Contabilidade nas Operações Rurais: Relação Custo Receita nas Culturas de Ciclo Curto e na Bovinocultura Extensiva
Por: daniellejacob • 31/3/2017 • Trabalho acadêmico • 731 Palavras (3 Páginas) • 346 Visualizações
Contabilidade nas Operações Rurais: Relação custo receita nas culturas de ciclo curto e na bovinocultura extensiva, um comparativo entre as duas atividades.
Inicialmente, faz-se necessário definir o que significam as operações rurais. A Lei nº 8.023/90 considera atividade rural a agricultura, a pecuária, a extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, sericicultura, piscicultura, e outras culturas animais, bem como a transformação de produtos decorrentes da atividade rural. Além disso, a Lei nº 9.430/96 estende a definição para o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização.
Este trabalho tem como objetivo contextualizar os custos e receitas em duas importantes atividades agrícolas: A bovinocultura em sistema extensivo e as culturas de ciclo curto, relacionando com a importância da aplicação da contabilidade rural nessas atividades específicas, para a tomada de decisões coerentes e eficazes.
Segundo Calderelli (2003), a Contabilidade Rural é aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou indústria seja agricultura ou pecuária”. Apesar disso, uma das ferramentas administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros é, sem dúvida, a Contabilidade Rural, vista, geralmente, como uma técnica complexa em sua execução, com baixo retorno na prática.
Fato notório na agropecuária brasileira, é que grande parte dos produtores rurais estão muito mais atentos aos índices de produtividade por hectare cultivado que à lucratividade média por hectare. Embora a agricultura alcance médias de produção muitas vezes superiores aos da pecuária extensiva por precisar de uma menor quantidade de área para uma determinada produção, as despesas médias da bovinocultura são inferiores aos da agricultura. A pecuária é menos susceptível aos riscos de mercado. Os frutos e demais produtos de origem vegetal devem ser colhidos e destinados ao mercado quase que imediatamente após a maturação. Na pecuária, o produtor poderá, na maioria das situações adversas, manter os animais no campo e esperar melhorias das condições do mercado. Tal estratégia não alcança o mesmo sucesso na agricultura, pois reter frutos maduros na lavoura significa prejuízos, porque ao contrário de bovinos que podem ficar mais tempo no pasto, os frutos maduros entram em senescência logo após o período de colheita.
De acordo com Rosa (BeefPoint), a pecuária responde bem à aplicação de tecnologias e é tida como um dos investimentos mais seguros. O rebanho bovino é um ativo real, de alta liquidez, que pode ser negociado em qualquer era e em qualquer período. O mesmo não pode ser feito com uma lavoura de soja que não vingou, por exemplo. Segundo Romeiro (1998), o desenvolvimento agrícola envolve diversas variáveis (ecológicas, socioeconômicas, político-institucionais, culturais e tecnológicas), sendo que a importância relativa de cada uma delas se modifica com o tempo. Na agricultura, todas essas variáveis tendem a elevar o dividendo custo e diminuir o divisor “receitas” mais fortemente que na criação de animais.
Segundo levantamento feito pela “Scot Consultoria”, o lucro médio da pecuária varia de R$ 80,00 (oitenta reais) a R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) por hectare e na agricultura a variação é de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 700,00 (setecentos reais) por hectare. Em uma análise superficial, poderíamos acreditar que obviamente a agricultura é sempre mais rentável que a pecuária. No entanto, uma análise mais criteriosa revela que este dado tem sido favorável à agricultura porque as piores terras estão sendo destinadas à criação de gado e sem agregação tecnológica. Além disso, a grande maioria das fazendas de gado apresentam pastos com décadas de exploração sem manejo adequado e ainda com taxas de lotação que caracterizam o superpastejo. O mesmo não pode ser feito na agricultura, que exige maior custo de produção pela necessidade de solos mais férteis ou adubados e com alto nível de investimentos.
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