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Arquitetura Ribeirinha: conscientização de cultura

Por:   •  24/9/2018  •  Projeto de pesquisa  •  4.834 Palavras (20 Páginas)  •  315 Visualizações

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Arquitetura Ribeirinha: conscientização de cultura

1.Introdução

1.1 Problema de pesquisa

Antes mesmo da descoberta do fogo, a humanidade já havia modificado a natureza para suprir suas necessidade de subsistência. A partir do advento da agricultura, há cerca de 10 mil anos atrás, é que de fato, nossos antecedentes passaram a modificar a paisagem em decorrência de sua sedentariedade. Modificar o meio espacial no qual se está inserido é uma característica sui generis do ser humano, ou seja, é imprescindível .

Durante toda a história, os agrupamentos humanos produzem modos de viver específicos como resultado da interação com o mundo, os quais são remodelados conforme o tempo e a relação com outras culturas. As sociedades, ao longo da História, viveram de diversas formas, que resultam na produção e reprodução de um espaço construído, e ainda na transformação dos sistemas naturais em cidades, representando os mais variados padrões de ocupação do homem no planeta.

Esse estudo visa registrar e analisar a região amazônica a partir da percepção dos povos ribeirinhas que a ocupam. A Amazônia abrange um vasto território, apresentando uma natureza marcante que orienta o ciclo de vida constituído de uma singular complexidade de espécies de fauna e flora. Assim, o modo de viver local é influenciado permanentemente por esse ritmo, principalmente dado pelo ciclo das águas. Tais recursos hídricos tornam-se um elemento identitário da população ribeirinha, uma vez que estes recursos se encontram em sintonia com a forma de morar dessa população, a qual revela uma arquitetura que integra e evidencia a paisagem.

“Para o caboclo ribeirinho entre terra e céu, há um rio.” (NOGUEIRA, 2016, p. 172). A pesca, lavar a louça, tomar banho, lazer, todas suas atividades são intrinsecamente ligadas ao rio, de modo que sua existência (o rio) define atos e pensares que transformam e reinventam a paisagem amazônica em contínuos ambientes multifacetários.

Muitas vezes, a sociedade se mostra ignorante perante à cultura ribeirinha e a encara como um problema carente de solução. Atividades de auxílio moradia, realocação das comunidades, são algumas iniciativas que buscam sanar problemas evidentes, porém não consideram seus limites ideológicos-culturais.

Diante do embate constante relacionado a essas comunidades sobre resolução de possíveis “problemas”, originados sob a visão urbana de uma sociedade muito ligada ao desenvolvimento tecnológico e aos confortos do consumismo, perde-se a verdadeira questão relacionada ao tema: Como analisar e entender uma sociedade análoga à nossa contemporânea, tão culturalmente rica sem, de certo modo, tratar seus costumes como erros a serem consertados?

1.2 Justificativa

A partir da construção de um repertório acadêmico sobre assuntos relacionados ao habitar ribeirinha e sua cultura, foi possível encontrar diversos autores com perspectivas diferentes, os quais são importantes para construir debates e questionamentos sobre o conteúdo do texto.

“(...) trazer o olhar do leitor para uma realidade cotidiana de uma certa população, na qual não devemos olhá-la de uma maneira capitalista e globalizada como aprendemos a fazer, reconhecendo qualquer outro tipo de manifestação cultural apenas partir das nossas próprias experiências como se elas fossem determinantes para todas as maneiras de se viver, mas sim, olhá-la como ela é: uma cultura tradicional riquíssima, e com uma relação profunda entre homem e mundo.” (NOGUEIRA, 2016, p.172)

Como afirma a autora acima, um de seus objetivos no texto, refere-se a registrar a realidade caboclo ribeirinha em algumas regiões amazônicas, focando em uma abordagem menos crítica, para justamente evitar a perda de conteúdo em detrimento à uma abordagem carregada de juízos de valores. Em contrapartida, Ivan Gomes de Oliveira e Sandra Maria Fonseca da Costa, elaboram um documento, também com caráter expositivo, só que apresentando um viés mais crítico, buscando resoluções possíveis para problemas relacionados à percepção ambiental da comunidade ribeirinha da Ponta das Pedras, Paraná:

“O objetivo desta pesquisa não foi somente obter dados sobre percepção ambiental, mas também sobre o histórico

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