A Relação entre o Islã e o Terrorismo
Por: sandroccomp • 21/6/2017 • Artigo • 4.999 Palavras (20 Páginas) • 379 Visualizações
A Relação entre o Islã e o Terrorismo
The Relationship between Islam and Terrorism
Sandro Maciel Fernandes
Ariovaldo Clairyton de Souza Silva
RESUMO: O presente artigo se baseia na recente inquietação internacional relacionada ao crescimento da islamofobia, que é o sentimento de ódio ou de repúdio em relação aos muçulmanos e ao Islamismo em geral. Acontecimentos recentes relacionados a ataques terroristas e a entrada de sírios na Europa em busca de refúgio devido à guerra em seu país, evidenciam o fracasso do multiculturalismo nos países europeus. Diante desse cenário, representantes das Nações Unidas debatem sobre o tema e apontam falta de conhecimento das pessoas em geral sobre o mundo islã, sempre ligado à violência e à opressão dos direitos humanos. Segundo Jorge Sampaio, alto representante para a Aliança de Civilizações (2010), muitos dos representantes “apontam a mídia como formadora de estereótipos negativos aos muçulmanos no Ocidente e vinculadora de informações distorcidas, mas sugerem intercâmbios educativos e culturais entre países para proporcionar um maior entendimento entre as partes, formando uma plataforma para o diálogo mais aberto entre as partes, de modo a acabar com o preconceito e a ignorância.
PALAVRAS-CHAVE: Islamofobia. Muçulmanos. Multiculturalismo.
ABSTRACT: This article is based on recent international concern related to the growth of Islamophobia, which is the feeling of hatred or disgust towards Muslims and Islam in general. Recent events related to terrorist attacks and the entry of Syrians in Europe seeking refuge due to war in their country, demonstrate the failure of multiculturalism in European countries. In this scenario, the UN representatives debate on the topic and point out the lack of knowledge of people in general about Islam world, always on the violence and oppression of human rights. According to Jorge Sampaio, High Representative for the Alliance of Civilizations (2010), many of the representatives' point to the media as forming negative stereotypes of Muslims in the West and binding of distorted information, but suggest educational and cultural exchanges between countries to provide a greater understanding between the parties, forming a platform for more open dialogue between the parties to end the prejudice and ignorance.
KEYWORDS: Islamophobia. Muslims. Multiculturalism.
INTRODUÇÃO
Ler ou ouvir a palavra islamofobia, termo cunhado para designar o sentimento de ódio ou de repúdio em relação aos muçulmanos e ao Islamismo em geral, está cada vez mais comum nos veículos de informação atuais. Crimes de ódio e ataques terroristas estão causando cada vez mais temor na sociedade. Com isso, o preconceito é alimentado e as pessoas, muitas vezes, confundem o terrorismo com o islamismo.
O artigo objetiva explicar como a sociedade chegou a tal patamar e desmistificar essa relação que o ocidente cria entre muçulmanos e terrorismo, já que a maioria das vítimas tem sido muçulmana. Fará, também, um levantamento de como a comunidade islâmica vem sendo vista, principalmente, pela Europa.
Conceituaremos o islamismo, mostraremos um pouco de seus costumes e faremos uma análise sobre as consequências que o extremismo traz para toda a comunidade islâmica. Falaremos sobre a dificuldade que o multiculturalismo tem para prosperar na Europa, não só pelos casos ocorridos, mas como a cultura europeia é complexa e o que a Organização das Nações Unidas, religiosos e os principais representantes dos governos do mundo têm feito para tentar estreitar as relações entre os povos para que haja um maior entendimento entre os mesmos.
1. ISLAMISMO
Conceituar o islamismo e algumas de suas tradições é de extrema importância para explicarmos um pouco da situação da comunidade islâmica atual.
O islamismo é uma religião de origem abraâmica monoteísta que foi fundada no início do século VII por Maomé que, na verdade, nunca se apresentou como fundador da religião, mas como profeta de tradições antigas.
O significado da palavra árabe Islã é submissão ou rendição e se refere aos que obedecem a Deus, Alá em árabe, o único e verdadeiro Deus, criador, provedor e ceifador da vida.
Os muçulmanos, que são os seguidores do islamismo, possuem cinco deveres religiosos essenciais destinados a desenvolver o espírito de submissão a Deus:
1) Professar a fé (Sahahada) – o maior pecado é a apostasia da fé ou a adesão à idolatria e ao paganismo; a bem-aventurança celeste é prometida àqueles que morrem na guerra santa;
2) Orar cinco vezes por dia (Salat) (ao amanhecer, ao meio-dia, pela tarde, ao pôr do sol, no primeiro quarto da noite), cumprindo-se, de cada vez, as abluções rituais prescritas;
3) Jejuar durante o mês inteiro de Ramadã (Sawm), desde o nascer até o pôr do sol diariamente;
4) Dar esmola aos pobres (Zakat), e também a obrigação de dar hospedagem momentânea seja a quem for e a qualquer hora;
5) Peregrinar a Meca uma vez na vida (Haji). A peregrinação é realizada no décimo segundo mês do calendário islâmico.
Por vezes, é também considerado um dever religioso, o Jihad. O termo significa “luta” e é utilizado para descrever o dever de realizar “guerras santas” para disseminar a fé ou defender terras islâmicas. É também utilizado para indicar luta pelo desenvolvimento espiritual.
O Alcorão (2016), livro sagrado do islamismo, é a coletânea das revelações de Alá ao Profeta Maomé. Não é considerado um livro de inspiração terrena, mas as palavras exatas proferidas por Alá que, apesar de trazerem mensagens de paz e tolerância, estão ao lado de incitação à violência e perseguições.
Algumas transcrições do Alcorão (2016) nos ajudam a compreender melhor tal afirmação.
Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo aos incrédulos. (ALCORÃO, 2ª Surata, versículo 191).
Infundiremos terror nos corações dos incrédulos, por terem atribuído parceiros a Deus, sem que Ele lhes tivesse conferido autoridade alguma para isso. Sua morada será o fogo infernal. Quão funesta
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