FATORES DE APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DE PAINÉIS DE VEDAÇÃO ESTRUTURADOS EM PERFIS DE AÇO LEVE FORMADOS À FRIO EM SUBSTITUIÇÃO A TECNOLOGIA ATUALMENTE EMPREGADA NA ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ.
Por: limavix • 15/2/2017 • Artigo • 11.138 Palavras (45 Páginas) • 474 Visualizações
FATORES DE APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA DE PAINÉIS DE VEDAÇÃO ESTRUTURADOS EM PERFIS DE AÇO LEVE FORMADOS À FRIO EM SUBSTITUIÇÃO A TECNOLOGIA ATUALMENTE EMPREGADA NA ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ.
André Luiz de Alcântara Lima (1); Cristina Engel de Alvarez(2); Marcel Olivier Ferreira(3)
Resumo
Proposta: A Estação Antártica Comandante Ferraz é o local que dá suporte às atividades científicas brasileiras em solo antártico e deve proporcionar condições de segurança e conforto aos usuários. É neste momento que existe um conflito entre a ocupação humana e o impacto ao meio ambiente. Estudos desenvolvidos têm constatado que a atual infra-estrutura, compostas de contêineres re-adaptados, não condiz com as atuais necessidades dos usuários – embora tenha sido a técnica adequada na sua implantação em 1984 -, além de gerar impacto ambiental e dispêndio de energia térmica. Além disso, ao longo dos anos percebeu-se a necessidade de manutenção constante e a reduzida flexibilidade construtiva. A pesquisa se caracteriza enquanto “transferência tecnológica” e está estruturada na busca de conciliação entre as exigências dos usuários, a restrição ambiental e logística para àquela região e a viabilidade econômica da técnica adotada. Considerando ainda a necessidade de adoção de elementos pré-fabricados – pela redução de desperdício e otimização do tempo de obra – foram preliminarmente escolhidos os perfis de aço leve e painéis de vedação estruturados. Método de pesquisa/Abordagens: consiste em três etapas: 1. Levantamento do Estado da Arte sobre a temática e posterior definição dos procedimentos de avaliação de desempenho ambiental de tecnologias construtivas através do; 2. Avaliação de desempenho de tecnologias que utilizam painéis de vedação estruturados e perfis de aço leve de acordo com os requisitos do usuário determinado pela ISO 6241 (acrescida em 3 itens por JONH e ÂNGULO, 2003) e seu desempenho diante de situações ambientais e de uso similares aos exigidos pela ocupação brasileira na antártica; e 3. desenvolvimento de um protótipo a ser construído na Antártica a fim de monitorar o seu desempenho. Resultados Parciais: Consegui-se definir os parâmetros tecnológicos necessários à aplicação da tecnologia na Antártica. Contribuições/Originalidade: submeter uma tecnologia tradicional a condições específicas que permitem avaliar com maior precisão o seu desempenho tecnológico. Este artigo consiste na apresentação de parte da primeira etapa, o Estado da Arte que dará suporte a continuidade da pesquisa.
1. Introdução
A EACF - Estação Antártica Comandante Ferraz, localizada na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica, tem a função de dar suporte às atividades científicas brasileiras e garantir o direito à ocupação brasileira naquele continente.
Conforme Alvarez, 1986, em 23 de junho de 1961 entrou em vigor o Tratado Antártico, documento que regula as atividades desenvolvidas na região acima da latitude 60. Uma das exigências para a participação de um país como Parte Consultiva do Tratado Antártico é a realização de atividades científicas na região, sendo que o Brasil aderiu ao Tratado em 1975. As atividades científicas brasileiras na Antártica iniciaram-se em 1983, sendo admitido em 12 de setembro de 1983 como Membro Consultivo do Tratado Antártico.
O PROANTAR – Programa Antártico Brasileiro, é conduzido pela CIRM – Comissão Interministerial para os Recursos do Mar o coordenado pelo Comandante da Marinha, que tem a função de coordenar as atividades administrativas e logísticas do programa (fonte)
As atividades científicas são financiadas e aprovadas pelo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico e estão agrupadas em Sub-programas de Ciências da Atmosfera, Ciências da Terra e Ciências da Vida (fonte), observando-se a não existencia de sub-programa em desenvolvimento tecnológico, fator esse de provável interferência na reduzida evolução das soluções relacionadas à edificações e equipamentos de uso dos brasileiros na Antártica.
A ocupação brasileira no continente possui interesses específicos nos aspectos, econômicos, científicos e estratégicos, como por exemplo, em pesquisas meteorológicas cujo maior conhecimento na formação das frentes frias que atingem o país e ocorre na antártica, trás possibilidades cada vez maiores na previsão desses fenômenos que influem diretamente no clima de todo o país, desde as pancadas de chuva nas regiões sul e sudeste, à “friagem” na Amazônia e às secas no Nordeste (fonte). Existem ainda indícios de grandes reservas de recursos minerais e, no que diz respeito à riqueza da biomassa, destaca-se que as correntes marinhas provenientes da Antártica também são responsáveis pela renovação da água na costa brasileira, trazendo camarões, oxigênio e nutrientes. No aspecto estratégico, observa-se que a adequada participação do Brasil nas atividades antárticas permite amplo intercâmbio científico, tecnológico e comercial.
De acordo com o Protocolo de Madri-1991 (01), documento específico sobre os condicionantes ambientais incorporado ao Tratado Antártico em 1991 todos os países que exercem atividades no continente antártico são responsáveis pelos procedimentos de avaliação do impacto ambiental das atividades desenvolvidas bem como por propor formas efetivas de reduzir tais impactos (fonte – talvez o próprio protocolo).
A partir de 1994 o PROANTAR passa a contar com o ARQUIANTAR – Arquitetura na Antártica, programa coordenado pela pesquisadora Cristina Engel de Alvarez (02) (03) que surge com o objetivo de estudar a ocupação brasileira na Antártica, diagnosticar problemas e propor soluções. Desde 2001, as atividades referentes ao ARQUIANTAR são coordenadas no LPP – Laboratório de Planejamento e Projetos na Universidade Federal do espírito Santo (UFES), com a colaboração de várias outras instituições, tais como o AMRJ – Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, o IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo dentre outras eventuais, já tendo sido produzidos vários artigos e relatórios técnicos de incontestável contribuição para o PROANTAR.
No ano de 2002, uma avaliação técnica sobre as condições de habitabilidade foi realizada, contando com o apoio do CNPq e da CIRM (04), onde se constatou inúmeros problemas com relação a disposição espacial dos compartimentos, ao mau estado de conservação da Estação, à geração de resíduos por corrosão das estruturas metálicas utilizadas, à funcionalidade da edificação, à má aparência e à necessidade constante de manutenção. Constatou-se ainda que a maioria dos problemas gerados se deve à falta de um ordenamento da ocupação e às limitações da tecnologia utilizada.
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