Quais os objetivos de Linklater com o artigo?
Por: Yvan Andrade • 1/4/2021 • Projeto de pesquisa • 1.618 Palavras (7 Páginas) • 229 Visualizações
Linklater - Questões
Quais os objetivos de Linklater com o artigo?
Segundo o artigo, para Linklater, um dos objetivos é delinear como a teoria crítica das relações internacionais pode ser levada além do impasse atual. Ele argumenta que as questões de inclusão e exclusão são centrais para as relações internacionais, uma vez que os estados e o sistema de estados são, em si mesmos, sistemas de inclusão e exclusão. Essas questões têm várias dimensões: normativa, referente às justificativas filosóficas para excluir algumas pessoas de determinados arranjos sociais enquanto admite outras; sociológico, relativo ao funcionamento e manutenção de sistemas de inclusão e exclusão; e praxeológico, no que se refere ao impacto dos sistemas de inclusão e exclusão, na ação humana. Ao mergulhar mais profundamente nessas dimensões normativas, sociológicas e praxeológicas das lógicas de inclusão e exclusão na política mundial, podemos começar a mapear um novo caminho para a teoria das relações internacionais.
Um segundo objetivo é mostrar que os desenvolvimentos dentro da teoria crítica são significativos para o campo como um todo. Essa tentativa de reunificar as relações internacionais sob a orientação da teoria crítica baseia-se na crença de que o senso atual de crise disciplinar e incerteza sobre os rumos futuros não é, a longo prazo, benéfico para o campo. Advertências recentes sobre os perigos de escapar das garras da ortodoxia apenas para cair nas mãos de outra pessoa devem ser levadas a sério. Nenhuma afirmação é feita de que a teoria crítica é única ou abundantemente dotada dos recursos necessários para sinalizar o curso certo para o campo. O que se sugere é que a teoria crítica possui uma visão das relações internacionais que, quanto mais articulada, pode dar um direcionamento ao campo como um todo. Embora a teoria crítica em si possa não ser o próximo estágio, ela pode, no entanto, esclarecer qual deve ser a fase subsequente. A teoria crítica pode esclarecer a natureza do empreendimento acadêmico comum ao qual diferentes perspectivas estão relacionadas, estabelecendo os pontos fortes de diferentes abordagens e mostrando como elas podem ser aproximadas. Visto que, o objetivo explícito da teoria crítica é promover a emancipação humana, o que significa que a teoria é abertamente normativa, assumindo uma função até no debate político. Nisso, diverge radicalmente da teoria tradicional ou positivista, na qual a teoria deve servir à neutralidade e se preocupar somente com a descoberta de fatos preexistentes e de regularidades em um mundo independente e externo.
Quais são suas considerações sobre o Marxismo?
Para Linklater, entrou-se em um consenso de que o marxismo não seria mais a expressão principal da teoria crítica. Além disso, quase toda a crítica do materialismo histórico questionou se sua suposição de que a produção é a força preeminente no desenvolvimento humano, e praticamente todo desafio enfatizou o fracasso do marxismo em considerar várias formas de dominação que não são redutíveis à classe. Por meio desses problemas, Habermas argumentou que Marx destacou a evolução da conquista social da natureza e subestimou o papel das lógicas evolucionárias independentes na esfera moral-cultural. Linklater quis reformular a teoria de Relações Internacionais, indo além do realismo e do marxismo. Visto que o marxismo não considerava as relações estratégicas entre Estado. Para ele, o marxismo fracassou porque não conseguiu compreender a importância do sistema de Estados e das Relações Internacionais na reprodução de estruturas de dominação
Quais são suas considerações sobre o Pós-Modernismo?
As considerações de Linklater sobre os pós-modernistas, diz respeito sobre a contestação sobre a explicação de Habermas sobre o progresso moral, argumentando que não há bases para supor que um compromisso com o universalismo revele a superioridade do conceito ocidental do indivíduo, os códigos éticos europeus ou as formas de vida ocidentais. Os críticos argumentam que as noções de progresso ético e universalidade moral são totalmente arbitrárias e que nenhuma tentativa de reconstruir o materialismo histórico ou de salvar a teoria social crítica pode ser estabelecida sobre esses fundamentos. Desenvolvendo esse ponto mais recentemente, o pós-modernismo enfatizou o fenômeno da exclusão intelectual em diferentes disciplinas. Nas relações internacionais, os pós-modernistas têm argumentado que a afirmação de que o método científico sozinho pode fornecer conhecimento objetivo, e a crença de que a disciplina está primeiramente preocupada com relações estratégicas entre estados, são duas perspectivas hegemônicas e excludentes dentro de um campo arbitrariamente definido.
Qual a diferença da perspectiva da Teoria Crítica sobre as demais?
Para Linklater, seguramente, pode-se afirmar que a preocupação central da teoria crítica é a emancipação. É aí que surge a diferenciação entre a teoria tradicional e a teoria “crítica”: a primeira enxerga o mundo como um conjunto de fatos que aguardam ser descobertos pelo uso da ciência – positivismo. Horkheimer defendia que teóricos tradicionais estavam equivocados ao propor que o “fato” a ser descoberto pudesse ser percebido independentemente da estrutura social em que a percepção ocorria. Mas a situação era mais grave, já que a teoria tradicional estimulava o aumento da manipulação de vidas humanas. Ela via o mundo social como uma área para controle e dominação, como a natureza, e, portanto, indiferente às possibilidades da emancipação humana. Horkheimer propunha a adoção da teoria crítica. Esta não enxerga fatos da mesma forma que a teoria tradicional. Para teóricos críticos, fatos são produtos de estruturas sociais e históricas específicas. A percepção de que teorias estão fixadas nessas estruturas permite que os teóricos críticos reflitam sobre os interesses atendidos por uma teoria particular. O objetivo explícito da teoria crítica é promover a emancipação humana, o que significa que a teoria é abertamente normativa, assumindo uma função até no debate político. Nisso, diverge radicalmente da teoria tradicional ou positivista, na qual a teoria deve servir à neutralidade e se preocupar somente com a descoberta de fatos preexistentes e de regularidades em um mundo independente e externo.
O que ele quer dizer com “o problema normativo do Estado”
Para Linklater, uma vez que a teoria crítica começa com um compromisso prima facie com a igualdade humana, a primeira pergunta a fazer a respeito da questão normativa do estado diz respeito à justificativa para excluir qualquer ser humano de qualquer arranjo social. Uma resposta é sugerida na afirmação de Habermas de que códigos morais avançados estão comprometidos em conceder a todo ser humano o mesmo direito de participar de um diálogo aberto sobre a configuração da sociedade e da política. A consequência crucial que decorre dessa afirmação é que não há motivos válidos para excluir antecipadamente qualquer ser humano do diálogo. Nenhum sistema de exclusão passa neste teste moral a menos que seus princípios constitutivos possam exigir o consentimento de todos, em particular daqueles a serem excluídos do arranjo social em questão.A acusação fundamenta-se no fato de a teoria crítica defender uma “ordem alternativa”, presumivelmente “melhor”; concomitantemente, não indica com clareza o que constitui uma ordem “boa”, em se tratando da dimensão ética. Em que medida a ordem que se busca superar a ordem atual? Para a teoria normativa, somente o aprofundamento das discussões sobre a ética e a moral nas relações internacionais poderia oferecer algum tipo de resposta a tais indagações. Nisso, os teóricos normativos aparentam ter razões para assinalar o curioso silêncio da teoria crítica a esse respeito. Mais do que isso, para a teoria crítica qualquer perspectiva que parta da premissa de que existam aspectos de tal realidade que sejam permanentes ou imutáveis é falaciosa.
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