ABNT 13142 DESENHO TÉCNICO
Por: Avila Felipe • 3/10/2018 • Abstract • 1.509 Palavras (7 Páginas) • 246 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTE - ICHCA
HISTÓRIA- LICENCIATURA
WANDERSON DE JESUS SANTOS
O Sexo Devoto: Condição Feminina na Capitania de Pernambuco.
Maceió
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTE - ICHCA
HISTÓRIA- LICENCIATURA
WANDERSON DE JESUS SANTOS
O Sexo Devoto: Condição Feminina na Capitania de Pernambuco.
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina História do Brasil I, ministrada pelo Prof. Dr. Gian Carlos de Melo e Silva, como instrumento avaliativo deste segundo semestre do curso de História Licenciatura.
Maceió
2018
“Lucien Febvre e Marc Bloch foram os líderes do que pode ser denominado Revolução Francesa da Historiografia. Para interpretar as ações dos revolucionários, contudo, é necessário conhecer alguma coisa do antigo regime que desejavam derrubar. Para sua descrição e compreensão, não é suficiente permanecer nos quadros historiográficos restritos da situação francesa do início do século, quando Febvre e Bloch eram estudantes. Torna-se necessário examinar a história da historiografia na sua longa duração”. (p . 55)
“A América e o Brasil comporão, a partir de seu descobrimento, no imaginário renascentista um quadro paradisíaco. É o Éden reencontrado. Muitos depoimentos contribuíram para solidificar essa idéia, um exemplo é o de Pero de Magalhães Gandavo, que testemunha a temperança dos ares da terra quando apresenta Santa Cruz como um lugar onde nunca se sente frio, ou calor em excesso”. (P. 55)
José de Anchieta, depois de sete anos no Brasil, escreveu também sobre a brandura do clima e a amenidade das estações; para ele, não faltavam, no tempo do inverno os calores do sol para contrabalançar os rigores do frio, nem no estio,
para tornar mais agradáveis os sentimentos, as brandas aragens e os úmidos chuveiros.
“Vários são os argumentos daqueles que defendiam a tese do paraíso para o Brasil: o clima, a vegetação, as frutas e aves, os indígenas e sua inocência”. (P. 55)
“Porém, logo no momento da chegada dos portugueses no Brasil, lá pelos idos de 1500, Pero Vaz de Caminha encontra, nesse paraíso, uma Eva tropical, que, pelo escrivão da frota de Cabral, é descrita com maestria e lirismo:” (P.56)
“Vários são os olhares sobre as evas brasileiras. Pero Vaz olha e maravilha-se diante da beleza feminina indígena, sem assumir postura de juízo ou superioridade européia e masculina, revela-se um humanista respeitador de uma identidade outra”. (p.56)
“Muitos outros descobridores portugueses, espanhóis ou italianos, muito longe dessa atitude quase platônica, apoderam-se quase imediatamente do objeto de seu olhar e trazem consigo as boas–selvagens que cobiçam, servindo-se delas, forçando-as sem apelo a com eles fazerem amor”. (p. 56)
“E note-se que as mulheres são aqui objetos de uma dupla violação: como indígenas conquistadas e como
mulheres”. (p . 56)
“A descrição associando o Brasil ao paraíso, comum em muitos religiosos e leigos durante os séculos XVI e XVII, não foi homogênea”. (p. 57)
“.Mais uma vez, as mulheres aparecem como algo que basta desejar para apanhar com a mão, como qualquer fruto ou qualquer caça, que serve para saciar a fome para, logo depois, ser desprezada”. (p.58)
“Em tal visão, a mulher não é entendida como indivíduo, mas como coisa. É sempre passiva, dependente dos desejos masculinos, que nunca consegue fazer opções a partir de sua capacidade e inteligência, mas sempre apontada na fragilidade de sua essência”. (p.58)
“Nunca conseguiu observar o eminente escritor de Apipucos, que o que se viveu na colônia, em seus primeiros anos, foi um jogo de dominação e que, inúmeras vezes, as mulheres participaram ativamente desse jogo, garantindo a sobrevivência de seu grupo através de relações com os homens brancos, o que, além de uma aliança política, pressupunha uma aliança de corpos”. (p. 58)
“A mulher branca aparece como um elemento sempre de segundo plano na ordem social. Confinadas às casas-grandes, guardadas tal qual nos conventos, as sinhás-moças não tinham alternativas, a não ser dobrarem-se diante dos desejos da família”. (p. 59)
“Portanto, casavam-se muito cedo, entre os treze e quinze anos, com homens escolhidos por suas famílias, muito mais velhos em idade. Eram casamentos práticos feitos por interesses das famílias que, nesses contratos, garantiam o aumento do patrimônio”. (p. 59)
“Essa vida de enclausuramentos fez surgir a imagem da senhora cruel, mulher que vivia em um isolamento quase árabe, tendo por companhia exclusivamente escravas passivas”. (p.59)
“Por seu turno, essas mulheres, submetiam-se completamente a seus maridos, a quem chamavam de senhor, o que as fazia descarregar integralmente a ira sobre as escavas indefesas”. (p.59)
“Tais relações desenham o cotidiano da casa–grande, profundamente marcado pela violência entre marido e mulher, e entre senhor e senhora e seus escravos”. (p.59)
“Se realizarmos uma leitura minuciosa de trechos de Casa-Grande e Senzala, perceberemos que o próprio Freyre transitava entre a idéia de submissão e a de uma certa resistência feminina”. (p.60)
“Após a obra de Gilberto Freyre, só por volta de 1970, surge uma produção que toma a mulher como objeto epistemológico. Essas obras estavam ligadas metodologicamente à história social e foram fortemente marcadas pelo marxismo”. (p.61)
“A busca que realizou essa produção historiográfica procurava localizar os signos de opressão masculinos ligados ao capitalismo”. (p.61)
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