Análise Tectônica do MuBE Segundo Categorias de Análise Elaboradas por Kenneth Frampton
Por: Ivanildo Alves • 19/10/2022 • Dissertação • 1.528 Palavras (7 Páginas) • 116 Visualizações
Análise do Museu Brasileiro de Esculturas (MuBE)
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Para análise da G1 quis fazer uma obra de um arquiteto que não falamos, mas ainda falaremos, que é o Paulo Mendes da Rocha, justamente para ter esse primeiro olhar sem qualquer tipo de bagagem teórica sobre o autor ou a obra específica que irei analisar, para posteriormente a aula ser dada ver o nível de análise que ainda me encontro e o que deixei passar. Antes de entrar na obra específica que escolhi, irei fazer uma breve introdução do arquiteto em questão, por ainda não ter sido citado.
Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), foi um dos maiores nomes da arquitetura brasileira, conhecido mundialmente, sendo premiado com os maiores prêmios e honrarias da área, inclusive o Prêmio Pritzker, considerado como o prêmio nobel da arquitetura, em 2006. Paulo teve em sua vida diversas obras em que poderiam facilmente serem analisadas usando os critérios adotados por Kenneth Frampton em seu livro “ Studies in Tectonic Culture” (1995), como por exemplo o Ginásio do Clube Atlético Paulistano ou mesmo Museu dos Coches, em Portugal. Porém para este exercício escolhi outro museu, o Museu Brasileiro de Esculturas (MuBE).
A escolha dessa obra se deu por, além de ser um dos projetos mais conhecidos e emblemáticos do arquiteto, ser extremamente intrigante para quem o vê, principalmente se o observador tem noção de estrutura, afinal são 60 metros de vão livre. Inicialmente o terreno em que o museu se encontra seria construído um shopping, porém devido a mobilização da associação de moradores do bairro isso não aconteceu, vale dizer que o museu se situa em Jardim Europa, um bairro residencial da capital de São Paulo.
Começando a análise e se apropriando das categorias de análise de Kenneth Frampton em seu livro ‘’Studies in tectonic culture’’, de início percebe-se a existência da primeira categoria que é topografia e que essa categoria é uma parte fundamental da obra e intrínseca a ela. A construção aproveita de suas diferenças de níveis topográficos próprios do terreno de forma integrar os espaços externos com internos do museu, sendo ele semi-subterrâneo. Ao ir contra a terraplanagem que nega o terreno original e consequentemente o lugar, vemos como a aplicação e o uso da topografia favorece a expressão arquitetônica da obra assim como já dito por Vittorio Gregotti (1983 apud FRAMPTON, 1995, p.8):
“Através do conceito de lugar e os princípios de implantação, o ambiente se transforma (ao contrário) na essência da produção arquitetônica. Por esse ponto de vista, novos métodos e princípios podem ser vistos para o projeto. Princípios e métodos que dão precedência à localização em uma área específica”
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Juntamente com a categoria de topografia da para analisar o museu através da metáfora corporal, de como afetamos e somos afetados pelo ambiente construído. Primeiro, vale considerar, como anteriormente dito, que o museu se encontra em um bairro residencial, mas por seu baixo gabarito não gera tanta estranheza, porém a atmosfera muda ao passar por ele, devido a sua extensa área ao ar livre. Como havia iniciado o parágrafo, através da topografia é possível analisar a obra pela ótica da metáfora corporal, o jogo de de contrapontos e dualidades paradoxais presentes como subir e descer, luz e sombra, apertado e amplo, aberto fechado, concreto e vidro, mostra a sensorialidade e um percurso de descoberta que a construção oferece. Portanto o corpo é bombardeado de estímulos sensoriais que faz experimentar os ambientes criados de formas diferentes e únicas, a percepção sensível e corporal do observador no espaço vai para além do olhar, visto que diversos sentidos são solicitados a todo momento.
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A quarta categoria de Frampton diz sobre a dualidade Representativo versus Ontológico que fala sobre a articulação entre os aspectos simbólicos e os aspectos técnicos das construções. Na obra podemos ver isso traduzido na primeira imagem que se tem ao ver a obra, uma espécie de pórtico com 60 metros de vão livre que ao ver melhor parece ser uma viga ou mesmo uma laje que, ao primeiro olhar, levita sobre os dois pilare-paredes que deveriam servir de apoio a esse plano horizontal. Ao meu ver, esse gesto de não encostar o plano horizontal, a primeira vista, dos planos verticais, além da monumentalidade do vão que apresenta e esse pilar maciço pousar e “flutuar” nos espelho d’água torna a obra escultórica e a obra se traduz em uma metalinguagem daquilo que ela própria abriga, uma escultura.
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Porém essa fresta tem mais que caráter escultórico, esse espaço entre os elementos verticais do pórtico e o plano horizontal, serve para atender a deformação da estrutura e para absorver essas variações, foram colocados apoios fixos nos pilares, permitindo assim a movimentação horizontal da peça horizontal. esses apoios são camadas de borracha sintética estando mais sujeito ao envelhecimento e ressecamento, por isso foi deixada essa fenda de 15 cm, entre viga e pilar, para o uso macacos hidráulicos que possam suspender a viga e permitir a substituição dos apoios quando necessário.
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