Democracia Grega
Por: sssds • 3/3/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 548 Palavras (3 Páginas) • 452 Visualizações
A Democracia Grega
A Democracia grega estava submetida aos princípios de isonomia, isto é: as mesmas leis valiam para todos, pobres ou ricos, de bom berço ou filhos de pais humildes, espertos ou bobocas. Sobretudo, as leis eram inventadas pelos mesmos que tinham de se submeter a elas: era preciso ter cuidado na assembléia para não aprovar leis ruins, pois qualquer um poderia ser sua primeira vitima. Ninguém na cidade estava acima da lei, e a lei (a mesma lei) tinha de ser obedecida por todos. Mas a lei não provinha de nada mais elevado que os homens, não era ordem irrevogável dada pelos deuses ou pelos antepassados míticos; a assembléia dos cidadãos (todos eles políticos, isto é, administradores da sua polis) era sua origem e, portanto, podia modificá-la ou aboli-la se a maioria achasse conveniente. Os antigos atenienses levavam tão a sério a igualdade política dos cidadãos e estavam tão convencidos de que sua obediência se devia apenas às leis e não a pessoas, por mais “especiais” que fossem (não aceitavam especialistas em mandar) que a maioria das magistraturas e de outros cargos públicos da polis era decidida por sorteio! Como todos os cidadãos eram iguais, como nenhum deles podia negar-se a cumprir suas obrigações políticas para com a comunidade (todos participavam das decisões e podiam vir a ocupar cargos de autoridade, mas era obrigatório decidir e mandar, se lhe coubesse), sortear os cargos políticos parecia aos gregos a melhor solução.
Isonomia? A mesma lei para todos? Igualdade política? Já estou ouvindo você protestar. Como podia ser verdadeira essa igualdade, se tinham escravos! De fato, os escravos não participavam da vida política grega. Tampouco as mulheres (que, por certo, tiveram de esperar nada menos de 26 séculos, até ontem, por assim dizer, para ter plenos direitos políticos, salvo nos países islâmicos, onde continuam esperando). Você tem razão em seu protesto, mas não se esqueça de que, desde aquela longínqua Grécia passaram-se muitas centenas de anos e muitas crenças foram revistas. Os pioneiros atenienses nunca sustentaram que todos os seres humanos têm direitos políticos iguais: o que eles inventaram e estabeleceram é que todos os cidadãos atenienses tinham direitos políticos iguais. E sabiam que nem todo o mundo era cidadão ateniense: era preciso ser varão, de certa idade, não escravo, nascido na polis, etc. Mas todos os que reuniam esses requisitos eram politicamente iguais. Garanto-lhe que a mudança de mentalidade já é bastante revolucionária para o que então existia na Pérsia, no Egito, na China ou no México dos astecas. Essa história de que todos os seres humanos são iguais (pelo menos perante Deus) só veio mais tarde, por influência de estóicos, epicuristas, cínicos, cristãos e outras seitas subversivas. Mesmo assim, tiveram de se passar quase dois mil anos a para que se abolisse a escravidão, para que as mulheres pudessem votar e ser eleitas para cargos governamentais, para que uma assembléia mundial de nações aprovasse uma declaração universal de direitos humanos. Se aqueles velhos gregos não tivessem dado o primeiro passo, o decisivo, provavelmente agora você não se indagaria diante das desigualdades que eles consentiam em sua polis nem diante das que ainda existem entre nós, tanto tampo depois!
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