humanos para a articulação dos fonemas na comunicação oral, além de ser uma cavidade de ressonância que amplifica os sons produzidos na laringe. As alterações que vão acometer essas funções geram grandes modificações na vida do indivíduo.

As ressecções de soalho de boca podem ser parciais ou totais e geralmente a reconstrução é feita com retalho lingual, comprometendo a mobilidade da língua em graus variados. Quando a ressecções se estendem ao rebordo gengival a adaptação protética torna se mais difícil e a funcionalidade pode ser comprometida.

As principais modalidades de tratamento para as neoplasias de cabeça e pescoço são: a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, isoladas ou associadas. A escolha do tratamento é definida pelo médico. As possibilidades de preservar a fala, a voz, a mastigação e o mecanismo de deglutição são sempre consideradas pela equipe multidisciplinar que está envolvida com o paciente, e o fonoaudiólogo é o profissional responsável pela reabilitação dessas funções.

CLASSIFICAÇÃO

Ressecções do Assoalho Lateral da Boca:

Em tumores pequenos do assoalho lateral da boca é realizada somente uma ressecção local. Em tumores grandes o assoalho lateral, a porção lateral da mandíbula – mandibulectomia seccional –, e a porção da língua são removidos, seguido de esvaziamento radical do pescoço. Caso o tumor não infiltre a mandíbula, realiza-se apenas mandibulotomia paramediana como acesso cirúrgico.

Ressecções Anteriores do Assoalho da Boca:

Nas ressecções de tumores pequenos na região anterior do assoalho da boca e alvéolo, se ocorrer infiltração da mandíbula é realizada a mandibulectomia marginal. Como a língua é suturada anteriormente, os pacientes podem apresentar dificuldades severas para o controle do bolo, ausência da mobilidade da língua na mastigação, acumulo do alimento anteriormente, dificultando o trânsito oral, compensados com a mudança da postura da cabeça. Há um prejuízo na articulação dos fonemas linguodentais, compensado pela emissão da parte medial da língua.

Nas ressecções anteriores da língua com reconstrução de retalho distal, os pacientes frequentemente não possuem alteração no disparo do reflexo de deglutição, mas apresentam resíduo oral anterior e em palato duro e mudanças biomecânicas, como redução do contato da base da língua com a faringe, redução do fechamento laríngeo e abertura do cricofaríngeo, principalmente no primeiro mês pós-operatório. Tal condição se modifica após alguns meses de fonoterapia.

As ressecções anteriores afetam principalmente a produção das consoantes pelo efeito de constrição e oclusão do trato vocal e as posteriores a produção das vogais.

Em tumores grande, o paciente é submetido a cirurgia composta, envolvendo ressecção do soalho da boca, porção da mandíbula (mandibulectomia seccional), algumas vezes porção da língua, bem como esvaziamento radical do pescoço em monobloco. O terço inferior da face, permanece desproporcional, ou seja, mandíbula pequena em relação à maxila. As sequelas da fala e deglutição dependem da extensão da ressecção da língua, tipo de reconstrução e mobilidade residual das estruturas.

Nas reconstruções com tecido de outra área e não adjacente, a deglutição temporariamente permanece alterada, principalmente em relação ao acúmulo de saliva e ao posicionamento do alimento.

POSSÍVEIS ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS

O câncer de cabeça e pescoço provoca alterações fonoaudiológicas com impacto na deglutição, voz, articulação e mastigação.

As sequelas fonoaudiológicas das ressecções da boca vai depender do tipo de cirurgia a ser realizada. Levando em consideração o grau de ressecabilidade de cada uma das estruturas, pois quanto maior as ressecções e mais estruturas estiverem envolvidas, mais serão as dificuldades funcionais, bem como as alterações estéticas.

Nesses casos poderão ocorrer alterações, tais como:

  • Dificuldade para a oclusão labial;
  • Incontinência oral dos alimentos;
  • Dificuldades na mastigação;
  • Acúmulo de alimento na boca;
  • Engasgos e/ou tosse;
  • Dificuldades articulatórias;
  • Escape aéreo nasal;
  • Voz hipernasal.

O paciente é informado de que o processo de reabilitação se dará pela utilização de estruturas que sobraram e funções compensatórias, que atuará visando:

  • A retomada da alimentação via oral
  • A utilização das estruturas e funções não afetadas, visando compensar as alterações da voz, fala e deglutição;
  • A melhora da qualidade de voz;
  • A melhora da inteligibilidade da fala.

Nos distúrbios da deglutição o objetivo principal é a introdução da via oral e a retirada da sonda nasogástrica. O paciente permanece durante algum tempo com uma alimentação mista, (nasogástrica e via oral) e, desde o início, seu estado nutricional e hidratação é acompanhado pelo nutricionista.

As consistências e quantidades mais fáceis para o paciente, posturas corporais e manobras de proteção de via aérea serão reforçadas para possibilitar a deglutição funcional. De acordo com os dados de alteração da configuração e funcionalidade das estruturas orais serão orientadas atividades de estimulação da sensibilidade, exercícios passivos, ativos e de resistência dos órgãos fonoarticulatórios.

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