O GILBERTO FREYRE E SUA POSIÇÃO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

GILBERTO FREYRE E SUA POSIÇÃO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

Brasília é uma capital no interior do Brasil, proposta em 1823 por José Bonifácio de Andrada e Silva - um dos patronos da Independência, inaugurada apenas na década de 60- durante o governo Kubitschek - sendo projetada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer (que ficou encarregado de projetar os edifícios públicos). Ambos trabalhavam com arquitetura escultural, logo produziram na nova capital belas obras em escala monumental.

O Palácio presidencial encantava beleza, forma e leveza, contudo, não conduzia com o clima tropical de Brasília, consequentemente, tornou-se quente e desconfortável por conta da iluminação excessiva, além das falhas que se encontram também nos edifícios construídos para os funcionários públicos, Gilberto ressaltava "que, como a cidade nova, Brasília não é para ser considerada um problema de arquitetura ou, sequer, de urbanismo, mas de ecologia".

Gilberto Freyre admirava a arquitetura de Brasília, afirmando que além de bela, era "das maiores e das mais puras que já se criaram em qualquer parte do mundo". É indubitável o reconhecimento da grande beleza presente nas obras na capital, porém, a fixação pela estética afastou os edifícios da funcionalidade, chegando ao ponto dos projetistas esquecerem, de início, espaços para as escolas. Não produziram algo que tangesse o lazer e a recreação, negligenciando a temática, e se questiona o fato de arquitetos socialistas - como tais - se posicionarem dessa forma construtiva quase ditatorial, sem considerar também as mudanças sociais, cometendo falhas que poderiam ser evitadas com auxílio cooperativo de profissionais de outras áreas. Devido a tal fato, Freyre afirmava que um país pobre como o Brasil não poderia "dar-se ao luxo de levantar uma cidade só de arquitetura escultural, com a sua edificação ordenada exclusivamente por arquitetos”.

Independentemente de sua amizade com Oscar Niemeyer, Freyre não poupou suas críticas ao projeto, porém, não se posicionou contra Lucio Costa e Niemeyer, ele declarava que [Brasília] "representa um triunfo brasileiro grande demais para que seus erros sejam considerados à revelia de suas virtudes. Mas é preciso que nós resguardemos da repetição dos seus erros e, em arquitetura, pensemos regionalmente e não apenas modernisticamente [...]”.

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