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A ARQUITETURA GREGA E O CORPO HUMANO

Por:   •  24/6/2020  •  Resenha  •  654 Palavras (3 Páginas)  •  378 Visualizações

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Victória Sampaio Cesário de Sá

QUESTÃO 1

O povo grego possui um grande interesse em compreender o mundo em que vive e, para isso, concentra seus estudos nos processos, ciclos e fenômenos naturais. Juntando os aspectos físicos e funcionais da natureza, cria-se um entendimento de que sua competência e harmonia estão ligadas às suas relações matemáticas de proporcionalidade e então, o corpo humano, como parte da natureza, também teria em tal proporcionalidade sua forma ideal. Forma ideal, pois, com a prática de esportes, surge uma valorização dos corpos atléticos, do corpo ideal, que seria um dado estético que prova a condição de ser civilizado. Vitruvius enumerou uma série de relações de proporção no corpo humano, e afirmou que a imagem de um homem perfeitamente proporcional, segundo estas leis matemáticas, poderia estar perfeitamente circunscrito em um círculo e um quadrado – as duas formas geométricas consideradas perfeitas matematicamente.

[pic 1]

O homem vitruviano, segundo desenho de Leonardo da Vinci

Com a natureza como símbolo do equilíbrio e o corpo humano como uma representação dessa natureza, os gregos passam a buscar uma aproximação harmônica dos produtos culturais com as proporções corporais, o que fica bem explícito na frase de Bonnard: “Toda a civilização grega tem o homem como ponto de partida e como objeto. [...] O homem e o mundo são, para ela, espelhos um do outro, espelhos que se defrontam e se leem mutuamente. A civilização grega articula um no outro, o mundo e o homem. Casa-os na luta e no combate, numa fecunda amizade, que tem por nome HARMONIA”.  

Os gregos passaram a medir o corpo humano e a estipular uma relação de proporções entendida como harmoniosa e bela. O corpo humano passa a ser a medida de tudo, inclusive da arquitetura e se o homem é a medida de todas as coisas, o que determina a proporção da beleza é a escala humana. A partir do deste entendimento, os gregos estabelecem que, também na arquitetura, as partes devem dialogar com o todo, assim como no corpo humano, e passam a usar os cânones (relações matemáticas entre a parte e o todo) para alcançar uma harmonia entre as partes que formam o todo como pode-se observar na imagem abaixo.

[pic 2]

“Se a natureza dispõe o corpo do homem de tal forma que cada membro se relaciona com o todo, os gregos querem que exista também essa mesma correspondência de medidas entre as partes e a obra inteira de arquitetura” (PEREIRA, op.cit., p. 49).

Muito da cultura grega foi apropriada pelos romanos durante o processo de formação de sua própria cultura, fruto de uma fusão entre o saber dos gregos e dos povos etruscos. A arte produzida pelos romanos sofre duas influências bastante diversas: por um lado, a forte influência da arte grega e seu ideal de beleza e harmonia; por outro lado, a inclinação aos princípios etruscos de praticidade e expressão da realidade. De fato, os romanos, descendentes dos etruscos, tinham personalidade diferente dos gregos, e eram um povo mais prático, menos voltado às questões teóricas. Essa diferença é facilmente notável em sua arquitetura.

Acontece uma mudança de paradigma muito expressiva sobre o “espaço”. Para os gregos, o conceito de espaço se limita a uma articulação plástica, um elemento decorativo. Na arquitetura romana, o espaço, que passa a ser definido pelas paredes como invólucro da forma, se transforma no lugar concreto da ação e da experiência humana. Passam a serem desenvolvidos complexos espaços dedicados a vida privada. As construções arquitetônicas são não só o ambiente em que os corpos humanos habitam e experienciam, mas também um meio de proteção.

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