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Avaliação de Empresas: da Mensuração Contábil à Econômica

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Por:   •  22/9/2014  •  Relatório de pesquisa  •  2.916 Palavras (12 Páginas)  •  379 Visualizações

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PASSO II

Avaliação de Empresas: da Mensuração Contábil à Econômica São várias as formas de se medir o patrimônio e o lucro de uma empresa; desde o Custo Histórico, com base nas transações ocorridas, passando pelo Custo Corrente, considerando a reposição dos fatores de produção sendo consumidos, avaliando cada ativo e passivo pelo seu Valor Líquido de Realização e chegando ao Valor Presente dos Fluxos de Caixa Futuros. Todas elas consideram, no fundo, um único Objeto: o caixa; ora o caixa acontecido, o prestes a acontecer, o que aconteceria se ativos e passivos fossem vendidos, o caixa esperado por transações futuras etc., cada uma das informações válidas para uma finalidade diferente. Logo, não são modelos alternativos, que implicam, obrigatoriamente, a eliminação ou não adoção dos demais; podem simplesmente ser tratados como complementares. Os únicos fatores que, no longo prazo, podem fazer divergir a mensuração do lucro são: inflação e custo de oportunidade. A avaliação patrimonial das empresas tem provocado enormes discussões acadêmicas e profissionais ao longo do tempo (séculos), confusões conceituais, críticas quanto à relevância e à utilidade da Contabilidade, conferências, artigos etc. (Ganhavam muito com isso os produtores de papel; agora dividem os ganhos com os provedores e demais integrantes da cadeia da internet. Ah! Ia me esquecendo: ganham os mestrandos e doutorandos que continuam podendo fazer teses sobre esse assunto e os professores que temos oportunidade de pesquisar e também escrever a respeito da matéria).

As Empresas e as Relações com seus investidores (RI).

Abaixo segue o exemplo de três empresas e seus dados numéricos em Reais de certo período: Bradesco S/A CTVM, Mercantil do Brasil Corretora S/A CTVM e Banco Votorantim S.A.

Bradesco S/A CTVM.

No período de 1º de Janeiro a 30 de Setembro de 2013, o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 8.932 bilhões, correspondente a R$ 2,13 por ação e rentabilidade de 18,3% sobre o patrimônio líquido médio (*). O retorno atualizado sobre os Ativos totais médios foi de 1.3%.

Foram destinados aos acionistas, a título de Juros sobre o Capital Próprio e Dividendos, no período, R$ 3.145 bilhões, sendo R$ 1.554 bilhão pagos na forma de mensais e intermediários e R$ 1.591 bilhão provisionados. Os impostos e contribuições, inclusive previdenciárias, pagos ou provisionados, nos primeiros nove meses do ano, totalizaram R$ 18.096 bilhões, sendo R$ 7.039 bilhões relativos aos tributos retidos e recolhidos de terceiros e R$ 11.057 bilhões apurados com base nas atividades desenvolvidas pela Organização Bradesco, equivalente a 123.8% do Lucro Líquido.

Ao término do trimestre, o Capital Social realizado era de R$ 38.100 bilhões. Somado às Reservas Patrimoniais de R$ 28.933 bilhões, formou o Patrimônio Líquido de R$ 67.033 bilhões, crescimento de 1,5% comparado ao mesmo período de 2012, correspondendo ao valor patrimonial de R$ 15,97 por ação.

O Valor de Mercado do Bradesco, calculado com base na cotação de suas ações, em 30 de setembro de 2013, atingiu R$ 136.131 bilhões, equivalente a 2 vezes o Patrimônio Líquido. O Patrimônio Líquido Administrado representa 7,5% dos Ativos Consolidados, que somaram R$ 907.694 bilhões 6,0% de crescimento sobre setembro de 2012.

Mercantil do Brasil Corretora S/A CTVM.

O Mercantil do Brasil registrou Lucro Líquido de R$ 14,3 milhões (Consolidado de R$ 16,6 milhões) no semestre.

Foram declarados Dividendos aos acionistas, na forma de Juros sobre o Capital Próprio no valor de R$ 13,3 milhões, relativamente ao primeiro semestre de 2013, correspondente a um valor líquido de imposto de renda de R$ 11,3 milhões, cabendo às Ações Ordinárias R$ 0, 2538 e às Ações Preferenciais R$ 0, 2820. O Patrimônio Líquido atingiu o montante de R$ 827,0 milhões em junho de 2013 e R$ 813,0 milhões em junho de 2012 (Consolidado R$ 827,2 milhões em junho de 2013 e R$ 806,9 milhões em junho de 2012).

O conceito de custo de oportunidade é um dos mais relevantes na economia e nas decisões, não só do homem como de qualquer ser vivo que decide. É natural, instintivo, intuitivo. (Se o leitor chegou até aqui, arcou com o custo de oportunidade relativo ao que teria ganho se tivesse aproveitado esse tempo para fazer o que considerava a segunda melhor alternativa no momento. (Espero que não se considere no prejuízo.) Mas sua não consideração na Contabilidade é a segunda (e última) mentira com a qual convivemos.

Dizer, por exemplo, que uma empresa lucrou porque obteve um resultado que foi de apenas 2% sobre o valor do patrimônio líquido investido quando qualquer

alternativa (inclusive a aplicação nos títulos de maior liquidez e menor risco produz mais do que isso) não é dizer a verdade. A consideração do custo do capital próprio como sendo nulo é algo insustentável conceitualmente, é cegueira que parece nos pegar de

nascença.

É comum hoje dizer que o valor econômico de qualquer bem corresponde ao valor presente do fluxo líquido de caixa que se espera esse bem produzirá no futuro. O mesmo se aplica ao caso da empresa como um todo; esse é o critério mais utilizado nos processos

de avaliação de empresas para fins de negociação, fusão, cisão, privatização etc. O alvo é sempre o caixa e, no fundo, o que interessa é o futuro; tomamos decisões hoje para procurar maximizar nossos benefícios futuros. Daí toda a discussão sobre a total falta de utilidade e relevância (idéia da qual discordamos) das Demonstrações Contábeis de hoje. A falada Nova Economia trouxe isso muito à tona, já que a avaliação das empresas por ela abrangidas, por essa forma, possui a maior discrepância já vista na história contábil com relação às demonstrações tradicionais.

Define-se, inclusive, que a melhor maneira de médio lucro de uma empresa é pela comparação entre o seu valor de mercado em dois momentos diferentes;

o verdadeiro lucro seria o obtido pela diferença entre essas expectativas futuras trazidas a valor presente calculadas em dois pontos distintos do tempo.

Todas essas formas de avaliação são diferentes maneiras de se ver o mesmo objeto: de forma geral, o patrimônio da empresa, e de forma específica e final, o seu caixa. A diferença é a perspectiva temporal: transações ocorridas, prestes a ocorrer, que poderiam ocorrer e que se espera ocorrerão.

Mas, no final, lucro continua sendo o que os sócios conseguirem levar comparado

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