Sustentabilidade das Agências de Desenvolvimento Sócio Econômico e suas relações com lideranças e poder público

EDUARDO LINARES PORTO[pic 1]

Sustentabilidade das Agências de Desenvolvimento Sócio Econômico e suas relações com lideranças e poder público – um estudo de caso em municípios do sudoeste mineiro

Pré-projeto apresentado a Fundação de Ensino Superior de Passos, como parte das exigências do curso de Mestrado Stritu Sensu para obtenção do título de mestre em Desenvolvimento Regional.

PASSOS - MG

2014

RESUMO

        Inserida na Mesorregião Sul / Sudoeste de Minas Gerais, a microrregião de Passos, conta com 14 municípios que desde os meados do século XIX vem desempenhando um papel de destaque na economia mineira. Mas todo esse dinamismo consegue garantir um desenvolvimento local socioeconômico sustentável no medo e longo prazo? Se por um lado há grandes investimos externos e internos para melhoria do setor econômico, o setor socioeconômico vem sofrendo com a falta de apoio de lideranças e do poder público. Esta pesquisa pode estimular uma importante reflexão na região - quais são os desafios futuros para a microrregião de Passos? Quais as dificuldades que persistem e os obstáculos ainda a serem superados para o alcance de desenvolvimento local sustentável? Como avançar na inclusão social e criar ambientes mais apropriados para o desenvolvimento socioeconômico? Quais são as causas de sucesso e ou fracasso das Agências de Desenvolvimentos Locais? Em vários lugares do planeta, foram implementadas várias ações para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de comunidades com potencial econômico. Nos municípios do sudoeste mineiro há exemplos de sucesso e fracasso na implementação e manutenção de Agências de Desenvolvimento Sócio Econômico, em que as relações com lideranças e poder público foram e são primordiais para o sucesso ou não das mesmas. Esta pesquisa será um estudo de caso, realizado cidade de Passos e municípios da região, os quais passaram pela experiência da implantação de Agências de Desenvolvimento Sócio Econômico, e que atualmente estão em atividade ou desativadas. A coleta de dados será feita por meio de questionários, formulários e entrevistas com os agentes envolvidos nesse processo. Após o levantamento e interpretação dos dados, será elaborado um documento relativo a cada município, que se o desejar, será disponibilizado aos mesmos, visando contribuir para uma possível revitalização da proposta de desenvolvimento local. Sobre cada município será gerado um documento com os fatores impulsionadores e dificultadores do funcionamento das Agências e do próprio andamento dos projetos de desenvolvimento local. Espera-se com este documento, contribuir com as gestões e lideranças locais, como um instrumento que subsidie a reflexão sobre o que aconteceu e acontece em cada município.

Palavras chave: Desenvolvimento Local; Gestão; Participação; Microrregião de Passos; Agências de Desenvolvimento Local.

1 INTRODUÇÃO

A microrregião de Passos, que faz parte da Mesorregião Sul / Sudoeste de Minas Gerais, conta com 14 municípios, tais como: Alpinópolis, Capitólio, Delfinópolis, Itaú de Minas, São João Batista do Glória, Fortaleza de Minas entre outras, tem protagonizado, desde meados do século XIX, um papel de destaque na economia mineira. Das fazendas de café, gado, leite e cana de açúcar, passando pela criação das indústrias de confecção até os dias de hoje, em que caminha para se tornar um importante polo confeccionista, moveleiro, turístico, extrativista (minérios) e acadêmico. A sua economia apresenta um forte dinamismo que tem impulsionado o desenvolvimento da região.

        Mas todo esse dinamismo consegue garantir um desenvolvimento local socioeconômico sustentável no medo e longo prazo? Se por um lado há grandes investimos externos e internos para melhoria do setor econômico, o setor socioeconômico vem sofrendo com a falta de apoio de lideranças e do poder público.

        Esta pesquisa pode estimular uma importante reflexão na região - quais são os desafios futuros para a microrregião de Passos? Quais as dificuldades que persistem e os obstáculos ainda a serem superados para o alcance de desenvolvimento local sustentável? Como avançar na inclusão social e criar ambientes mais apropriados para o desenvolvimento socioeconômico? Quais são as causas de sucesso e ou fracasso das Agências de Desenvolvimentos Locais?

        Segundo De Paula (2009), o conceito de desenvolvimento local, em seu artigo intitulado “Políticas de apoio ao Desenvolvimento Local”, começou a ganhar importância após o fenômeno da globalização.

        Podemos entender a globalização como um processo econômico e social que estabelece uma integralização entre mercados mundiais e pessoas de todo o mundo. Por meio desse processo, as pessoas, as empresas e os governos compartilham ideias, realização transações comerciais e financeiras e transmitem aspectos culturais pelos diversos cantos da Terra. O planeta virou uma Aldeia Global, resultado dinâmico dos avanços da revolução científica e tecnológica e do desenvolvimento das tecnologias de informação numa velocidade nunca antes experimentada, onde as distâncias estão cada vez mais curtas, facilitando as relações comerciais, culturais e econômicas de forma eficiente e rápida.

        Com isso houve grandes mudanças nos mercados financeiros, de consumo e de hábitos de consumo da população, além de todas as mudanças culturais decorrentes da possibilidade de compartilhamento de informações e conhecimento com o advento da internet.

        Por outro lado, com a expansão da globalização surgem resistências e provocam reações como a exclusão social. Uma divisão simples na sociedade de quem e não tem acesso aos benefícios que a globalização proporciona.

        Sen (2000) comenta que há um paradoxo emergente na humanidade: “as diferentes regiões do globo estão agora mais estreitamente ligadas do que jamais estiveram, não só nos campos de troca, do comércio e das comunicações, mas também quanto a ideias e ideais interativos, entretanto vivemos igualmente em um mundo de privação, destituição e opressão preocupantes”.

Para De Paula (2009), “...o desenvolvimento local resulta do esforço de identificar, reconhecer e valorizar os ativos locais; de aproveitar e desenvolver as potencialidades, as vocações, as oportunidades, as vantagens comparativas e competitivas de cada território.”

O resultado positivo do desenvolvimento só virá com o esforço das pessoas envolvidas no processo. A vontade de querer, o desejo de melhorar sua condição de vida e intelectual, são molas propulsoras na construção de uma sociedade mais igualitária, sustentável e melhor para todos.