Trabalho Um Cão Andaluz
Por: Mari R.Cardoso • 25/5/2021 • Trabalho acadêmico • 690 Palavras (3 Páginas) • 174 Visualizações
Nome e autor da obra: Um Cão Andaluz (1929) escrito por Salvador Dalí e Luis Buñuel e dirigido por Luis Buñuel.
Desmaterialização identificado na obra escolhida: Um filme curto que utiliza de simbologia, mudez e cenas absurdas e fora de ordem para propositalmente confundir o espectador. Provoca a sensação de estar assistindo um sonho ou mergulhando no subconsciente das personagens. Buscava chocar os ideais conservadores de sua época, “rasgar” o antigo olhar da sociedade, e tem clara influência da psicanálise, mais especificamente do livro A Interpretação dos Sonhos de Sigmund Freud. Demonstra a rejeição do mundo lógico e prático e o interesse pelo subconsciente reprimido.
O filme é desconstrutivista por que não existe em objeto físico, a sua arte está nas emoções e pensamentos causados em cada indivíduo ao assistir-lo, ou seja, as cenas são apenas um artifício para incentivar a reflexão.
Justificativa da escolha da obra: Escolhemos Um Cão Andaluz por ser um marco do movimento surrealista que junto do dadaísmo pertence a vertente de desconstrutivismo da arte e a quebra do estético racional.
Identificação dos aspectos que mostram a “forma informe” ou “transformação”: A obra escolhida trata-se de um filme sem significado, onde é quebrado todos e quaisquer padrões cinematográficos utilizados na época e qualquer padrão atual, assim, não é possível uma interpretação objetiva. O inconsciente é expressado de uma forma tão “crua” que não há como saber exatamente o que está se passando, ou seja, a forma em que é apresentado constitui uma importante tentativa de rompimento com toda a lógica e clara narrativa com forte apelo e referência à dimensão da sua própria realidade individual que forma os sonhos, chamada de onírico, uma transformação no modelo de arte da época. A conclusão que é causado nos espectadores é uma tentativa de achar uma lógica para imagens, criando uma série de interpretações, todas presas nos valores válidos.
Análise Formal da Obra
A obra selecionada seria a porta de entrada para o surrealismo no Cinema. Considerando a época do lançamento do filme, a ideia e o enredo foram escritos principalmente em cima de uma crítica a sociedade racional que utilizava dessa racionalidade para a destruição, feito em 1929, na época da pós depressão da primeira guerra mundial.
Logo no Início percebemos uma quebra da realidade, o corte da visão significa esse rompimento entre o interior com o exterior e o inconsciente com o consciente / real. Em outra cena nos deparamos com formigas seguradas na mão do protagonista, o que poderia sugerir o formigamento das mãos considerado como “desejo de matar” que se refere a sociedade na época que por muitas vezes não conseguiram suportar todos os estragos das guerras e acabar completamente devastada.
Em outro momento do filme percebemos uma cena muito interessante, quando um homem, no auge de seus impulsos sexuais é impedido de realizá-los. Ele se abaixa e agarra duas cordas e, quando as puxa, percebe seu peso. Quando ele finalmente consegue retirá-los, ele vê um piano, um burro morto e dois padres enforcados. Também vemos nas costas do homem reprimido duas tábuas que lembram os Dez Mandamentos. Há uma oposição entre razão e instinto, entre liberdade e censura, ao lado da hipocrisia religiosa, como em todas as obras posteriores de Buñuel. Para satisfazer seus desejos mais íntimos e descontrolados, muitas vezes de natureza sexual, a pessoa deve abrir mão dos laços sociais para ver a realidade com outros olhos.
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