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O FICHAMENTO - MAQUETES DE PAPEL

Por:   •  7/4/2020  •  Abstract  •  2.279 Palavras (10 Páginas)  •  412 Visualizações

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ROCHA, Paulo Mendes da. Maquetes de papel. São Paulo: Cosac Naify. 2017.

“Existe um momento mágico no processo de elaboração de um projeto de arquitetura: aquele que os arquitetos têm que transformar os primeiro rabiscos em algo palpável, que possa ser olhado à distância, sob outro ângulo, a fim de aferir a validade dos princípios adotados num primeiro impulso criativo. É nesse momento que recorrem a outras formas de representação: montam cortes e perspectivas, mudam a escala de trabalho, fazem modelos em madeira ou, mais recentemente, criam modelos digitais.” (p. 11)

Na apresentação do livro Maquetes de papel (2017) Catherine Otondo e Marina Grinover relatam de forma simples a experiência que tiveram ao assistir a aula ministrada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e nessa primeira introdução é possível entender que a ideia de maquete é a representação da ideia principal.

“O arquiteto Paulo Mendes da Rocha recorre às maquetes de papel. No momento que ele acredita haver chegado a uma premissa síntese da questão proposta, confecciona pequenos modelos de papel com materiais corriqueiros encontrados em seu escritório: arame, durex, cola.” (p. 11)

As maquetes de papel apresentada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, não são as maquetes mais elaboradas, na verdade são as mais simplistas possível.

“Durante a aula expositiva, Mendes da Rocha descreveu, com impressionante clareza, esse curto espaço de tempo entre as linhas traçadas e a confecção da maquete de papel. Passo a passo, relatou sua maneira de projetar indicando algumas premissas criativas, como a convocação de um saber interdisciplinar, a articulação do projeto com o território e sua capacidade transformadora nas diferentes esferas sociais e culturais. No momento em que todas essas questões parecem se arranjar espacialmente, e contemplam o programa proposto, Paulo Mendes da Rocha faz suas maquetes.” (p.12)

Ainda nas palavras de Otondo e Grinover é possível absorver de maneira rápida como será tratada a ideia da criação da maquete representada por Paulo Mendes da Rocha.

“A maquete, assim, representa para o arquiteto um momento de aferição, no qual ele verifica as proporções, as transparências, as sombras que aqueles volumes geram e a relação com as diferentes escalas urbana e humana.” (p.12)

A maquete é uma forma de visualizar um projeto, poder verificar questões técnicas e ideias.

“[...] é imaginar as coisas que ainda não existem. [...] devemos começar invocando aquilo que a experiência humana acumulou em forma de conhecimento, desde as origens de nossa existência até hoje. Um arquiteto deve pensar de cara em história da arquitetura, se debruçar sobre os testemunhos que temos [...] Estou dizendo tudo isso pelo seguinte: se você vai fazer um projeto, antes de mais nada deve ser capaz de invocar a memória sobre um saber, ainda que não tenha consciência de que sabe.” (p.19)

Paulo Mendes da Rocha coloca em seus projetos além da imaginação, criatividade, muita pesquisa histórica. Busca em experiências de outros e nele mesmo, inspiração e conhecimento.

“[...] Não aceitar isso ou aquilo, mas perguntar “o que é que você está falando? [...] o fato de que não há casas para todos não é mais só uma questão de arquitetura [...] Então surge a questão primordial da arquitetura: a fabricação, a construção e a edificação da cidade. E, agora mais do que nunca, a consciência sobre a ecologia, a cidade como transformação da natureza, uma nova geografia! [...] É tudo projeto! Essa visão da disposição espacial e da instalação das populações, das infra-estruturas, das casas, é um trabalho muito engenhoso, fruto de uma determinada experiência humana.” (p.20)

É preciso entender os passo a passo da arquitetura, verificar questões como fabricação, construção e edificação, além de questões estéticas. A arquitetura tem o poder de transformar a natureza, é preciso aplicar com sabedoria os conhecimentos e técnicas  para que a transformação seja feita de maneira correta.

“[...] a cidade é o espaço ideal do habitat humano. Ela precisa ser projetada. As coisas não podem acontecer como um acaso histórico, com desvios de interesse particulares; temos que acomodar as populações no seu melhor arranjo dentro das cidades, e não é só vender terrenos, como querem os especuladores imobiliários; isso gera um desastre. A cidade é para todos. São os impostos que pagam o asfalto, o esgoto, o transporte coletivo e não individual; pois como sabemos o automóvel entope as ruas, não se anda, e ainda polui a atmosfera. Isso acontece em Londres, Amsterdã, Milão, São Paulo, não tem mais nada a ver só com o terceiro mundo. (p. 21)

Projetar é basicamente o estudo, a compreensão da necessidade humana e do ambiente (natureza). Para que ambos possam viver juntos nessa transformação. Não se pode deixar ao acaso, visto que mesmo com alguns estudo, hoje enfrentamos problemas em cidades grande, sejam ela de um país desenvolvido ou não economicamente.

“Devemos entender a dimensão política da nossa profissão, quer dizer, influir de modo justo nas prefeituras e assembleias, para que se mude a mentalidade da ocupação desse território, para que se adotem modelos mais novos, e pouco a pouco transformar esses lugares em algo melhor, para que se demonstre a grande virtude que é viver nesta ou naquela cidade.” (p.21)

O arquiteto tem o poder de mudar, de transformar, de criar, por isso é um profissional de grande importância no desenvolvimento de cidades por exemplo.

“Outra questão é: qual o caráter dessa cidade? O que ela vai exprimir? São aspecto filosóficos, sem dúvida, e antropológicos e geográficos também. É por isso que a arquitetura é tão interessante em tese, e é fácil de degenerar. Porque tudo isso não é uma questão de quantidade de sabedoria. Se por um lado o arquiteto tem que saber mecânica dos fluídos, dos solos, as técnicas construtivas, a resistência dos materiais, por outro a única maneira de saber tudo é de forma peculiar, ou seja, a arquitetura é uma forma singular de conhecimento, é algo complexo de definir! Porque você convoca história, ternura, memória, realização, e decide: vou fazer, então!” (p. 21-22)

A arquitetura vai além de conhecimento técnico, é uma área complexa, abrange diversas temáticas de aprendizado no desenvolvimento de um projeto, tais como filosóficos, antropológicos, sentimentos, e por aí vai.

“[...] É a maquete como croqui. A maquete em solidão! Não é para ser mostrada a ninguém. A maquete que você faz como um ensaio daquilo que está imaginando. O croqui, o boneco, um conto. Como o poeta quando rabisca, quando toma nota. O croqui que ninguém discute.” (p. 22)

A maquete de papel de Paulo Mendes da Rocha, pode ser definida como a maquete croqui. Basicamente o rabisco da ideia bruta. Nela você vai lapidando até achar o ponto ideal.

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