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A Introdução a Arquitetura

Por:   •  16/2/2022  •  Artigo  •  10.240 Palavras (41 Páginas)  •  122 Visualizações

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[pic 1]

James C. SNYDER

Anthony CATANESE

School of Architecture and Urban Planning University of Wisconsin — Milwaukee

Ilustraqöes de Arquitetura Jeffrey E. Ollswang

Editor Associado da Parte 3

Tim McGinty

Traduqäo

Heloisa Frederico

[pic 2]

EDITORA CAMPUS LTDA.

Rio de Janeiro

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Origens Culturais da Arquitetura

Amos.Rapoport

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[pic 5]

A maioria das pessoas, se perguntadas, diria provavelmente que a arquitetura nasceu com o abrigo. Afinal, os primeiros edifícios foram habitações, e as pessoas precisavam de abrigo para sobreviver. Contudo, abrigo não é a única e nem mesmo a prihcipal função da casa. Nos climas frios — que impõem severas condições de demanda por abrigo e proteção — encontram -se grandes variações, indo desde o abrigo mínimo, na Terra do Fogo, passando     por níveis razoáveis de proteção entre as moradias de alguns índios americanos do Wisconsin e Minnesota, até aos abrigos [pic 6]altamente desenvolvidos dos Esquimós.        [pic 7]

O ambiente construído tem vários objetivos: abrigar dos alementos pessoas, suas atividades e suas posses; abrigar de inimigos humanos e animais e de poderes sobrenaturais; estabelecer lugar; criar uma área segura e humanizada, num mundo profano e potencialmente perigoso; reforçar a identidade social e indicar status etc. Assim, entende-se melhor as origens da arquitetura se se tomar uma visão ampla e considerarmos que os fatores socioculturais, no sentido mais lato, são mais importantes que o clima, a tecnologia, os materiais e a economia.

Em qualquer situação, é a interação de todos esses fatores que melhor explica a forma dos edifícios. X

DIFERENCIAÇÃO DO ESPAÇO

Quanto mais aprendemos sobre os animais, mais complexo se revela seu comportamento. Os animais chegam a diferenciar o espaço e a criar lugares, que indicam aos usuários que estão aqui e não lá. Entre os animais tais lugares são sabidos e marcados; incluem casas, áreas de núcleos, territórios e áreas de aninhamento, de alimento e de namoro. Assim os animais fazem lugares. Parte da nossa sensação de surpresa diánte desse traço se deve ao fato de raramente conhecermos animais selvagens, e aos animais domésticos terem perdido muitas dessas características de aninhamento, de marcar lugares, de observar o ritual, de estruturar o

tempo — até mesmo de construir. l Os animais também ordenam o ambiente por meio de abstração e criação de[pic 8]

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esquemas.2

Assim sendo, podemos esperar que os seres humanos, ainda mais que os animais, tenham [pic 10]diferenciado entre espaços e lugares desde os primeiros tempos. Os homínidas e os humanos precisam de espaços para se encontrarem, para partilhar a comida e para possuir como território privado. As relações espaciais e sociais não são, assim, randômicas, mas sim ordenadas. Primeiro notam-se as dis€nções; os humanos então as descrevem por meio da linguagem, e as fazem por meio da construção. Nesse sentido, a linguagem e a arquitetura são relacionadas; ambas expressam0 o processo cognitivo de distinguir lugares.

Marcar os lugares tornou -se mais importante quando os primeiros homínidas deixaram suas árvores e começaram a andar pela savana aberta e, mais tarde, à medida que sua habilidade cognitiva e su as necessidades simbólicas cresceram. Enquanto se tem estudado o papel dos instrumentos e da linguagem nesse processo, o papel dos edifícios como maneira de [pic 11]codificar os esquemas e os lugares sob forma física quase não recebeu atenção alguma.

[pic 12]        Podemos encontrar provas desse papel do ambiente construído? A resposta é que é difícil não as encontrar. Quando consideramos um grupo como os aborígines australianos, que constroem poucas

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casas, verificamos que eles diferenciam entre lugares [pic 14]        em deserto aparentemente sem marcas, conhecendo as diferenças e atribuindo importância diferencial a tais lugares. Também marcam os lugares de várias maneiras: atribuindo -lhes mitos, promovendo rituais nos campos de cerimônias e utilizando pinturas e gravações sagradas em rochas e cavernas (como faziam os povos da Europa há 25.000 anos). Também erguem marcos e monumentos permanentes ou ternporários; constroem elaborados Si'tios de ritual ou cerimonial; usam fogos como marcos etc. Edifícios, do modo como os entendemos, não são freqüentemente constru ídos nem são muito irnportantes, embora várias habitações ajudem a

Eferenciar lugares uns dos outros. Os aborígines usam [pic 15] outros dispositivos; por exemplo, ao redor [pic 16]h±itações as mulheres costumam varrer o chão [pic 17]círculo de 10 metros de diâmetro. Essa mudança        [pic 18][pic 19]do terreno marca um limite importante [pic 20]de espécies diferentes, neste caso entre [pic 21][pic 22]Dáblico e o espaço privativo da fam ília. Não [pic 23]barreiras entre o espaço "externo" do deserto (e as várias partes do deserto que "pertencem" a grupos particulares), o lugar "semiinterno" do campo e finalmente o espaço "interno" da unidade familiar. Essas transições são importantes, no entanto, e não se pode passar facilmente por essas barreiras invisíveis; existem várias regras de

passagem.4

Não devemos pensar que estes dispositivos são usados somente pelos aborígines. Na América Latina (Colômbia), em povoados de posseiros, cujas habitações nem cadeiras têm, há regras claras sobre quem pode penetrar e até onde. Esses limites não são sempre indicados por paredes sólidas, às vezes só por cortinas de contas ou mudanças no nível do solo.5 Nas antigas casas de roça, na Noruega e Suécia, vê-se às vezes uma viga particular no teto que marca o ponto no qual os visitantes devem parar e ser convidados. Até aquele ponto, embora de fato no cómodo, os visitantes são olhados como estranhos. Essa "espera para entrar" é muito semelhante ao que acontece num campo de aborígines, numa tenda de beduínos ou mesmo entre babuínos.

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