Sustentabilidade: A vez da construção civil
Por: Osvaldo Magaia • 28/5/2018 • Ensaio • 650 Palavras (3 Páginas) • 184 Visualizações
Sustentabilidade: a vez da construção civil
Fabio Feldmann
O sector da construção civil tem ganhado força e importância no cenário internacional no que se refere à busca de sua sustentabilidade e a transformação de práticas e métodos ultrapassados. O sector, que poderia ser considerado um dos sectores mais despreocupados com a questão ambiental e seus reais impactos no planeta, vê-se agora diante de uma "onda verde", com a explosão de inúmeras publicações sobre o assunto; a realização de vários eventos e seminários para difundirem o tema, enfim, uma série de iniciativas que visam, acima de tudo, disseminar conhecimento e gerar o real engajamento do sector como um todo: desde produtores de matéria-prima até às próprias construtoras.
A construção civil sustentável, como é chamada essa nova tendência, faz uso de materiais ecologicamente correctos e eficientes e de soluções tecnológicas inteligentes para promover o bom uso e a economia de recursos, como água e energia eléctrica; a redução da emissão de gases de efeito estufa, tanto na produção de matéria-prima quanto na operação normal das edificações; a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno e o conforto de seus moradores e usuários. Telhados verdes e sistemas de ventilação que imitam colméias são algumas das inovações que os chamados green buildings apresentam para atenderem aos quesitos acima expostos e economizarem recursos e energia em sua construção e operação. A fim de garantir que tais empreendimentos sejam elaborados conforme regras claras de sustentabilidade estão sendo criadas algumas certificações, como a norte-americana LEED (Leadership in Environmental and Energy Design) e a francesa HQE (Haute Qualité Environnementale).
No Brasil, a iniciativa mais importante e recente no assunto foi a criação do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS (www.cbcs.org.br), que surgiu da necessidade de integrar boas práticas de sustentabilidade e criar uma maneira estruturada de interagir com outros sectores, além de promover o desenvolvimento sustentável por meio da geração e disseminação de conhecimento e da mobilização da cadeia produtiva da construção e seus consumidores. Para tanto pretende-se desenvolver metodologias adequadas à realidade brasileira para avaliação da sustentabilidade de serviços e empreendimentos e promover a elaboração de publicações e referências técnicas direcionadas às empresas e profissionais do sector.
A criação de tal Conselho denota o amadurecimento do sector no Brasil, mas é necessário salientar que em um país como o nosso, no qual 77% das construções são auto-geridas, ou seja, acontecem sem a participação de construtoras ou agentes públicos, é necessário que as mudanças e transformações sejam devidamente regulamentadas, para que realmente atinjam o maior número de empreendimentos possível.
Contudo, é possível afirmar que o maior avanço a ser reconhecido actualmente é o engajamento deste sector, antes inerte, e que é capaz de gerar transformações sem precedentes na luta pela sustentabilidade do planeta. A mistura correcta entre uma apropriada regulamentação governamental, um aprimoramento do uso de tecnologias para economia energética e uma mudança comportamental pode reduzir substancialmente as emissões de CO2 do sector, que acumula cerca de 30 a 40% do uso global de energia, segundo o relatório Buildings and the Climate Change 2007, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O mesmo relatório, citando o exemplo da Europa, diz que mais de um quinto do consumo de energia e mais de 45 milhões tonelada de CO2 poderiam ser economizados por ano até 2010 com a aplicação de medidas mais ambiciosas para prédios novos e já existentes.
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